Despertar a consciência para novos hábitos de consumo já se tornou essencial. Apesar de a jornada ser longa e estarmos no início do caminho, pesquisas apontam que a pandemia acelerou costumes focados no bem-estar, sustentabilidade, contato com a natureza e valorização de produtores pequenos e locais.
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O estudo sobre consumo consciente CC+, realizado pela Mandalah, consultoria em inovação consciente, mostrou alguns insights que direcionam o consumo do brasileiro atualmente. Potencialização do minimalismo e maior preocupação com a sustentabilidade são alguns deles, que estimulam uma vida mais simples e a procura por produtos com menos impacto negativo para o meio ambiente.
Mas, além do despertar da consciência entre os consumidores, é necessário entender também como a indústria e o comércio estão lidando com essas demandas e de que forma estão inovando para oferecer uma experiência satisfatória, que leve em conta a sustentabilidade. Nesse contexto, surgem startups dispostas a criar soluções não só para o que o novo perfil de consumidor está buscando, mas para o que o mundo está precisando.
“O planeta está clamando por essa nova consciência”, destaca a sócia e CEO da Hollun Consultoria, Christina Carvalho Pinto, mediadora do painel “Uma lição indispensável: a construção de uma nova consciência”, no Conarec 2021. “Esse painel mostra, na prática, como podemos transformar cenários através de empreendedores e empreendimentos conscientes”, acrescenta.
Para debater o tema, participaram do evento Eduardo Mariano, fundador da Exchange do Bem, empresa social que fomenta o voluntariado; Roberto Matsuda, CEO e fundador da Fruta Imperfeita, foodtech que visa reduzir o desperdício de alimentos; Simone Murata, diretora de marketing da NotCo, foodtech de produtos veganos; e Sérgio All, CEO e fundador da Conta Black, fintech destinada à comunidade negra.
Consciência alimentar na promoção da saúde e redução do desperdício
Diminuir o consumo de alimentos de origem animal, compreender de onde vem o alimento servido à mesa e se informar sobre os processos de produção fazem parte dos novos hábitos alimentares em prol do meio ambiente e das pessoas envolvidas nessa cadeia. É para despertar essa consciência que a Fruta Imperfeita foi criada, um negócio que conecta pequenos produtores a consumidores que querem se alimentar bem e reduzir o desperdício de alimentos.
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O fundador da Fruta Imperfeita, Roberto Matsuda, conta que, no processo de criação da empresa, ao visitar mais de 50 pequenos produtores rurais, percebeu que a maioria não conseguia vender frutas e legumes que saíam do padrão estético das prateleiras de supermercado. “Refleti sobre o quanto estávamos jogando fora e que o consumidor tinha perdido a conexão com os alimentos. Vi que podia ajudar os pequenos produtores a reduzirem o desperdício de alimentos e conscientizar os consumidores”, comenta.
A Fruta Imperfeita seleciona os vegetais da época e fora do padrão, monta cestas e entrega em domicílio. Para Roberto Matsuda, nos 6 anos de existência da empresa, mais importante do que o crescimento é ter sentido de existir. “Somos muito mais um movimento de conscientização do que uma empresa”, diz. Assim, a Fruta Imperfeita só não alavancou tanto quanto uma startup é capaz, por continuar seguindo os propósitos desde a sua criação: de beneficiar os pequenos produtores, reduzir o desperdício e promover um contato mais próximo e desperto do consumidor com os alimentos consumidos.
Mesma experiência, menos impacto no meio ambiente
Giuseppe poderia ser o nome de um chef italiano que produz receitas muito saborosas. E o Giuseppe da NotCo não foge muito disso: é como foi batizado o algoritmo criado para fazer infinitas combinações de plantas e replicar produtos de origem animal. Hambúrguer, leite, sorvete e maionese fazem parte de um catálogo ainda pequeno, porém com propósito. “A NotCo surgiu para trazer alimentos à base de plantas que tenham o mesmo sabor, textura e vínculo afetivo da comida de origem animal”, explica Simone Murata.
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Ao mesmo tempo que cuida do meio ambiente deixando os animais de fora da cadeia de produção, a NotCo consegue promover uma boa experiência do cliente, o que pode contribuir ainda mais com a manutenção desses novos hábitos de consumo.
“A gente quer que a socialização em volta do alimento tenha o mesmo significado para quem não come carne. Se você vai para uma hamburgueria e vê todos os amigos comendo hambúrguer, não queremos que você coma salada. A gente quer que a pessoa esteja no mesmo mood, na mesma vibração de quem está comendo o hambúrguer”, conta a diretora de marketing da NotCo.
Nova consciência deve passar pelo olhar ao próximo
Na promoção de consciência no consumo e empreendedorismo, o atendimento ao cliente pensando na diversidade deve ser pauta tão importante como os cuidados com o meio ambiente e o bem-estar. Por ter vivido uma experiência de falta de empatia, Sérgio All fundou a Conta Black, fintech destinada à comunidade negra. A startup se propõe a resolver o desafio da desbancarização e consequentemente a exclusão financeira.
Para o CEO da fintech, a população preta e parda, apesar de ser empreendedora, tem dificuldades de adquirir crédito. “Somos a primeira fintech preta do país, e é uma bandeira da diversidade que queremos incentivar, queremos que mais fintechs pretas tenham espaço no mercado. Mas também, dentro de um contexto macroeconômico, queremos mostrar que estamos aqui para ajudar a construir a jornada do cliente. Mostrar como empreender, formalizar o negócio, usar o dinheiro de forma consciente. Mostrar que o crédito não é inimigo”, afirma.
Assim como a NotCo, que busca ouvir seus consumidores e cocriar as soluções, a Conta Black tem o intuito de promover uma maior proximidade com o usuário. “A gente convida todos os nossos membros para nos ajudar a construir uma comunidade financeira perfeita. Queremos provar que essa população majoritária movimenta dinheiro, que não somos mais a margem do sistema financeiro, e sim uma potência”, completa Sérgio All.
Independentemente do benefício proposto pelo empreendimento, o importante é gerar impacto positivo na sociedade. A nova consciência deve fazer o consumidor se relacionar com o meio ambiente e com as pessoas de maneira integrada, e os empreendedores criarem marcas engajadas e com valor.
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