De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de idosos será três vezes maior no Brasil até 2050. Esta é uma discussão atual, o pais está envelhecendo, por isso o tema está na agenda de governo – como exemplo temos a tramitação da Reforma da Previdência. O governo não está preparado para esse novo perfil sociodemográfico. Nem o governo, nem o mercado.
Em um país que se chama maioria de minorias, os maduros juntam coro nos grupos marginalizados. Vou tentar dar voz a esse grupo tão pouco percebido. Imagine uma carta dos indivíduos longevos:
“Apesar de tanta mudança, vivemos a ditadura da neotenia. Juventude deixou de ser uma idade ou fase cronológica para ser um estilo de vida. Pois é, somos mais velhos e mais jovens ao mesmo tempo. Paradoxalmente, temos mais dinheiro no bolso e mais energia para gastar: somos a geração Redbull. Ajudamos a criar nossos netos, pagamos algumas contas dos nossos filhos e seguimos caminhando tentando nos fazer entender. Dificilmente nos enxergam com a leveza que temos, a nossa sabedoria pouco é valorizada. Quando somos representados, ainda erram na mão: já fomos representados tricotando, patinando nos gadgets ou como “lokos”, com cabelos coloridos e armação de óculos ousadas beirando ao exagero.
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Não é porque assumo minha idade que preciso assumir cabelos brancos, essa é uma escolha pessoal, não me venha com outra ditadura, essa eu já vivi e digo que foi terrível, não podíamos nem dizer o que pensávamos e isso comprometeu nossa formação de forma assustadora.
O fato de termos vivido a era analógica nos capacita a entender diversos fenômenos sociais, nosso tempo era outro, sem saudosismos, mas entendo que hoje em dia conseguir ler livros inteiros é uma grande habilidade. Ah, a letra não precisa ser tão grande ou ter um mar de figuras ilustrativas, conseguimos ter senso crítico e fazer sinapses muito bem.
Não me vejo no mercado matrimonial, quando digo que estou solteiro, as pessoas logo me percebem como um velho tarado, o tio que busca uma novinha. Se sou mulher sou percebida como solitária, abandonada, a vítima de uma família que pouco liga pra mim. Pois é, vivemos num mar de carência, por isso somos presas fáceis aos vendedores que nos agradam, a turma da academia de ginástica, e também aos médicos. Pois é, nos tratam melhor no laboratório do que em muitos outros lugares que frequentamos. Ser mais velho é confundido com criança, já percebi muita gente me chamando por apelidos no diminutivo, ou fazendo voz de neném pra falar comigo, pois é, aquela mesma voz que tratam cachorros e bebês na rua”.
As reclamações são muitas quando olhamos de forma atenta para o grupo em questão, a demanda é crescente. Se você está precisando se conectar com os consumidores do futuro, se liga que não é geração XYWQZ que você precisa se conectar, preste atenção nos seus pais e avós, e também aos amigos deles, você verá um mar de possibilidades.