O autoconhecimento é uma daquelas habilidades que vem sendo buscadas cada vez mais pelas pessoas. Afinal, a ideia promete trazer muito mais tranquilidade emocional e equilíbrio – essenciais para o momento atual de pandemia – e para o futuro.
Entretanto, desenvolver o autoconhecimento nem sempre é fácil, porém a busca por técnicas e maneiras de entender sentimentos e tirar o melhor deles passou a ser essencial até no ambiente de trabalho.
Como o nome sugere, a habilidade refere-se ao entendimento de si próprio, de comportamentos, hábitos, sentimentos e padrões que cada pessoa tem. Muitas vezes, por fazerem parte da personalidade, muitas ações ou sensações são vistas como automáticas, impossíveis de controlar. Com autoconhecimento, entretanto, é possível entender de “onde” surge uma reação ou um comportamento específico.
Heloísa Capelas, psicóloga e CEO do Centro Hoffman e do Processo Hoffman, utilizado como método de autoconhecimento e aplicado em mais de 15 países, explica que o autoconhecimento é olhar para si mesmo com profundidade, mas sem uma autocrítica exagerada. “É observar-se e reconhecer-se, com honestidade, aceitando-se imperfeito, mas sem juízo de valor. É olhar-se no espelho e dizer ‘isso sou eu’ e pronto, sem ‘isso é feio’ ou ‘isso é bonito’, ‘isso é bom’ ou ‘isso é ruim’”, explica.
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Ou seja, o autoconhecimento é essa observação dos próprios comportamentos e o entendimento do que a pessoa é, de fato, de como ela age em determinadas situações, reconhecendo qualidades e defeitos.
Segundo Heloísa Capelas, a habilidade é o caminho para a autoconsciência, quando, conhecendo padrões de sentimentos e comportamentos, a pessoa consegue “controlá-los”, sem deixar que eles sejam automáticos, principalmente os nocivos, que podem prejudicar a relação com outras pessoas.
“A partir do momento em que se tem consciência dos sentimentos e pensamentos, você ganha uma chance de perceber quais comportamentos lhe ocorrem automaticamente sempre que você pensa isso ou se sente assim. Assim, é possível transformar a sua resposta compulsiva, afinal, agora tem consciência de que está agindo por impulso, não por escolha”, ensina a executiva.
Autoconhecimento ou inteligência emocional?
Muitas vezes tratados como sinônimos, Heloísa Capelas explica que autoconhecimento e inteligência emocional são conceitos diferentes, mas estão relacionados e podem ser vistos como consequência um do outro.
Segundo ela, com autoconhecimento, você ganha a chance de olhar para as suas emoções, o que é essencial para que possa desenvolver maneiras mais inteligentes de se comportar em relação ao que está sentindo. Portanto, a partir do autoconhecimento, é possível desenvolver também uma maior inteligência emocional.
Para Capelas, as duas habilidades andam juntas, pois a inteligência emocional só é possível com o autoconhecimento. Saber lidar com os próprios sentimentos, além de conhecê-los, é outra habilidade valorizada tanto nas relações pessoais quanto profissionais, buscada como soft skills no mercado de trabalho.
Além disso, Heloísa Capelas relembra que o momento de pandemia exige que essas habilidades sejam desenvolvidas, pois é um momento de incertezas. “Nesse caso, o autoconhecimento e inteligência emocional conduzem ao reconhecimento e melhor gerenciamento das emoções, o que é crucial em busca da manutenção da saúde mental”, opina.
Benefícios do autoconhecimento
A busca pela saúde mental e mais equilíbrio emocional é uma busca cada vez maior entre as pessoas. Isso porque ter uma boa saúde mental pode influenciar diferentes áreas da vida, mas principalmente as relações sociais.
Com o autoconhecimento, fica muito mais fácil entender os próprios sentimentos e ter mais empatia com os do próximo, afirma Heloísa Capelas. Isso é benéfico em qualquer ambiente, desde o familiar até entre amigos e no trabalho.
