As placas de publicidade nos estádios russos durante a Copa do Mundo apresentavam ao planeta a Vivo, que parte dos brasileiros confundiram com a empresa de telefonia e banda larga que atua no Brasil. A companhia em questão também atua com telefonia, mas na produção de smartphones. E sua sede é na China. A empresa é uma das que têm avançado a passos largos no mercado de telefonia celular pelo mundo. O que explica em parte os resultados chamados de decepcionantes pelo The New York Times para a Apple ao fim de 2018.
Com a saturação do mercado chinês para smartphones (onde a disputa feroz se dá agora no desenvolvimento de aplicativos e soluções on-line para os aparelhos), as gigantes chinesas estão buscando espaço nos mercados desenvolvidos e em economias emergentes da Ásia. Segundo o NYT, as chinesas estão pressionando a Apple em países como França e Alemanha mais acentuadamente.
A emergência das marcas chinesas parece seguir a trajetória das marcas coreanas de tecnologia (a Samsung é o maior exemplo), que antes dos anos 90 eram vistas como de segunda linha. Também as empresas japonesas passaram por processo semelhante num horizonte mais distante, quando desbancaram as tradicionais marcas americanas na produção de itens de tecnologia de ponta nas décadas subsequentes ao pós-Guerra.
A Apple ainda é, de longe, a marca favorita entre os consumidores no mundo todo e na China ela também lidera entre os aparelhos mais sofisticados. Porém, a Huawei tomou o posto, em 2018, de segunda maior fabricante de smartphones do mundo, desbancando a Samsung. Agora, a marca chinesa já ultrapassa o iPhone em experiência e preço em alguns lugares pelo mundo.
Maior mercado do mundo
Na China, por exemplo, um iPhone XR tem preço mínimo de 950 dólares, segundo apuração do NYT, enquanto os aparelhos top de linha da Huawei são um terço mais barato, com preços a partir de 600 dólares. A Xiaomi, outra ascendente chinesa, tem preços ainda mais em conta ao consumidor final.
O país se tornou o maior mercado de smartphones do mundo na última década com o salto da renda per capta. Apesar de ainda ser a queridinha dos chineses mais ricos, a Apple observa sua participação no mercado chinês cair gradativamente. Hoje, ela tem apenas 7% do mercado no país, ocupando a quinta colocação. A Huawei é líder com 25%. Vivo, com 22,6%, e Oppo, com 21,1%, ocupam as segunda e terceira posições. Em seguida vem a Xiaomi, com 13,1% de participação no mercado chinês.
Outros mercados
A Xiaomi, quarta maior indústria de smartphones da China, é a principal responsável pelo avanço dos smartphones chineses na segunda economia que mais cresce no mundo, a indiana, onde tem tirado mercado da Apple. Fundada há apenas 8 anos, a Xiaomi se tornou a maior vendedora de telefones móveis na Índia e já é a quarta maior na Europa.
Parte do sucesso das marcas chinesas está relacionada a estratégias como da Vivo, de bombardear os consumidores de anúncios por todos os lados, nas plataformas tradicionais e na internet, o que transforma as marcas chinesas em algo mais familiar, em especial para os consumidores ocidentais, que historicamente relutam em migrar para produtos asiáticos por serem desconhecidos e por levarem, num primeiro contato, a pecha de serem de má qualidade.
Há ainda restrições do cliente final em relação aos produtos chineses, em especial entre o público mais endinheirado. Porém, a média de preço 30% menor dos celulares de ponta chineses têm permitido ao consumidor experimentar esses novos produtos. É assim que a China abre espaço nesse e em outros setores pelo mundo.