A vida corrida e repleta de informação que levamos atualmente pode ser muito estressante. Alguns artifícios são importantes para ajudar a superar os momentos de tensão. Meditar e fazer ioga pode acalmar, a prática de esportes libera endorfina. Para muitos brasileiros, no entanto, o que alivia o estresse é usar o cartão de crédito e encher o carrinho de compras.
Pelo menos é o que revela um levantamento realizado em todas as capitais e no interior do Brasil pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Segundo o estudo, mais de um terço (36,3%) dos entrevistados admite que o ato de fazer compras é uma forma que eles encontram para aliviar o estresse do cotidiano, principalmente as mulheres (43,7%) e os consumidores das classes A e B (40,2%). Além disso, quase a metade dos entrevistados (47,7%) admite comprar para se sentir bem.
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O levantamento aponta ainda que três em cada dez (29,5%) consumidores concordam que fazer compras melhora o humor e 24,5% confessam realizar compras quando se sentem deprimidos. Isso pode ser explicado porque, segundo o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli, as emoções desempenham um papel fundamental nas compras realizadas impulsivamente.
“Se o consumo fosse uma experiência puramente racional, a inadimplência seria bem menor do que temos hoje. As pessoas comprariam estritamente o necessário e raramente romperiam os limites do próprio orçamento, pois seriam capazes de avaliar adequadamente as consequências de uma aquisição desnecessária e de resistir ao impulso da compra, por mais que se sentissem atraídos por um produto na vitrine”, explica Vignoli.
Consequências negativas
O apelo ao consumo pode ser tão intenso que os consumidores simplesmente esquecem momentaneamente dos efeitos que a compra pode ter sobre o orçamento: 30,7% admitem que ao ver um produto atrativo não pensam nas consequências da compra antes de efetivá-la e mais de um quarto (25,8%) reconhecem não ter o costume de avaliar todos os aspectos envolvidos numa compra.
O resultado desse comportamento não poderia ser outro: muitos acabam ficando com o orçamento mais apertado. Segundo a pesquisa, 30,8% dos consumidores reconhecem que estão com as finanças pessoais descontroladas por causa de compras impulsivas.
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Controle dos próprios atos
Para o educador financeiro José Vignoli, os resultados da pesquisa mostram que para o consumidor controlar seus impulsos de compras não planejadas é importante que ele saiba identificar, primeiramente, o próprio estado emocional. Ir às compras quando se está mal, por exemplo, pode não ser uma boa ideia. ?Certamente, não há uma fórmula para evitar o consumo impulsivo, mas entender que as emoções influenciam em nossas decisões pode ajudar a tornar o consumidor mais consciente e controlado no momento de decidir por uma compra”, afirma o educador.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, estabelecer um controle orçamentário ajuda o consumidor a ter uma visão mais ampla das pendências financeiras. Além de evitar o gasto impulsivo d o dinheiro comprometido com custos fixos e inadiáveis.
“Um dos principais problemas associados ao comportamento compulsivo é o risco de endividamento excessivo. Quando as dívidas vão se acumulando e comprometem o dinheiro destinado aos gastos imprescindíveis, é hora de o consumidor procurar ajuda porque ele pode cair na inadimplência”, alerta Marcela.
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Compra por impulso
O estudo também mostra que, em situações de compras impulsivas, o imediatismo e a necessidade de urgência acabam sendo mais fortes do que a capacidade de reflexão do consumidor. A maior parte dos entrevistados (44,5%) não consegue resistir aos próprios desejos porque acredita que, se não realizarem aquela compra, mesmo que o produto seja desnecessário, vão desperdiçar uma ‘boa oportunidade’.
Outros 36,9% admitem que quando surge o desejo de comprar algo, eles não sossegam enquanto não concretizarem a compra. “É como se, ao verem um produto muito desejado ou com preço atrativo, as pessoas abdicassem de refletir sobre a compra momentaneamente”, explica Vignoli. Assim, 30,1% dos entrevistados revelaram gastar mais do que o previsto em promoções, simplesmente por terem medo de se arrepender depois. Quase um terço deles (32,9%) admite que, geralmente, compra produtos que nem tinha a intenção de adquirir antes de entrar numa loja.
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Mulheres
O estudo demonstra que as mulheres são mais suscetíveis às emoções quando compram por impulso. São elas quem mais admitem a sensação de prazer ao comprarem algo sem planejar (37,7% contra 26,5% dos homens), além de serem as que mais citam o ato de fazer compras como o tipo de lazer preferido (35,9% contra 23,3% do total de entrevistados).
Encontram-se também entre as mulheres os maiores percentuais de consumidores que se valem das compras por impulso quando estão deprimidas (30,5% contra 18,3% dos homens). Quanto à faixa etária, o levantamento indica que os mais jovens são os que mais ficam entusiasmados e se divertem ao comprar produtos não planejados (41,8% contra apenas 19,6% das pessoas acima de 55 anos).
Metodologia
A pesquisa foi realizada com 745 consumidores acima de 18 anos nas 27 capitais e procurou compreender o papel das emoções no comportamento das compras impulsivas. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais com uma margem de confiança de 95%.
Baixe a íntegra da pesquisa e a metodologia aqui.