Manter a equipe motivada é sempre um grande desafio para líderes e gestores. Com a pandemia, essa tarefa se tornou ainda mais complexa. Além das mudanças na rotina do trabalho, a falta de convívio com colegas, a sobrecarga de atividades pessoais e profissionais e incertezas acerca do futuro contribuem para o esgotamento emocional e para a desmotivação, impactando diretamente na produtividade do trabalhador.
O papel da liderança, neste cenário, é fundamental e deve ser pautado acima de qualquer coisa pela empatia. Apesar do cenário desafiador, é importante saber que é possível manter o otimismo da equipe e conciliar a satisfação dos funcionários com o sucesso da empresa.
Os desafios de gestão trazidos pela pandemia
No início de 2020, quando noticiários e autoridades alertaram o mundo sobre a circulação de um novo vírus capaz de se espalhar rapidamente, contaminar pessoas e fazer vítimas, recomendando o isolamento social, muitas empresas adotaram o modelo de trabalho remoto. Porém, é fato que nem os gestores nem os trabalhadores esperavam que este cenário fosse se prolongar por tantos meses.
Pouco tempo depois, com o agravamento da situação, medidas mais restritivas foram adotadas, empresas perderam boa parte de seu faturamento e, muitas, foram obrigadas a demitir trabalhadores, aumentando a sensação de insegurança na vida pessoal e profissional.
Quem manteve o emprego se viu diante de uma nova realidade, com mudanças na rotina, no ambiente de trabalho e desempenhando novos papéis.
Mais de um ano após o início da pandemia, o esgotamento emocional e a frustração diante da pouca melhora do cenário são obstáculos difíceis de contornar, que impactam diretamente a produtividade do trabalhador e exigem do papel da liderança esforços redobrados para engajar e conduzir equipes, sem deixar a peteca cair.
“A incerteza sobre quando e como a pandemia irá acabar e sobre quando será possível retomar a rotina é um dos fatores que causam o sentimento de frustração nos trabalhadores. Mas não é só isso: o acúmulo de tarefas pessoais e profissionais no home office, falta de rotinas bem estabelecidas e organizadas, falta do convívio com colegas e clientes e até mesmo questões que envolvem riscos de desemprego, esgotamento emocional, são fatores que interferem diretamente na motivação”, aponta Márcia Costa, especialista em gestão de cultura organizacional e pessoas e advisor da Levee.
Natasha de Caiado Castro, especialista em inteligência de mercado e CEO da Wish International, acrescenta ainda que o impacto da decepção com momento atual sobre os trabalhadores ocorre, inclusive, de maneira física. “A frustração leva a uma descarga de adrenalina grande: o que provoca um aumento do nível de sangue para os membros mais periféricos (pernas e braços) e, consequentemente, diminui a quantidade para o cérebro, afetando o principal órgão de raciocínio. Tal processo, por um longo período de tempo, faz com que as pessoas fiquem exaustas, confusas e até mudem a personalidade”, explica.
Segundo a especialista em inteligência de mercado, problemas emocionais, como maior irritabilidade, falta de foco, depressão e ansiedade também são consequências dessa descarga permanente de adrenalina.
A importância do papel da liderança para manter a equipe motivada
Buscar alternativas capazes de integrar uma equipe composta por pessoas com problemas individuais, abaladas psicologicamente e trabalhando em condições não ideais de forma a manter a produtividade é, de fato, uma equação difícil de se balancear.
“A liderança foi desafiada a tomar decisões que não estava acostumada a tomar. Do dia para a noite, as empresas perderam a condição de gerar lucros, faturamento e resultados. E os resultados engajam pessoas, estar em uma empresa onde você possa gerar resultados é muito importante”, pondera Márcia Costa.
Porém, do mesmo modo que a pandemia pegou funcionários desprevenidos, bagunçando sua rotina e os processos de trabalho, impactou também na atuação de líderes e gestores, que descobriram não ter o treinamento necessário para lidar com a crise e administrar equipes a distância.
“A grande maioria dos líderes não tem treinamento para liderar a distância e comandar uma equipe na qual cada um está pensando no seu objetivo de sobrevivência, cada um tem uma dor diferente. O primeiro passo é fazer o diagnóstico da equipe e treinar as lideranças para adquirem empatia, descobrirem os gatilhos e resolvê-los de forma a engajar o time novamente”, considera Natasha de Caiado Castro.
Empatia, aliás, é a palavra-chave, citada por ambas as especialistas, para manter o engajamento, o otimismo e a produtividade. Entender a dor, os medos e receios dos funcionários e se colocar à disposição para ajudar já é um grande passo para as organizações que desejam manter a equipe motivada não só no momento de pandemia, como também durante toda sua jornada.
