Como já relatamos nas colunas da Revista Consumidor Moderno, a pandemia do coronavírus fez com que países inteiros tivessem sua mobilidade restringida com o consequente impacto em todos os modais de transporte.
No Brasil, a utilização de serviços de mobilidade sob demanda foi fortemente impactada no último ano e a resposta de um milhão de dólares neste momento para a indústria automobilística é, se os consumidores retomarão a utilização de serviços como Uber e 99 Táxi, por exemplo, na mesma velocidade do passado.
Entendemos que isso é improvável e, ao considerar o futuro da indústria automobilística, uma coisa é clara: a pandemia da Covid-19 mudará as preferências do consumidor para sempre.
Previsões dos últimos anos apontavam para uma crescente participação dos serviços de mobilidade sob demanda na mobilidade do dia a dia e, portanto, considerável mudança do mix de vendas de pessoas físicas para empresas.
Receios com a transmissão da Covid-19 pelo contato, com a higienização ampla de tudo e o advento do home office causaram tanto a reticência pela utilização de transportes públicos quanto uma acelerada mudança na retomada na aquisição de veículos pelo consumidor pessoa física, inclusive a geração dos “alugadores por conceito”, os centennials.
Este movimento abriu a oportunidade, já mencionada também em artigo anterior, de as montadoras abocanharem parcela dos consumidores que optaram pelo aluguel prolongado de veículos que eram anteriormente feitos pelas locadoras, ou seja, um novo e rentável canal de venda pode ser lançado pelos fabricantes sem conflitos com os distribuidores. Se a tendência de que menos pessoas irão comprar um carro no futuro se restabelecer o mercado tem um novo formato já estabelecido.
Para aqueles que continuam a trabalhar, o teletrabalho tornou-se o novo modus operandi e provavelmente continuará prevalecendo assim que a crise do coronavírus passar.
Este fato traz uma nova mudança na configuração das vendas, ou seja, os gastos anteriormente destinados a viagens ao exterior, por exemplo, migraram para a aquisição de veículos “multiuso”, o que acelerou a venda de SUVs, cuja participação de mercado vai crescer de 15% de 2016 para praticamente metade das vendas já em 2025.
A consequência imediata para as montadoras é uma completa reformatação de portfólio para atender o perfil de preferência dos consumidores em design, conteúdo tecnológico e, agora mais do que nunca, em eficiência dos veículos e requisitos de sustentabilidade.
Para garantir o futuro o sucesso de suas estratégias, as montadoras têm, a partir de agora, que avaliar um volume de dados infinitamente maior sobre o mercado e as preferências pontuais dos consumidores e fazer do design não só dos veículos, como também dos serviços, uma prioridade. Essas mudanças não são temporárias e vieram para ficar.
* Paulo Cardamone é CEO da Bright Consulting
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