Há alguns anos, as empresas têm investido no desenvolvimento de competências emocionais em seus líderes e colaboradores, em busca de estabelecer um ambiente de trabalho cada vez mais produtivo e saudável. Em especial durante a pandemia, o desenvolvimento dessas “soft skills” se tornou uma necessidade, sobretudo para que o trabalho consiga fluir mesmo com o home office, dentro de uma comunicação diferente.
Ainda que a pandemia tenha alavancado a importância de incrementar as relações de trabalho, essa prática já era mais presente nos últimos anos, em especial após as crescentes discussões e novas técnicas para a formação de líderes. Esse contexto, acelerado no período de quarentena, fez com que a utilização das soft skills fosse mais do que necessária: uma questão de sobrevivência entre as equipes, para que o momento não tivesse tanto impacto na produtividade dos colaboradores.
Heloísa Capelas, especialista em autoconhecimento, inteligência emocional e inovação pessoal aponta que, no contexto da pandemia, as soft skills têm sido essenciais para que a comunicação seja estabelecida da melhor forma. “Muito mais do que especialistas em tecnologia, ou em qualquer área, o que o mercado precisa é de pessoas criativas, com pensamentos novos e uma disposição para trabalhar melhor em equipe, para que ela traga mais soluções. Pessoas que tenham facilidade na colaboração e que possam manter uma comunicação efetiva.”
A importância das competências emocionais no ambiente de trabalho
Para além de desenvolver as soft skills para relacionamentos com clientes e consumidores, essa consciência emocional também é importante para as relações dentro do ambiente de trabalho. Trabalhos em equipe, por exemplo, podem ser influenciados pelas competências emocionais para atingir melhores resultados e uma comunicação mais clara e objetiva.
A partir disso, há uma responsabilidade necessária por parte da liderança: “Se os líderes precisam desse tipo de capacidade ou competência em seus colaboradores, é fundamental que eles comecem a inspirá-los para que desenvolvam essas competência e habilidades que fazem parte da inteligência emocional de todo ser humano”, explica Capelas.
As soft skills, entretanto, também são necessárias aos líderes para que esse processo possa seguir da melhor maneira. Na verdade, como cabe à liderança uma orientação prática e efetiva, o desenvolvimento dessas competências é ainda mais importante. “A liderança precisa reconhecer em si própria toda a capacidade e competência como: pensamento crítico, disposição para inovação e a criatividade. Não é possível cobrar de um colaborador, ou liderado se o próprio líder não a tem”, esclarece Capelas.
Para que isso ocorra, os líderes precisam trabalhar as soft skills, desenvolver habilidades emocionais e pessoais, estabelecer relações mais sinceras e ter uma mente aberta à novas possibilidades. E esse processo, explica Heloísa, acontece através de um profundo autoconhecimento — crucial para a formação de um bom líder.
“O líder precisa desenvolver a sua sociabilidade, isto é, manter as suas relações positivas. E para isso acontecer, precisa primeiro se relacionar positivamente com ele mesmo, conhecer os seus pré-julgamentos, preconceitos, autocríticas, além da necessidade de olhar para si mesmo e ver com que ferocidade ele se exige, porque o que fazemos conosco, fazemos com os outros.”
Uma relação mais sincera entre líderes e colaboradores
Entre as dificuldades que o mundo corporativo encontra está a falta de sinceridade, franqueza dentro das relações que envolvem colaboradores e líderes. Seja pelo receio de cometer erros ou pela falta de confiança em ambas as partes, a relação entre essas pessoas pode ser muito conturbada caso as competências emocionais não estejam alinhadas e sejam desenvolvidas.
Um dos problemas mais frequentes, por exemplo, é ter líderes que não estão abertos a mudanças ou que não compreendem a individualidade de cada colaborador. “É preciso que o líder compreenda que estamos inseridos em vários contextos, que não existe apenas um sistema, um setor, todos nós fazemos parte de um todo globalizado e precisamos compreender produtividade com foco, com pensamentos de realidade, com começo, meio e fim”, salienta Capelas.
Tendo a individualidade em mente, com a percepção que cada colaborador tem uma forma de trabalhar e que suas diferenças contribuem com o todo, também cabe aos líderes reconhecer as competências que precisam ser trabalhadas. Dessa forma, é possível não apenas estabelecer uma relação de confiança e auxílio, mas também de desenvolvimento e aprendizagem entre ambas as partes.
“O líder pode conhecer sem provocar medo, ou ansiedade no seu liderado e reconhecer as suas habilidades e competências, como as partes a serem desenvolvidas”, explica Capelas. “Pode ser que um colaborador tenha uma facilidade incrível de se adaptar, ou uma autonomia importante para resolver as coisas por si mesmo, mas tem pouco conhecimento, então ele pode ser estimulado a aprender mais. Ninguém é bom em todas as áreas, nem tem todas as soft skills altamente desenvolvidas, mas existem algumas muito importantes que, se forem reconhecidas, poderão ser a grande motivação para desenvolver outras.”
A comunicação em um momento remoto
Com a pandemia, outra dificuldade enfrentada pelas empresas foi estabelecer uma comunicação saudável, objetiva. A tarefa já era árdua no ambiente presencial, mas em um contexto de isolamento social, estabelecer esse contato entre os colaboradores foi ainda mais desafiador.
Nesse sentido, Capelas frisa a necessidade de estar atento à melhoria das informações passadas, bem como a forma como são ditas: “É claro, que a concentração, a organização, a força de vontade, a flexibilidade e a iniciativa são fatores importantes, mas se comunicar com respeito, dignidade, positividade é tudo o que precisamos para se estabelecer um relacionamento positivo entre as pessoas.”
Para esse novo momento, ela também salienta a importância de estar aberto ao novo: “A inovação, a possibilidade de criar coisas que podem ser aproveitadas, a criatividade e o trabalho em equipe, são muito importantes neste novo momento”. Afinal, a pandemia chegou sem pedir licença e as empresas que não souberam se adaptar acabaram ficando para trás.
Por fim, a especialista ressalta a importância de viver a individualidade sem medos dentro da empresa, fator que contribui para uma equipe mais conectada entre si, sincera e saudável. “Quando podemos ser quem somos, nos tornamos reconhecidos e valorizados, essa é a equipe dos sonhos de todo líder e de todo liderado.”
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