Para os consumidores, o cenário econômico brasileiro dos últimos foi incerto e desafiador, o que os levou a reavaliar suas prioridades quanto às despesas. As mudanças no comportamento de consumo foram causadas por inflação, pandemia, guerras e incertezas políticas. Esse novo comportamento faz parte da realidade de pessoas em todo mundo e, no Brasil, quase todos ainda se preocupam com a situação econômica.
Um estudo da Blackhawk Network Brasil mostrou que, em mais um ano, 98% dos brasileiros estão preocupados com o custo de vida e com a situação financeira diante de condições turbulentas da economia. A pesquisa aponta para um cenário em que consumidores avaliam detalhadamente quanto e com o que irão gastar. Além disso, nesse cenário, existem preocupações que se destacam.
Alimentação e inflação causam receio sobre custo de vida dos brasileiros
Desde 2020, quando a pandemia de Covid-19 começou, as preocupações econômicas passaram a fazer parte do cotidiano do brasileiro. Porém, algumas delas se destacam e, ainda em 2023, estão presentes no cotidiano do consumidor. O receio com o preço dos alimentos (76%) está entre as mencionadas, em primeiro lugar, seguida pela inflação (73%). Em setembro de 2022, essas mesmas preocupações apresentavam, respectivamente, 62% e 67%.
A segurança do emprego também tem tirado o sono de 48% dos brasileiros. Além disso, o estudo mostrou que a perda de emprego impactou inúmeras famílias. Prova disso é que, nos últimos 6 a 12 meses, a pesquisa mostrou que 54% das pessoas da Geração Z passaram por uma demissão. Entre os Gen Z, o número é grande se comparado às gerações Millennials, Gen X e Boomers, correspondendo a 46%, 36% e 26%, respectivamente. Além disso, os consumidores brasileiros se preocupam com o valor pago nos combustíveis (38%), a recessão econômica (23%) e com os serviços públicos (22%).
Em cenário incerto, brasileiros se moldam
O comportamento do brasileiro referente aos hábitos de consumo acompanha a situação econômica. No atual cenário, 66% dos consumidores passaram a planejar suas compras. Além disso, 54% começaram a comprar marcas mais baratas e até mesmo produtos genéricos. As promoções também chamam a atenção de 50% dos clientes, bem como os anúncios que prometem entregar dois produtos pelo preço de um.
Em alguns casos a fidelidade às marcas continua, e 37% dos brasileiros seguem comprando os mesmos produtos, porém, em menor quantidade. Existem ainda aqueles que compram em grande quantidade com o objetivo de reduzir custos (23%), enquanto outros utilizam voucher e cupons em suas compras (22%).
Mesmo em cenário econômico incerto, brasileiro mantém o hábito de presentear
Apesar dos desafios, o hábito de presentear continua vivo no cotidiano dos brasileiros. Porém, com algumas mudanças. No cenário atual, os cartões-presente se tornaram opções e mostraram um salto, uma vez que 37% dos consumidores pretendiam presentear dessa forma em 2022, e esse percentual aumentou para 64% em 2023.
A justificativa dos consumidores por essa preferência é a possibilidade de escolha e flexibilidade. Em tempos de cenário econômico incerto, acertar na hora de presentear também tem sido uma forma de usar o dinheiro sem erros, e por isso os cartões-presente surgiram como alternativa. Prova disso é que 78% do público da pesquisa afirmou optar pelo formato para não correr riscos de comprar algo que não será útil ao destinatário.
As necessidades também têm sido foco para 83% dos consumidores que optam por comprar cartões-presente. Outros 9% relatam que as compras foram motivadas por suas vontades, enquanto 8% dizem que ambas as opções foram motivações.
No Brasil, quem gosta de presentear, e quando?
As gerações mais jovens estão mais dispostas a contemplar alguém com um presente. O estudo mostrou que os millenials, aqueles que nasceram entre 1981 e 1995, são os mais dispostos à prática. Eles são seguidos pela geração Z, composta pelos que nasceram após 1995 e até 2010.
A pesquisa mostrou ainda que, além dos feriados, os aniversários também movimentam o varejo. Entre o público da pesquisa, 89% das pessoas afirmaram comprar presentes quando alguém especial comemora mais um ano de vida. A opção ficou à frente do Dia das Mães e do Dia dos Pais, quando, respectivamente, 82% e 69%, dos consumidores brasileiros enxergam nas datas oportunidades para presentear. O Dia dos Namorados surge logo atrás, com 67%.
O estudo concluiu ser importante dar aos consumidores um motivo para ir às compras, mesmo em cenários economicamente incertos. É possível oferecer possibilidades que compensam os impactos do custo de vida. Além disso, reforçou a necessidade da criação de estratégias que alcancem todas as gerações, e reforçou ser perigoso ignorar o público da geração Z, visto que são os novos clientes das empresas brasileiras.