*Fotos Rafael Canuto
A arte tem o poder de fazer a sociedade refletir sobre qualquer tema que esteja em voga, ou mesmo trazer à tona questões que foram deixadas de lado pela sociedade. Compositores, roteiristas, escritores, artistas plásticos e cantores são exemplos de profissionais que carregam consigo o poder de traduzir a realidade de outras pessoas para quem nunca se viu em uma situação parecida.
O filósofo Alisson Prando e a psicóloga Mayra Ribeiro se inspiraram em uma artista pop para analisar o impacto da indústria cultural na sociedade. Os pesquisadores reúnem em um curso – o Politizando Beyoncé – reflexões sobre como os trabalhos da cantora impactam os modos de vida e como têm uma dimensão fundamentalmente política. Prando e Ribeiro falaram sobre o trabalho durante um painel o primeiro dia do Whow! Festival de Inovação.
Se você pensa que esta é uma atividade excêntrica e incomum deve saber que a dupla não está sozinha. Os últimos álbuns da artista, “Beyoncé” (2013) e “Lemonade” (2015), suscitaram a oferta de cursos em universidades ao redor do mundo, como em Harvard, Rutger (New Jersey) e Copenhague.
Em 2013, a cantora lançou, de surpresa, um pacote com 14 músicas e 17 clipes. O álbum visual traz a faixa “Haunted”, que é visto pela dupla de pesquisadores como um clipe que questiona o que é normativo – brancos héteros de classe média. Um dos últimos takes do vídeo mostram uma família como manequins, justamente para questionar o que consideramos ser o normal.
“Esse projeto foi pensado por percebermos uma demanda por agilidade de informações que aparentemente são da vida cotidiana, mas requerem um envolvimento teórico para serem desenvolvidos”, explica Mayra Ribeiro, colaboradora do projeto.
“O Politizando Beyoncé é um trabalho que usa a estética que a Beyoncé desenvolveu para discutir temas como raça gênero, política e diversidade”, conta Alisson Prando, que estuda há seis anos o pensamento da filosofia feminista.