Nos últimos meses, o comércio mundial enfrentou alguns grandes desafios, como a Pandemia e a Guerra Rússia-Ucrânia. A recessão bateu de frente com diversas populações, e a inflação afetou diversas nações. Na América Latina, isso também aconteceu – mas de maneira muito diferente, porque os consumidores da região estão acostumados com a inflação e puderam moldar seu consumo de forma mais resiliente, principalmente quando falamos de bens duráveis.
Growth from Knowledge (GfK), especialistas em dados e insights de mercado, mostrou que os latino-americanos estão acostumados com o histórico de inflação constante. As pessoas da região fazem as mesmas adaptações que as demais – compram produtos mais baratos, economizam, compram mais essenciais e cortam gastos onde podem; a diferença, porém, é na velocidade que se adaptam – muito maior que no resto do mundo.
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“Do ponto de vista cultural, os consumidores da LATAM demonstram consistentemente uma impressionante resiliência à inflação e uma capacidade de consumo considerável, mesmo em tempos difíceis,” explica o GfK.
Impacto da inflação no Tech & Durables
Durante a inflação, há o entendimento de compra de bens necessários e supérfluos. Um dos principais efeitos é o adiamento da obtenção de itens mais caros, mais duráveis e menos substituíveis, e a valorização de essenciais. Faz sentido: é muito mais fácil, financeiramente, repor escovas de dentes ou tênis “velhos” do que uma geladeira velha, mas ainda funcional.
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O setor de Tech & Durables (T&D), então, enfrenta o grande problema: as pessoas não priorizam as compras destes. O valor deles é alto, e a troca, muitas vezes, adiável. Na alta da inflação, as pessoas não conseguem dispor de grandes valores para compra de objetos; e cabe a quem vende entender e driblar isso.
A verdade é que, mesmo adiando, as pessoas ainda precisarão comprar. Embora abalada, a demanda por T&D existe, ainda mais em um mundo cada vez mais conectado – por exemplo, 66% das pessoas usam smartphones no trabalho, de acordo com o Mobile Ecossystem Forum. O celular é T&D, mas os consumidores precisarão de celulares quando os antigos quebrarem. A demanda existe, mas a oferta precisa ser tentadora e se alinhar às condições do consumidor.
Nesta hora, ganha força uma das queridinhas do mercado brasileiro, a flexibilização de pagamento. Lojas e empresas que conseguem oferecer um maior espaço de tempo acabam com vantagem sobre aquelas com preços melhores, mas ainda elevados:
“Aumentar as opções de pagamento disponíveis é uma ‘obrigação’ para os varejistas de T&D”, diz Felipe Mendes, diretor geral LATAM da GfK. “Para fazer isso de forma eficaz, os varejistas devem entender os desafios financeiros que seu público-alvo está enfrentando. Qual é a sua renda média mensal disponível? O quanto disso eles podem gastar com financiamento? Quantos meses de crédito eles precisam: 12, 24, 36 ou mais? É importante pensar no que cabe no orçamento do consumidor e não no preço final do produto.”
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