A China é uma bomba-relógio, com uma crise em gestação que poderá ser tão ou mais profunda que a recessão trazida pelo colapso do mercado subprime americano em 2008. Essa é a avaliação de Ira Kalish, chief economist officer da consultoria Deloitte.
Em uma das palestras da manhã do primeiro dia do World Retail Congress, que acontece nesta semana em Paris, Kalish alertou para o fato de que, em muitos aspectos, o atual momento chinês é parecido com o cenário pré-crise nos Estados Unidos. “Os bancos têm aumentado sua exposição ao risco, com investimentos baseados na securitização e apostas muito arriscadas. Além disso, eles não têm apresentado claramente suas posições de risco em seus balanços.
Não sabemos exatamente qual o tamanho do problema, o estado dos bancos pode ser muito pior do que imaginamos”, alerta. Para Kalish, os princípios macroeconômicos da China, baseados no endividamento do país, não são sustentáveis no médio e longo prazo. “É preciso fazer reformas, inclusive abrindo o mercado para mais investimentos estrangeiros. Uma economia baseada no endividamento do Estado e em exportação não é sustentável”, comenta.
Para ele, o governo chinês pode adiar o problema ao reduzir o ritmo de crescimento da economia para algo em torno de 3% a 4% ao ano, o que teria um impacto enorme em todo o mundo. Sua visão, porém, não é compartilhada por um dos principais executivos de varejo presentes no evento. William Fung, chairman do grupo varejista chinês Li&Fung, acredita em grandes mudanças na estrutura econômica do país.
“Nos próximos anos a cadeia de suprimentos mudará muito na China e o país deixará de ser sinônimo de mão de obra barata para produção. A China e a Índia acrescentarão um bilhão de consumidores ao mercado mundial nos próximos anos, abrindo enormes oportunidades”, afirma.
NOVAREJO está em Paris para a cobertura exclusiva do World Retail Congress, um dos principais eventos de varejo do mundo. Acompanhe o que de mais importante acontece no congresso pelo 192.168.0.154/novarejo clicando na guia e na edição novembro/dezembro da revista impressa.
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