“O ambiente profissional está valorizando cada vez mais o autoconhecimento, pois é através dele que líderes, gestores e colaboradores podem obter mais êxito diante dos desafios profissionais. Quando um líder se conhece de verdade, consegue gerenciar as suas emoções e, consequentemente, os seus comportamentos e aprender a lidar com os seus colaboradores”, explica a CEO do Centro Hoffman.
Dessa maneira, o autoconhecimento pode trazer diferentes benefícios, como:
- Maior controle dos sentimentos;
- Reações condizentes com a situação;
- Mais empatia com o próximo;
- Melhor relação social com as pessoas;
- Ambiente de trabalho mais saudável;
- Relação familiar fortalecida;
- Uma boa saúde mental, etc.
Ou seja, a habilidade merece atenção de todos e, segundo Heloísa, é um desenvolvimento contínuo, pois as situações mudam e os sentimentos também.
3 passos para desenvolver autoconhecimento
Desenvolver o autoconhecimento, segundo Heloísa Capelas, é algo que exige treino e prática. Precisa ser desenvolvido aos poucos, com o tempo, além de ser contínuo e de acordo com o momento que está sendo vivido.
Para começar esse caminho em busca do autoconhecimento, a profissional indica 3 passos importantes, que devem se tornar recorrentes na rotina.
1. Questione-se sempre
“Sobre o que lhe faz bem, do que gosta, quais são os seus principais desejos, o que precisa ser melhorado, por exemplo”, explica a psicóloga. Segundo ela, esse é um exercício de prática diária. É preciso questionar os sentimentos quando eles aparecem, assim como os próprios comportamentos.
Ao fazer isso, a pessoa passa a entender qual a origem daquele sentimento, comportamento ou gosto.
2. Aceite suas emoções
É comum que as pessoas tentem afastar sentimentos para não lidar com eles, principalmente os ruins. Entretanto, a profissional afirma que o ideal é aceitar aquele pensamento e sensação, perguntando-se o porquê de estar sentindo aquilo. Nem sempre a resposta será óbvia, mas o exercício traz uma dimensão sobre o que está acontecendo de fato.
3. Perdoe-se
“Você não é perfeito e não será. Se errou, pense em como você pode aprender com esse erro. E depois, siga em frente”, afirma Heloísa. Para ela, isso também exige treino e persistência, pois é comum pensarmos mais nos erros do que nas qualidades (é a autocrítica exagerada). Porém, com o tempo, é possível aprender sobre essas sensações e lidar melhor com elas.
Hábitos e comportamentos que podem ajudar
Além dos passos para começar a “treinar” e desenvolver o autoconhecimento, Heloísa Capelas também afirma que todas as ações do dia a dia fazem parte dessa habilidade. Dessa forma, hábitos e comportamentos que podem parecer inofensivos, podem atrapalhar essa jornada.
Assim, a especialista indica o que pode ser aplicado ou mudar, visando sempre abrir espaço para que o indivíduo passe a prestar mais atenção em seus sentimentos e a valorizá-los.
- Respirar com atenção: esse é um dos melhores exercícios de autoconhecimento, afirma Heloísa. Por um instante, volte sua atenção para a forma como o ar entra e sai do seu corpo.
- Aprender a dizer não: não deixe que as prioridades alheias entrem na frente das suas próprias. Dizer não também exige treino.
- Explore novas experiências: tente coisas novas, não se limite ao que sabe até o momento. É possível encontrar diferentes habilidades ao explorar.
- Reserve um tempo para si mesmo: todos os dias, deixe um momento para ficar sozinho e pensar, desenvolver um hobby ou descansar.
- Não tenha medo de pedir ajuda: quando se trata de saúde mental, nem sempre é possível resolver tudo sozinho. Quando sentir necessidade, busque ajuda profissional.
Colocar tudo isso em prática pode parecer difícil, mas Heloísa Capelas afirma que é preciso dedicação. “Autoconhecimento e inteligência emocional podem ser treinados por qualquer pessoa. Mas, claro, como tudo na vida, é preciso compromisso: prática, persistência e paciência são necessárias para que se possa, aos poucos, aprofundar tanto o olhar apurado para si mesmo, como a capacidade de identificar e gerenciar as próprias emoções”, finaliza a psicóloga.
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