Não está fácil ser Donald Trump. Eleito por uma margem apertada e empossado com uma das maiores rejeições das últimas quatro décadas nos Estados Unidos, o novo presidente norte-americano já foi razão de diversos protestos pelo país. Com declarações e medidas polêmicas, como a tentativa de banir os vistos americanos de sete países muçulmanos, Trump também já começa a criar dor de cabeça para as empresas.
As questões vão de cobranças dos internautas até cancelamentos de serviços. E são apenas 19 dias de governo até aqui – Donald Trump recebeu a faixa presidencial de Barack Obama no dia 20 de janeiro.
Relembre:
1. “Grab Your Wallet”
Criada como uma hashtag no Twitter (“pegue sua carteira”), a campanha se espalhou pelos internautas dos Estados Unidos sugerindo o boicote a empresas que tenham parceria ou revendam produtos da Trump Corporation, o conglomerado de mercado imobiliário e consumo pertencente ao presidente. Foi feita uma lista colaborativa enumerando ao menos 33 empresas com o “nome sujo”. Amazon, Walmart, Macy’s e Zappos são algumas delas. A lista completa pode ser vista aqui.
2. Boicote a Ivanka
Em meio à campanha de boicote a parceiros de Trump, a rede de lojas de luxo Nordstrom anunciou que deixaria de comercializar produtos da linha Ivanka Trump, nome da marca e da dona da marca, filha do presidente. A rede não conecta a descontinuação a política – “todos os anos cortamos renovamos cerca de 10% do nosso portfólio”, disse um representante da rede à revista Business Insider. Mas a própria Nordstrom já havia sido nominalmente alvo de protestos relacionados a Trump, quando, ainda antes da posse, a carta de uma internauta criticando a companhia viralizou na internet.
3. Empresas contra o veto
Uma das primeiras medidas concretas do novo presidente foi o veto à entrada de cidadãos de sete países muçulmanos no Estados Unidos, decretado em seu sétimo dia na Casa Branca. A nova lei foi contestada na Justiça e segue temporariamente suspensa, mas neste meio tempo várias empresas vieram a público anunciar políticas próprias de apoio a estrangeiros. O Uber e o Google, por exemplo, anunciaram a criação de fundos com recursos próprios de apoio a refugiados e a funcionários seus nos Estados Unidos que seriam afetados pelas novas regras. O Airbnb se comprometeu a dar moradia gratuita a refugiados que tiverem problemas com vistos no país e a Starbucks se comprometeu a contratar 10 mil refugiados em suas lojas pelo mundo. “Nós somos todos obrigados a assegurar que nossos políticos eleitos nos ouçam individualmente e coletivamente. A Starbucks está fazendo a sua parte”, disse o presidente da companhia, Howard Schultz.
4. 200 mil cancelamentos do Uber
Mesmo se posicionando publicamente na questão da imigração, o Uber não saiu ileso. Nada menos do que 200 mil usuários apagaram o aplicativo de seus celulares nos Estados Unidos após um descontentamento com a companhia durante protestos na virada do mês. No dia 28 de janeiro, dezenas de pessoas se reuniram no aeroporto internacional de Nova York em protestos contra as políticas de imigração. Mas, enquanto o sindicato dos taxistas da cidade aderiu ao movimento, anunciando a suspensão de viagens ao aeroporto por algumas horas, o Uber reduziu as tarifas e enviou mais motoristas para lá. A impressão de que o movimento estava apenas sendo explorado comercialmente fomentou a campanha “#DeleteUber” no Twitter e apenas coroou um calo que já vinha apertando: o CEO do Uber, Travis Kalanick, era um dos empresários integrantes do conselho econômico criado por Trump após as eleições. Até a semana passada. Após os protestos, Kalanick renunciou à posição no grupo governamental.