Os testes da moeda digital brasileira, batizada de Drex, começaram oficialmente em julho de 2023. Participam do projeto-piloto bancos e instituições financeiras, cooperativas, desenvolvedores de serviços de criptoativos, operadores de infraestruturas de mercado financeiro e instituidores de arranjos de pagamento. Ao todo, são 16 consórcios. Entre as empresas, destaque para Visa, Santander, Banco do Brasil, Mastercard, Itaú Unibanco, entre outras.
A previsão do Banco Central (BC) é que o Drex entre em vigor entre o fim de 2024 e no início de 2025. Atualmente, o projeto-piloto está focando os testes na privacidade, com o objetivo de incentivar a troca de informação entre os participantes da plataforma e testar a programabilidade dos serviços oferecidos, bem como a sua interoperabilidade.]
Segundo Maurício Moura, diretor de relacionamento, cidadania e supervisão de conduta do BC, a nova representação do Real será feita em uma plataforma com tecnologia que consente para uma prestação de serviços financeiros transparente e eficaz. “Assim como o Pix popularizou o acesso a pagamentos, o Drex está sendo desenvolvido para se democratizar também. Com isso, teremos melhores ambientes de seguros, crédito e investimentos”.
Moeda digital reduzirá custo de operações
Maurício Moura garante que a moeda digital trará celeridade e “menores custos” para transações financeiras e contratuais.
Para o advogado e economista Renato Opice Blum, presidente da Associação Brasileira de Proteção de Dados (ABPDados), no que tange ao consumo, a diferença, quando o Drex entrar em cena, é que o Banco Central vai “amarrar” o pagamento a uma obrigação que estará formalizada em um contrato inteligente (smart contract). “Por exemplo: vamos imaginar um sujeito que comprou um carro. A venda será concluída em um determinado dia e hora, e em um local pré-estabelecido. Todo processo de pagamento do serviço estará disponível mediante um sistema de geolocalização, vinculado ao dispositivo Y, que usa a telecom XYZ. Esse comando liberará automaticamente uma autorização do Drex. Com isso, ambas as partes ficarão menos sujeitas a riscos”.
Segurança do real digital
Com mais segurança jurídica para comprador e vendedor, a tendência, segundo Renato, será o fortalecimento das relações de consumo. “Tudo estará atado em sistemas. Tem quem pense que perderemos direitos, na condição de consumidores, é ao contrário: contaremos com contratos inteligentes. Quando uma das partes deixar de cumprir seu compromisso, as devidas penalidades jurídicas serão aplicadas”, disse Renato durante o 35º Encontro Estadual de Defesa do Consumidor, que ocorreu em São Paulo no dia 24 de novembro.
Exemplificando também com a compra do veículo, Maurício Moura comenta que hoje, geralmente, há receio do vendedor de passar a propriedade do veículo sem receber o dinheiro antes. E, da parte do comprador, o medo é pagar antes de ter a propriedade. Com o Drex, situações como essa – de total insegurança – não existirão mais: “Graças a função de programabilidade da moeda digital, não interessa quem fará o primeiro movimento. A negociação só será consumada quando as duas coisas ocorrerem”.
E se uma das partes falhar? “O valor pago e o carro voltam para seus respectivos donos”, explica o diretor do Banco Central.
Significado de Drex
A combinação de letras da marca Drex se deu da seguinte forma: “d” e “r” em consonância ao Real Digital; o “e” vem de eletrônico e o “x” passa a ideia de modernidade e de conexão, e do uso de tecnologia de registro distribuído (Distributed Ledger Tecnology – DLT), que é a tecnologia adotada para o Drex, dando continuidade à família de soluções do BC iniciada com o Pix.
O conceito visual da moeda digital se encaixa no contexto da agenda de modernização tocada pelo Banco Central, a Agenda BC#, cujo propósito é a utilização de tipografia e elementos gráficos que remetem ao universo digital.