São mais de 80 milhões de clientes em menos de 10 anos, mais de 75 milhões aqui no Brasil; ações negociadas na Bolsa de Nova York; o cartão de crédito mais amado pelos brasileiros; e os primeiros passos de uma rota de expansão internacional. Os resultados financeiros ainda são tímidos e lançam dúvidas sobre a sustentabilidade do negócio. Mas David Velez não se intimida: ele enxerga o banco que fundou, o Nubank, com evidente carinho e muita crença de que os princípios e valores que nortearam a criação do negócio são os pilares de um negócio robusto e que resistirá às intempéries e mudanças deste mundo volátil.
Um dos CEOs do Nubank (junto de Cristina Junqueira, sua parceira desde o início) David Velez esteve no Web Summit Rio – primeira edição em terras brasileiras deste que é um dos maiores eventos de tecnologia do mundo -, para contar sobre sua incrível jornada à frente de um negócio que transformasse a relação dos clientes com bancos. “O Nubank nasceu literalmente da falta de acesso aos bancos tradicionais, a começar pelas portas giratórias que inibiam e controlavam o acesso dos clientes às agências”, declarou o executivo. Foram mais de duas horas para abrir uma conta em um dos bancões tradicionais, destacou.
Nubank: Acessível por meio do cartão de crédito
Ao criar o Nubank, Velez empenhou-se em criar também uma cultura obsessiva orientada a reparar e reduzir os pontos de dor existentes nas relações entre clientes e bancos. O Nubank é inteiramente digital e foi pioneiro em abrir contas sem necessidade de documentos físicos. A ideia era construir uma operação financeira completamente acessível e inclusiva a partir do produto mais sensível possível: o cartão de crédito.
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Esse espírito inquieto o motivou a questionar por que os bancos brasileiros eram assim? Por que não abrir um banco digital? Os amigos o desestimularam, disseram que seria impossível enfrentar os grandes bancos e ainda mais tentar criar uma banco digital. Ele teimou e. o resto é história. Ele entende que os clientes querem rapidez, querem alternativas e querem testar novas formas de utilizar servições finanaceiros. Não por acaso, o Nubank é obcecado pelos seus clientes e por criar e testar novos serviços que podem ganhar escala e ser aperfeiçoados com a experiencia dos clientes.
Remodelagem de mercado
A partir do Nubank, toda uma nova paisagem de serviços financeiros foi remodelada. Nesses 10 anos, a empresa foi ignorada, foi motivo de riso, depois de desprezo, questionada e agora ela é vista como competidora respeitável, com mais clientes que qualquer outro banco no país, ainda que sim, sua solidez possa ser questionada, considerando um mercado onde 5 bancos concentram 85% do mercado (mas esse número era maior há 10 anos, superava os 92%).
O fato é que o Nubank criou uma onda disruptiva profunda que, sim, assusta os bancos incumbentes e trouxe frescor e novas ideias. para um mercado acomodado. Ele mostrou como é possível crescer a partir do cliente e a isso se deve a excepcional atuação do Banco Central, que motivou o aumento da competição via fintechs.
IPO e futuro
Há dois anos, o Nubank lançou seu IPO, as ações continuam sendo penalizadas e longe do valor inicial, mas contam com milhões de clientes acionistas, fiel a proposta de ser inclusivo e acessível. David Velez enxerga o negócio de banco a partir de plataformas digitais com poucas marcas capazes de trafegar pelos desafios da economia digital. O Nubank pretende ser um gateway para aumentar o acesso dos consumidores a muitos produtos financeiros, investimentos, financiamentos e crédito.
O fundador ainda defende que a meritocracia seja parte de uma sociedade em que o máximo de pessoas possam partir do mesmo ponto. Em sua visão, é necessário mudar a postura das lideranças, e também focar em plataformas abertas para ajudar a melhorar e minimizar os grandes problemas que a sociedade enfrenta nesse mundo em mudança constante.
Finalmente, para Velez, a adoção da Inteligência Artificial trará mudanças profundas na forma pela qual iremos nos relacionar com a tecnologia. Ela poderá e irá ajudar consumidores a desenvolverem uma maior consciência sobre o o uso do dinheiro e como pensar em seus próprios futuros de maneira mais sustentável.
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