Buscar recolocação profissional não é uma missão simples. Além da competitividade – o Brasil já soma mais de 14 milhões de desempregados, segundo dados da Pnad Contínua – é preciso atenção na hora de elaborar um currículo para que ele resuma bem todas as competências dos candidatos e ainda encontrar vagas que correspondam às expectativas de trabalho e salário.
Para quem tem mais de 50 anos, essa pode ser uma tarefa ainda mais enfadonha. É que, além de cumprir com todos os protocolos comuns para quem busca por emprego, é preciso ainda se livrar da pecha de que são profissionais velhos, desatualizados, resistentes às mudanças e inflexíveis.
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Para se ter uma ideia da dificuldade, em 2020, apenas 51% dos profissionais com idade entre 55 e 59 anos – os baby boomers – estavam empregados. Para driblar este problema, apostar em estratégias que valorizem a experiência e a maturidade é fundamental.
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Recolocação profissional na maturidade passa pela
superação de crenças limitantes
Velho demais, resistente demais, inflexível demais, ultrapassado demais. Essas são algumas das crenças limitantes que dificultam a reinserção de profissionais com mais de 50 anos no mercado de trabalho.
E atenção! Não são apenas empregadores que têm essa visão estereotipada: os candidatos também tendem a se autossabotar ao “deixar-se embalar por esses rótulos”.
“É fato que muitos empregadores ainda têm a visão errônea de que este tipo de profissional está desatualizado no que diz respeito às novas tecnologias e processos, têm maior dificuldade de adaptação e, consequentemente, resistência às mudanças, além de acreditarem que não possuem habilidades exigidas atualmente pelo mercado. Porém, é preciso que o candidato tente vencer os estereótipos, mostrando suas habilidades e bagagem de conhecimento e experiência, elementos que são essenciais em empresas bem-sucedidas”, avalia o psicólogo Hugo Capobianco, gerente de unidade de negócio e especialista em carreira na Consultoria LHH.
Além disso, o psicólogo se apoia na longevidade do brasileiro, que segundo o IBGE é de 76,6 anos, para argumentar em favor da produtividade e atividade dos profissionais com mais de 50 anos.
“Às vezes, o próprio profissional se acha “velho” e pensa que não terá oportunidade porque acredita que o mercado só tem espaço para os mais jovens. Recomendo fortemente que não “coloque nas costas” esse fardo”, orienta o especialista em carreira na Consultoria LHH.
Listar todas as realizações conquistadas durante os anos de atuação profissional e relembrar grandes marcos da carreira pode ajudar no entendimento de que a experiência pode, sim, ser valorizada pelas empresas – e que este, inclusive, pode ser um grande diferencial em relação aos concorrentes.
“Um dos maiores erros é não se valorizar! Deixe as crenças limitantes de lado e mostre suas competências-chave, seus resultados nas empresas em que atuou e seu valor agregado. Deixe claro porque deveriam lhe contratar. Tenha um storytelling interessante, que permita articular a sua “venda” para o mercado”, ensina.
Além disso, Hugo Capobianco explica que a concorrência com profissionais mais jovens não deveria causar intimidação, uma vez que o mercado tem espaço para diferentes perfis. “Hoje se discute o conflito de gerações justamente porque tanto os mais jovens quanto os profissionais mais maduros apresentam ótimos perfis. A combinação desses dois “mundos” permite uma excelente oportunidade de atuação dentro de uma empresa. Vamos somar e não excluir!”, pontua o psicólogo.
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6 dicas para recolocação profissional na maturidade
1 – Invista em autoconhecimento
Ter objetivos claros e entender o que falta para conquistá-los é o primeiro passo para a recolocação profissional na maturidade. Por isso, analise onde está, qual sua situação atual e onde quer chegar.
Além disso, tenha clareza sobre quais são suas habilidades e os pontos que precisam ser aprimorados. Neste ponto, vale considerar ainda as necessidades financeiras e pessoais. As reflexões derivadas deste exercício de autoconhecimento são fundamentais para definir qual será seu plano de ação de busca de trabalho.
“Ao refletir sobre suas habilidades, é preciso pensar de maneira ampla, considerando seus hobbies e habilidades que não necessariamente foram as que te trouxeram até aqui. Isso é fundamental para se ter um portfólio de habilidades para ofertar ao mercado”, ensina Hugo Capobianco.
2 – Mantenha-se atualizado
Entender as transformações da área em que você deseja trabalhar, estar atento às movimentações do mercado, às novas tecnologias e inovações é essencial para não ficar para trás e, consequentemente, para o aperfeiçoamento de suas habilidades. Por isso, invista em cursos e estudos e consuma informação relacionada.
3 – Seja flexível
Os modelos de relação entre empresa e profissional sofreram grandes alterações nos últimos anos. Estar aberto a atuar por meio de diferentes vínculos de trabalho, como autônomo, CLT, associado ou Microempreendedor Individual (MEI) é uma posição importante.
“Isso aumenta o leque de oportunidades do candidato e demonstra que ele não é resistente às novas tendências de mercado”, avalia o psicólogo.
4 – Invista no networking
Manter sua rede de relacionamentos aquecida é superimportante para quem busca uma recolocação profissional – independentemente da idade. Por isso, invista em trocas de mensagens, ajude quem busca por informação e até mesmo realize indicação de vagas para outros profissionais. “A rede de contatos é um ambiente de trocas, não pode servir apenas para ‘pedir uma colocação’”, explica o especialista em carreira na Consultoria LHH.
5 – Tenha um currículo claro e assertivo
O currículo é o cartão de visitas do profissional, por isso, ele deve ser um resumo claro e assertivo de suas habilidades e conhecimentos. “Destaque suas habilidades e projetos que esteve à frente e pontue como isso fez diferença para as empresas onde você atuou”, reforça Hugo Capobianco.
Além disso, não se esqueça de colocar em seu currículo e em seu perfil em redes sociais profissionais, como o LinkedIn, por exemplo, suas experiências dos últimos anos e as datas de seus últimos trabalhos.
6 – Conte com um serviço de recolocação
Se você está se sentindo perdido, sem saber de que forma retomar suas atividades profissionais, buscar o apoio e orientação de um profissional especializado em recolocação e transição de carreira pode ajudar muito.
“Com ajuda dele você conseguirá traçar um plano estratégico para conseguir aquela oportunidade que tem sinergia com o seu perfil e de forma mais otimizada. Sem falar que a ajuda de um consultor para lhe preparar para entrevistas de emprego e posicionamento correto nas redes sociais, entre outras coisas, fará com que você saia na frente dos outros candidatos”, destaca o psicólogo.
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