Se tivéssemos que resumir as mudanças do mundo a um único tipo, com certeza poderíamos citar a transformação em termos de espaço. Uma loja, que antes demandava o uso de muitos metros quadrados, hoje cabe em alguns centímetros e pode ser acessada por meio de uma única tela.
O celular é um instrumento que permite o acesso a pessoas, lugares e informações que, antes, poderiam demandar dias até serem encontradas. E isso afeta os mais diversos âmbitos da vida humana. “A transição do espaço físico para o mobile foi uma mudança dramática que transformou todos os aspectos do trabalho”, comenta Ben Pring, vice-presidente da Cognizant e diretor do Center for the Future of Work da empresa. “Muitas organizações sentem essa mudança”.
Como exemplo, ele cita o fato de que não faz mais sentido trabalhar em “ambientes com cubículos”. “Cada vez mais vemos espaços abertos”, diz. “Estamos nos afastando do ambiente antigo”. E isso não vale apenas para o baixo escalão. O CEO do Goldman Sachs, David Solomon, por exemplo, tem a “ousadia” de ser DJ aos fins de semana. É uma jornada dupla do bem.
Para Pring, este é um momento em que estamos reimaginando quase tudo, equipados com novos dispositivos, novas interfaces e, também, um elemento de destaque: a beleza. “É a beleza que está mudando o mundo”, afirma. Ele justifica essa ideia mostrando o dispositivo da Apple: “ele é lindo”, diz. E o mesmo vale para a loja da Apple na Estação Grand Central, Nova York. “A beleza que a Apple injetou no negócio transformou o mercado”, argumenta. “E nós temos que tornar as coisas bonitas também”.
Nesse sentido, ele comenta que “coisas ruins e feias são a mãe da invenção”. Ou seja, provocado pelo incômodo, surge um indivíduo criativo. “O desafio é tornar as coisas mais bonitas”.
Modelo de trabalho
Olhando para o ambiente de trabalho, Pring comenta que muitas pessoas acham que as maquinas vão destruir a vida como conhecemos. Porém, ele defende que a Inteligência Artificial (IA) vai trazer mais oportunidades no mundo todo. Outro exemplo é a Realidade Virtual (VR) que, para o executivo, será essencial para o varejo.
De forma bastante curiosa, ele compara o nosso momento histórico ao que foi vivido pelos irmãos Lumière, conhecidos como “os pais do cinema”. O executivo acredita que, da mesma forma como eles não imaginavam a criação do Homem de Ferro a partir da invenção do cinematógrafo, nós também não somos capazes de supor o patamar ao qual a VR pode chegar.
Dentro desse cenário, ele conclui que uma boa saída é “ser um bom humano”. E exemplifica: “ninguém quer vender nada para você na Apple, eles querem criar uma relação, ensinar, mostrar o que eles têm de bom, porque sabem que você pode acessar o site da loja no caminho para casa e fazer uma boa compra”. Eles são bons humanos.