A confiança no ambiente de trabalho pode ser determinante para o sucesso de um negócio. Este coeficiente tão importante nas relações, muitas vezes é negligenciado pela liderança em virtude de outros indicadores.
No entanto, um estudo recente da ResumeLab Brasil pesquisou a opinião de mais de 1.000 funcionários sobre a confiança em seus locais de trabalho e como isso tem impacto seu desempenho e consequentemente o desempenho das empresas onde atuam.
Destaques: confiança no ambiente de trabalho
• 56% dos entrevistados deixaram o emprego porque não se sentiam confiáveis
• 63% disseram que a falta de confiança no trabalho afetou sua saúde mental
• 54% acham que um novo gerente precisa conquistar confiança da equipe
• 65% sentem que confiança no ambiente de trabalho aumentou desde a pandemia
• 73% possuem software de monitoramento remoto em seus computadores de trabalho
• 60% já deletou uma mensagem instantânea por medo de ser lida
Confiança é tudo!
Segundo o estudo, a confiança é hoje um assunto em alta no ambiente de trabalho. Vale destacar também que um relatório recente da Edelman Trust, mostra que atualmente as instituições mais confiáveis na sociedade são as empresas.
Seu estudo global mostra que as corporações são mais confiáveis do que o governo, as ONGs e a mídia em 18 dos 27 países, e que 75% das pessoas confiam em seu empregador – os níveis caem para outras instituições.
Menos educação significa níveis mais baixos de confiança
Outro recorte interessante do estudo, avalia como a educação interfere na confiança do indivíduo e, consequentemente, no seu ambiente de trabalho. Quem menos confia nas pessoas no trabalho são os profissionais sem estudo superior.
Neste grupo, 76% confiam em seu gerente direto; 70% confiam em colegas no mesmo nível de senioridade que eles e 65% confiam em gerentes e executivos seniores. Já no grupo de colaboradores com diplomas universitário, as porcentagens sobem para 91%, 85% e 81%, respectivamente.
“Big Brother” no ambiente de trabalho
Para muitas empresas confiança ainda precisa ser monitorada. Pesquisas mostram que houve um aumento nas empresas que usam monitoramento por computador desde o início da pandemia.
A justificativa é mitigar o que está sendo chamado de cyberslacking. Em outras palavras, eles não querem que você navegue nas redes sociais enquanto deveria estar trabalhando.
Sobre isso o estudo revela que a maioria dos colaboradores (73%) já teve em seu computador um software de monitoramento instalado. No entanto, eles parecem não se importar muito com isso: 37% são indiferentes; 34% um pouco preocupado; 18% muito preocupado e 11% sem nenhuma preocupação.
Já quando analisados por nível educacional, os colaboradores com Mestrado ou Doutorado são mais preocupados com o monitoramento em seu computador (56%), do que os sem ensino superior (37%). Os Bacharelados e Técnicos também se preocupam mais (53%).
Como gerentes e funcionários podem construir confiança mútua?
Ser confiável no trabalho é: trabalhar duro e cumprir metas. Estes estavam entre os três primeiros aspectos sobre construir confiança no trabalho, tanto para gerentes quanto para funcionários pesquisados no estudo.
Um item curioso revelado pela pesquisa sobre as maneiras pelas quais os funcionários podem construir confiança com seus gerentes foi: “Concordar com tudo o que o gerente diz”.
Segundo os analistas do estudo, “isso não é um bom conselho”. Mas apareceu entre os cinco primeiros aspectos, o que significa que às vezes os funcionários acham que é melhor apenas sorrir e concordar.
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Discordar também é criar confiança
Mais da metade dos pesquisados disse que as pessoas em suas organizações não questionam o status quo.
Para os analistas, a conformidade no trabalho assume muitas formas: replicar o comportamento de outros em funções semelhantes, expressar emoções apropriadas, vestir roupas adequadas, concordar rotineiramente com as opiniões dos gerentes, concordar com as más decisões de uma equipe e assim por diante. E com muita frequência, ceder à pressão dos colegas reduz o envolvimento dos indivíduos com seus trabalhos.
Promova a “não conformidade construtiva”
Ainda sobre o tópico anterior, de acordo com o estudo, os respondentes da pesquisa expressaram claramente que sempre concordar com a administração é uma forma de aumentar a confiança.
Mas o documento também enfatiza que os empregadores devem promover a não conformidade construtiva. Ou seja, os funcionários devem se expressar de maneiras não tradicionais e autênticas, aumentando assim seu engajamento e confiança.
Quem já desistiu por sentir falta de confiança?
O estudo também revela que mais da metade dos entrevistados havia deixado um emprego por sentir falta de confiança. O curioso é que quanto maior o nível de educação de um entrevistado, maior a probabilidade de desistirem por causa disso.
Sobre o motivo que os funcionários pedem demissão, a confiança foi um dos principais critérios ligados à probabilidade de desistir. E eles descobriram que a forma como os líderes se comporta era o fator mais crítico de todos.
Por exemplo:
- Sinto que há falta de confiança na liderança organizacional sobre a gestão da organização.
- Sinto que os líderes organizacionais agem de forma injusta.
- Sinto que há falta de transparência e comunicação em tempos de mudança organizacional significativa, ou seja, injustiça informacional.
Que lições podemos tirar sobre confiança no ambiente de trabalho?
Entre muitos aspectos que geram desconfiança dentro da empresa, o estudo destaca que monitoramento por computador é um deles. Talvez, pelos segmentos pesquisados?
Por outro lado, os funcionários (seja qual for o setor) sabem o que é preciso para manter e construir confiança no ambiente de trabalho. De forma objetiva: ações que correspondem às palavras são grandes.
Para os empregadores, levar em consideração a transparência sobre as práticas de monitoramento do computador, por exemplo, ou sobre qualquer outro tema, é fundamental para estabelecer um clima de confiança dentro de uma empresa.
Além de todos os aspectos aqui retratados, vale ressaltar que a confiança é a base de todas as relações. Para as empresas e colaboradores, sua importância nunca deve ser subestimada, mas, sim, trabalhada, como qualquer outra habilidade necessária para o desempenho de suas atividades.
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