Faz mais de uma década que os membros de uma nova geração – a chamada Geração Y, ou simplesmente “GenY” – começaram a entrar no mercado de trabalho. Estes jovens, com seus vinte e trinta anos, representam a primeira onda de “nativos digitais” em nossas organizações.
A informação que temos sobre eles parece confusa. Eles foram testados em estudos de Pisa, na Itália, quando iam para a escola e – com exceção de estudantes da Finlândia, Coreia do Sul, e Liechtenstein – saíram-se mal. Nós os estereotipamos por suas obsessões com canais de mídia social, jogos de tiro, “shows”, “tweeting” e “chat” e os encontramos muito diferente dos Baby Boomers ou Gen X.
Mas, de acordo com uma pesquisa da IBM de 2014, os membros da Geração Y não são realmente tão diferentes de seus antecessores. Tanto quanto Geração X ou Baby Boomers, salientam a importância de uma liderança inspiradora, estratégias de negócios claramente articulados, reconhecimento com base no desempenho, e promoções. Claro, a Geração Y sabe como interagir on-line, mas quando se trata de adquirir novos conhecimentos e competências relacionadas ao trabalho, por exemplo, eles preferem contato face-a-face. E quando mudam de emprego, eles fazem isso pelas mesmas razões da Geração X e Baby Boomers, ou seja, para “entrar na pista”, “buscar o topo”, “seguir seu coração” ou “salvar o mundo”.
Membros da GenY, no entanto, se veem como sendo diferentes de seus antecessores. Eles afirmam que o símbolo convencional de poder – posição, bônus, carros – não faz sentido. Seus símbolos de status incluem ter tempo para viver de forma flexível, atingindo a auto-eficácia e fazendo trabalho que faça sentido. No trabalho, eles esperam um mentor treinando-os em vez de um superior dizendo-lhes o que fazer. Eles também exigem uma cultura corporativa aberta e que sejam tratados e pagos de forma justa.
De acordo com um estudo da Berlin Trendence Institut de 2013, quase 50% das pessoas que estudaram Administração de Empresas afirmaram que seus futuros empregadores têm que ser éticos. E 39% dos futuros engenheiros pesquisados afirmaram que não iriam trabalhar para uma empresa com uma imagem social pobre, mesmo que com salário atraente.
GenY é a primeira geração para quem a igualdade de oportunidades para homens e mulheres é uma questão essencial. Em seus relacionamentos, eles pretendem dividir igualmente as tarefas domésticas e parentais, e se seu chefe é do sexo feminino ou masculino é uma questão de pouca ou nenhuma preocupação.
Em seu livro sobre Geração Y, Kerstin Bund** resume o que a geração realmente quer no trabalho:
• Liberdade
• Tempo para a família e lazer
• A auto-eficácia
• Diversão e realização individual
• Ser tratado como iguais e como indivíduos
• Feedback regular
• Ser avaliado de acordo com os resultados alcançados
• Aprender e progredir
• Trabalho que faça sentido – isso é mais importante do que status
• A felicidade é mais importante do que dinheiro
No geral, eles esperam que seu trabalho e vida privada sejam o que irá torná-los felizes e não esperam que a felicidade venha depois.
Quais habilidades, atitudes e tipos de conhecimento que o chefe precisa para obter êxito com a tribo-Y?
Podemos supor que – tomada a necessidade da GenY por igualdade – métodos democráticos, à base de discussão, são mais eficazes do que comandos ou regras e regulamentos. Inspirar seguidores é mais importante do que ser percursor ou crescer profissionalmente a qualquer custo.
Líderes de GenY terão que convencer com suas personalidades. Ter tempo para a família e investir em hobbies não-relacionados ao trabalho são objetivos deles também. Eles não aceitam pessoas que se dedicam ao seu trabalho integralmente.
Esses líderes também têm que manter o desenvolvimento de seus membros da equipe em mente. Entre outras coisas, eles devem aprender a operar utilizando feedback regular em vez de ordens ou regras.
A GenY está redefinindo a relação líder-seguidor. Como seus líderes, é melhor esperar um grande número de novas ideias – e aceitar que 95% vai acabar no lixo. A boa notícia é que você vai finalmente ter acesso a ideias inovadoras “a partir do chão de fábrica” e que os outros 5% de novas ideias vão ser brilhantes.
Membros da Geração Y não tiveram educação autoritária – seus pais são nutridores em vez de ditadores. Como resultado, suas crianças não têm problema em dizer o que pensam e o que eles esperam ouvir. Eles vão fazer perguntas, criticar decisões e falar. Eles podem estar certos ou errados.
Aqueles que conduzem – ou planejam conduzir – membros da GenY devem seguir alguns conselhos:
Estejam preparados para se sentir desconfortáveis. Muitas vezes, você vai ouvir coisas que preferiria não ouvir.
Ainda que você tenha um cargo elevado ou estiver em uma hierarquia superior à deles, membros da GenY não vão parar de dizer o que pensam.
A cultura que você precisa para criar um chefe precisa ser rápida, flexível e franca. Deve ser capaz de canalizar ideias, críticas e perguntas.
Se você e sua equipe GenY fizerem direito, eles, a sua organização e você como um líder podem se beneficiar do diálogo.
** Kerstin Bund (2014), Glück schlägt Geld, Hamburg.
* Nora Grasselli é diretora de programa da ESMT, 11ª melhor escola do mundo em Educação Executiva, segundo Ranking Financial Times 2015. A ESMT está com uma parceria com a Saint Paul Escola de Negócios, empresa de soluções em treinamento nas áreas de Administração, Contabilidade e Economia.