“A empatia melhora as relações, cria conexão, transforma pessoas e traz resultados para um mundo mais humano e empresas que, verdadeiramente, impactam positivamente a sociedade nos princípios do ESG (meio-ambiente, social e de governança corporativa)”, destaca a especialista em gestão de cultura organizacional e pessoas.
10 estratégias para manter a equipe motivada
Márcia Costa e Natasha de Caiado Castro elaboraram 10 dicas para manter a equipe motivada, apesar das circunstâncias pandêmicas; confira!
1. Estabeleça metas e prazos tangíveis
Engajar a equipe em torno de um objetivo em comum traz resultados positivos na motivação do time, porém, isso só funciona quando as metas e prazos são possíveis de serem alcançados.
“Uma equipe se torna coesa quando entende quais são os objetivos que se quer atingir, até onde se pretende chegar e, mais, qual caminho deve ser percorrido para que isso aconteça”, destaca Márcia Costa.
2. Realize reuniões periódicas com a equipe
Depois de estabelecer prazos e metas tangíveis, é importante realizar reuniões periódicas com a equipe para acompanhamento e orientação dos projetos. Desta forma, o trabalhador não se sente abandonado em sua missão.
3. Mantenha as câmeras abertas durante as reuniões
Trabalhar isoladamente, de maneira remota e sem contato presencial com colegas de trabalho pode interferir diretamente na motivação da equipe. Por isso, garantir que as câmeras das reuniões virtuais estejam abertas para que as pessoas possam se enxergar é uma estratégia importante.
“O contato visual é muito importante entre a equipe e também faz com que os líderes consigam entender as reações das pessoas, conforme a conversa. Toda essa troca de comunicação – verbal e não-verbal – aumenta o nível de engajamento”, explica a CEO da Wish International.
4. Seja constante nos feedbacks
Realizar avaliações individuais ou em grupo sobre as ações ou resultados conquistados é outra estratégia importante que contribui para a motivação da equipe.
“É importante que o líder tenha em mente que nem sempre a remuneração é o fator preponderante na motivação das pessoas, mas o reconhecimento por aquilo que elas fazem. O diálogo franco com a equipe e feedbacks constantes sobre desempenho são extremamente importantes para estimular o trabalho”, aconselha a advisor da Levee.
5. Confie no seu time
Ter confiança no trabalho dos profissionais que compõem sua equipe é fundamental para o sucesso das organizações. “Dê autonomia à sua equipe, estabelecendo confiança e criando times dinâmicos”, orienta Márcia Costa.
6. “Engage for Good”
Outra estratégia interessante para manter a equipe motivada é promover o engajamento para algo bom, propondo uma ação em grupo capaz de envolver benfeitorias para a sociedade.
“A missão escolhida deve impactar o coração da equipe, que inclui pessoas que podem estar com medo e inseguras devido à pandemia. Isso faz com que o time fique engajado e, assim, encontre um objetivo em comum, já que estará ajudando a sociedade a atravessar este período difícil”, propõe Natasha de Caiado Castro.
7. Promova a socialização
Atividades que promovam a socialização entre os colegas e toda a equipe e que possam ir além da reunião virtual também são recomendadas para manter a equipe motivada.
“Empresas podem encaminhar alimentos e bebidas para a casa de cada colaborador e criar um churrasco ou outra celebração. Isso, é claro, depende do perfil de cada organização, mas é uma forma de toda a empresa se reunir para conversar via videochamada, realizando a integração”, sugere a especialista em inteligência de mercado.
8. Use a tecnologia a favor da integração
O uso de tecnologias para integrar e motivar equipes pode ir bem além das reuniões virtuais. A criação de um jogo virtual interativo é uma das alternativas propostas por Natasha de Caiado Castro. “No game, os colaboradores tornam-se avatares dentro de um ambiente virtual. É divertido e gera maior humanização dentro da empresa. O jogo promove também a personificação de cada pessoa, o que traz mais empatia, reconhecimento do outro e sensação de pertencimento, características essenciais neste tempo de isolamento social”, justifica.
9. Seja transparente
Ser transparente em relação à situação da organização, seus objetivos e dificuldades é outra estratégia importante para dar segurança e diminuir a ansiedade da equipe.
“Se não houver transparência na retórica dos líderes ou da corporação, terá desconfiança. E em um mundo em lockdown e pandemia, ninguém precisa de mais incertezas”, reforça Natasha de Caiado Castro.
10. Lidere pelo exemplo
O velho ditado ‘façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço’ é uma ameaça real à gestão de líderes, especialmente durante a pandemia.
“Meu conselho é: lidere pelo exemplo. Seja humano e honesto o suficiente com seus erros e acertos para que sua equipe aprenda com suas experiências”, orienta Márcia Costa.
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