Os fatores que afetam diretamente a saúde dos brasileiros são variados, sendo que os sociais e econômicos estão entre eles. Inclusive, o “ser saudável” pode ser apontado como diversos para as pessoas que moram no Brasil. Essa definição vai além da parte física, e aborda também o bom estado mental, bons relacionamentos sociais e até mesmo as relações trabalhistas. Os dados foram apontados no relatório “Edelman Trust Barometer 2023: Confiança e Saúde”, com entrevistas colhidas em março de 2023.
Os medos gerados pela economia impactaram diretamente as pessoas ouvidas pela pesquisa. A inflação, por exemplo, foi apontada como um fator que impacta diretamente na saúde dos entrevistados. Além disso, existem fatores que provocam uma desconfiança no sistema de saúde, como a relação com a mídia, a sensação de que o sistema é injusto e os problemas sociais. Os ouvidos pela pesquisa mostram ainda que estão mais dispostos a buscar informações sobre a saúde, e até mesmo comparar o que é dito por variadas fontes.
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Fatores sociais, inflação e os impactos na saúde
No Brasil, a população de baixa renda é menos propensa a relatar uma boa situação na saúde. Prova disso é a diferença de 18 pontos de diferença entre quando questionada se a saúde está boa ou melhor, em comparação com a população de renda alta. O estudo mostra que o percentual foi de 40% e 58%, respectivamente. Já aqueles inclusos no grupo de renda média somam 45%.
A nível global o cenário não aponta grandes diferenças. O fator social também é determinante para definir a saúde como boa ou melhor. Os números das respostas mostram 37%, 47% e 57%, sucessivamente para o público de rendas baixa, média e alta.
A inflação pode ser apontada como decisiva na saúde no brasileiro, e com impacto negativo. Por aqui, 85% dos que responderam as questões do relatório disseram que esse fator é determinante. Existem outras situações que, também, podem ser prejudiciais à população do Brasil, de acordo com o estudo. São elas: restrições da pandemia (84%); poluição (76%); exaustão (75%); e desinformação (80%).
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Saúde vai além da parte física
O entendimento de que a saúde aborda outras áreas está presente na vida dos brasileiros. 84% dos entrevistados citam quatro componentes necessários para ter saúde. Questionados sobre o que definem como ser saudável, a saúde mental vem em primeiro lugar (96%). Isso abrange sentir-se feliz e saber administrar as emoções negativas. A saúde física vem em segundo lugar (94%), que significa conseguir realizar atividades importantes, não ter doença ou lesão, bem como ter disposição para administrar a parte física.
Ter boas relações, como pessoas com quem seja possível conversar abertamente e mostrem se preocupar sem discriminação é apontado como boa saúde social para 93% dos entrevistados. Em quarto lugar, está a condição de vida na comunidade. Para 91% da população ouvida, é importante que esse espaço seja limpo, seguro e pacífico.
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Das empresas aos sistemas de saúde: como os brasileiros se sentem?
Os responsáveis pela saúde da população vão além dos sistemas de saúde, apesar de liderar a pesquisa com 89%. Existem instituições que, segundo o público da pesquisa, podem contribuir com uma vida mais saudável. A exemplo disso está o empregador, que de acordo com 87% dos ouvidos pode colaborar com uma vida mais saudável. Já o Governo ocupa a terceira posição, com 85%.
Das instituições citadas pelo público, apenas o empregador, empresa, ONGs e o sistema de saúde do país tiveram 50% ou mais de respostas quando o público foi questionado se as instituições têm garantido que as pessoas sejam o mais saudáveis possível. Na ordem citada anteriormente, seguem com o seguinte percentual: 73%, 69%, 54% e 50%. Por último aparecem mídia e governo, com 43% e 35% de escolhas entre o público ouvido. Aliás, no Brasil, o empregador é a única instituição que não é da área com confiabilidade em saúde, segundo 78% dos entrevistados.
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Dificuldades para ter uma vida mais saudável
No Brasil, 84% das pessoas relataram ter dificuldade em cuidar da própria saúde. Entre as barreiras para isso estão os altos custos, não só da boa assistência, mas também de tratamentos e de opções saudáveis. Diante disso, novamente a renda é um fator determinante. Enquanto as pessoas de renda baixa somam 69% desse público, as de renda alta são 43%, o que mostra uma diferença de 26 pontos.
A falta de informação também é determinante para 46% dos que responderam ao estudo. Entre as dificuldades que provocam esse cenário estão também as mudanças nas recomendações de saúde, e as orientações contraditórias de especialistas.
Por outro lado, a pandemia de Covid-19 trouxe uma necessidade de entender mais sobre o assunto. Prova disso é que 62% dos brasileiros afirmaram que, após a crise de saúde, passaram a se informar mais sobre o tema, contra 8% que se informam menos. O público está também mais criterioso e, com medo de fake news, checando os fatos, como 63% dos entrevistados.
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Existem também novas exigências para que uma pessoa se considere tratada por inteiro. 80% dizem que, para se sentirem bem, precisam ter as preocupações aliviadas. Esses cuidados seriam: ouvir; levar as preocupações a sério; usar terminologia que o paciente consiga entender facilmente; acalmar em caso de ansiedade; e não fazer com que a pessoa se sinta julgada. Depois, vêm os 76% que querem suas necessidades médicas atendidas. As exigências são: receber os medicamentos necessários; ter acompanhamento após o atendimento; não ter que aguardar longos períodos; e não fazer consultas apressadas.
O público brasileiro busca ainda ser tratado de igual para igual pelos profissionais de saúde. 77% querem saber como as mudanças recomendadas pelos médicos irão se encaixar na vida. Outros 74% dizem que precisam ter voz; eles querem a oportunidade de fazer perguntas sobre suas preocupações. O ser tratado de “igual para igual” inclui também, para 72%, fazer parte da ciência. Esse último grupo comenta que se sentiria mais confortável se as recomendações fossem baseadas em dados coletados de pessoas como os respondentes.
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Como melhorar?
Para além dos fatores que afetam a saúde, existem os que podem contribuir para a melhoria dela, e as empresas fazem parte disso. A soluções apontadas, e seus respectivos percentuais são: melhorar a saúde em suas comunidades locais (78%); fornecer informações confiáveis sobre saúde (78%); abordar questões que afetem a saúde, como clima e desigualdade (76%); e convocar stakeholders para melhorar a assistência à saúde (72%).
As marcas também têm impacto direto nas operações em prol de uma vida mais saudável. 72% dizem que ao decidir quais marcas comprar consideram o impacto que elas, seus produtos e suas práticas comerciais têm na saúde das pessoas.
Já para mostrar a valorização da saúde mental dos empregados, mantendo o equilíbrio entre vida social e trabalho, 85% acreditam que o empregador deve implementar políticas de prevenção da exaustão. Outros 80% defendem que o CEO fale sobre a importância da saúde mental no local de trabalho.
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O relatório traz ainda três soluções para melhorar a saúde das pessoas:
- Redução de desigualdade: o custo é o maior impedimento para que as pessoas sejam tão saudáveis quanto querem ser. O indicado seria tratar as questões e iniquidades sociais que afetam desproporcionalmente quem tem menos acesso à assistência à saúde.
- Empresas devem continuar liderando: as corporações têm papel fundamental em atuar com outras instituições para tratar os fatores sociais que afetam a saúde.
- Investimento na saúde dos colaboradores: ou empregados se beneficiam quando seus empregadores investem em seu bem-estar. O recomendado é tornar isso parte da estratégia de recursos humanos, especialmente em relação a pessoas no início da carreira e a membros das equipes da linha de frente.
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