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Do papel moeda ao pix: qual o futuro do dinheiro vivo no Brasil?

Do papel moeda ao pix: qual o futuro do dinheiro vivo no Brasil?

Meios de pagamentos eletrônicos avançam, ao passo que cheque, moeda e dinheiro em espécie perdem a popularidade

As novas tecnologias e a digitalização dos serviços financeiros permitiram novas opções de meios de pagamentos que vão muito além do dinheiro. Do pix ao cartão e boleto, o smartphone se consagrou como uma carteira digital, sendo indispensável na facilidade das transações. No entanto, pagamentos com cartão de crédito cresceram 10,1%, com um volume transacionado de R$ 1,1 trilhão no 1º semestre, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). O cartão continua a ser o meio de pagamento mais utilizado pelos consumidores brasileiros neste ano.

Em paralelo, o Pix tem ganhado cada vez mais espaço. A mudança provocada por essa transformação no comportamento dos consumidores é confirmada pelos números de adesão ao meio instantâneo de pagamento: em 2021, as transações por esta via totalizaram 5,7 bilhões, enquanto, em 2022, o volume ultrapassou os 11,7 bilhões – aumento de 105% no período, segundo pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2023.

Já o uso de outros meios de pagamento que até então eram populares estão perdendo gradualmente espaço entre os hábitos de compra dos consumidores. É o caso do cheque, do dinheiro em papel e das moedas. A ascensão das carteiras digitais tem levado os consumidores a utilizarem bem menos essas opções de pagamento, e levanta o debate sobre o futuro do dinheiro físico. A exemplo de outros países, o Brasil caminha para um futuro sem a circulação do papel físico?

Em entrevista para a Consumidor Moderno, José Carlos de Souza Filho, professor especialista em Finanças da FIA Business School avalia que a inclusão financeira é um ponto importante a ser considerado para todos os cidadãos, principalmente para os menos favorecidos.

“O dinheiro em espécie ainda é muito bem-visto pelos brasileiros por conta das certezas de quem os possui. Por outro lado, ele perde valor no tempo por conta da inflação, além dos riscos com a segurança. O problema maior quando se pensa em eliminar a existência do papel moeda é a grande disparidade existente entre as regiões do país em temos da absorção de tecnologias de ponta para atender um contingente bastante grande de pessoas” pondera Souza Filho.

“Em países mais ricos, menores e com população pequena, este processo se torna praticamente automático. A China é uma exceção, pois está automatizando mesmo sendo um País com enorme densidade populacional”, explica.

Sobre recusar meios de pagamentos

Com a facilidade e o avanço dos pagamentos digitais, é importante ressaltar que pela legislação brasileira não é permitido ao fornecedor de produtos ou serviços deixar de aceitar dinheiro em espécie como forma de pagamento.

Além disso, está previsto no Código de Defesa do Consumidor, no artigo 39, no parágrafo IX que “é vedado recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais”.

No Brasil, circula um projeto de lei, de autoria do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), que pretende autorizar o comerciante a aceitar exclusivamente pagamentos por meio eletrônico. A medida é vista com preocupação por Souza Filho. Se o projeto for aprovado, representaria um grande problema para as pessoas que não têm acesso ou não utilizam meios eletrônicos de pagamento.

“Já está no Congresso há dois anos sem perspectivas de votação imediata. Caso aprovado, o que não é provável, seria um grande problema para as pessoas que não possuem meios eletrônicos de pagamento. Deve-se levar em conta também que as regiões mais afastadas dos grandes centros podem apresentar dificuldades de conexões que permitam que a totalidade do comércio local possa aderir ao pagamento totalmente eletrônico” explica o professor da FIA.

Como seria o cenário no Brasil sem dinheiro físico?

A baixa circulação de dinheiro vivo não é sinônimo de que o Brasil caminha para um cenário como de países mais avançados, em que já há o debate sobre a extinção do papel. Além da população menos favorecida que não possui conta em banco, também causa preocupação a exclusão de consumidores idosos e leigos digitais.

De acordo com José Carlos Souza Filho, para um cenário sem dinheiro em espécie, seria necessário um planejamento abrangente, que envolvesse várias esferas de poder, incluindo governo, bancos, indústria, comércio, serviços e a população em geral.

“Em várias regiões haveria a necessidade de preparar a população, o comércio, a indústria e os agentes financeiros para esta nova realidade. Isto para os 5.570 municípios do país, que possuem diferentes graus de desenvolvimento, tamanho, geração de renda e população. Portanto, haveria a necessidade de um amplo planejamento para uma futura implementação de um modelo transacional sem papel moeda”, alerta.

“Não existiria meio de se implementar algo desta magnitude sem um bom planejamento, sem uma boa integração e sem a aceitação de todas as partes envolvidas: governo, bancos, indústria, comércio, serviços e a população em geral”, adverte.

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Países que estão a um triz de extinguir o dinheiro vivo

O relatório da Delloite “Chasing cashless” prevê que até 2025, pelo menos um dos países nórdicos esteja “de fato” completamente sem dinheiro físico em circulação, com um uso muito limitado de notas e moedas apenas em segmentos que não têm outras opções de pagamento eletrônico disponíveis.

Dinamarca, Noruega, Suécia, Holanda e Tanzânia estão muito a frente dessa discussão. Na Suécia, por exemplo, os ônibus já não aceitam mais dinheiro em espécie. E muito desses países já declararam a extinção do dinheiro vivo. Não à toa, é muito comum encontrar relatos de turistas que enfrentaram dificuldades em diversos países desenvolvidos.

“Na minha última viagem resolvi ter uma experiência diferente nos países nórdicos, por onde passei por Noruega, Suécia e Dinamarca. E lá, fui conferir porquê os sites de “dicas de viagem” insistiam em falar para levar cartão de crédito, pois diversos locais não aceitavam mais cédulas de papel. Descobri que era verdade ao ver que a passagem do ônibus era mais barata ao pagar no cartão em vez de em dinheiro, fora que é menos “vergonhoso” pois todos logo te olham com um olhar surpreso ao ver alguém com dinheiro na mão”.

“Além disso, para pagar bastava aproximar o cartão ou o celular em uma “maquininha” e sem necessidade de senha ou algum tipo de identificação, similar as máquinas que já temos aqui onde usamos o ApplePay, SamsungPay e afins”, explica Mayra.

Souza Filho faz um balanço sobre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos e alerta para um processo consensual sobre o dinheiro vivo no Brasil: “Os países mais avançados caminham mais rapidamente. Os países mais pobres não seguem no mesmo ritmo. É importante que sejam tomadas medidas coerentes com a situação do país para que esta transição se dê em harmonia e contemplando a todos os brasileiros” finaliza.

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