Há cinco anos, eu tinha uma loja de e-commerce e investi muito dos meus recursos pessoais nisso. Todos os dias eram horas de trabalho árduo e estressante, uma luta pela sobrevivência. Eu trabalhava 14 horas por dia, guiado pelo medo de perder tudo. E tinha um quarto cheio de inventário, servindo como um constante lembrete de que enquanto os itens estivessem lá parados, eu estava perdendo dinheiro. Os clientes não hesitariam em destruir a nossa reputação nas mídias sociais se seus pacotes chegassem atrasados.
Meu parceiro desistiu e eu tive que desligar os dois funcionários que dispunha. Para piorar as coisas, não consegui convencer qualquer investidor a nos apoiar. Essa é a vida como CEO de uma pequena empresa. A solidão é algo de que nunca me esquecerei para o resto da minha vida.
Atualmente, sou o CEO de um startup diferente, a qual sou cofundador. Nós temos mais de 80 funcionários e também contamos com investidores. Os problemas e os desafios que encaro agora são diferentes: Estou lutando diariamente para controlar nossos gastos, melhorar nossas margens, a qualidade do serviço, a experiência do cliente e, claro, continuar crescendo. Mas não se engane, os sentimentos de medo e de solidão são os mesmos.
Esses problemas emocionais são reais, sérios e merecem uma discussão responsável. Mas este artigo trata sobre empatia e admiração. Este texto é para os clientes, muitos dos quais são fundadores dos seus próprios e-commerces. Alguns acabaram de lançar suas lojas virtuais, vendendo dois ou três produtos por dia. Outros enviam centenas de produtos diariamente. Eu não conheço todos, mas sei que eles compreendem o medo e a solidão de que estou falando.
Eu admiro os empresários que assumem riscos, aqueles que se esforçam até o fim para fazer a diferença em nosso universo. Admiro os CEOs que criam empregos, mas ao mesmo tempo têm que lutar contra processos trabalhistas e outras demandas. Admiro os fundadores que fazem de tudo para criar a melhor experiência possível para o cliente, mas lidam com as reclamações destes.
Nós todos devemos ter mais empatia um pelo outro. Somos todos humanos e atravessamos a solidão. Se você está passando por essas lutas agora, entenda que nós ‘outros’ também estamos. Como líderes, isso é parte da vida. Mas, mais do que tudo, saiba que o que você faz é admirável.
*Marcelo Fujimoto é CEO e cofundador da Mandaê, empresa especializada em logística para e-commerces.
Os desafios e as dores da vida do CEO que ninguém conta
Marcelo Fujimoto, CEO e cofundador da Mandaê, conta das dificuldades e solidão do empreendedor desde o início até a consolidação do negócio
- Redação
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