Whitney Wolfe é fundadora e CEO do Bumble, o app combinado com rede social de crescimento mais acelerado mundialmente na atualidade. Em apenas três anos, sua visão estratégica levou o Bumble a atingir a incrível marca de 26 milhões de usuários no mundo todo e simplesmente provocou uma ruptura na maneira que as pessoas se conectam on e offline. Outra característica particular do Bumble é que é majoritariamente dirigido por executivas e seu valor de mercado já está na ordem de US$ 1 bilhão. Em resumo, é um novo Unicórnio. No Cannes Lions, Whitney conversou com Joanna Coles, Chief Content Officer da Hearst pela primeira vez, abordando ideias acerca de como buscar maior criatividade e inovação em ambientes direcionados por dados e quais as perspectivas de um mundo regido pela tecnologia e pela conexão social.
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Joanna Coles começou o debate perguntando se Whitney havia se inspirado no Tinder para criar o Bumble. “Eu não tinha ideia do que queria fazer e me sentia meio sem esperança e então uma coisa inacreditável aconteceu. Percebi que as mulheres poderiam dar o primeiro passo”, contou Whitney, sobre a criação do Bumble. Ela mudou as regras do jogo e isso se baseou na sua própria história de vida, mas não necessariamente voltada para a defesa do feminismo, e sim pela mudança de perspectiva sobre quem toma a iniciativa. Mas o que realmente estava por trás de tudo o que Whitney propôs e conseguiu com o Bumble? Para ela, alguma coisa faltava nas redes sociais, a simpatia e a gentileza das mulheres entre si. Desenvolveu um protótipo, acreditou que havia uma grande oportunidade na forma de motivar encontros e conexões entre as pessoas, trazendo uma nova visão para a vida delas. Joanna fez uma rápida sondagem com a plateia para constatar que 30% assumiram estar no Tinder e menos de 10% já estão no Bumble. Isso mostra como uma rede social criada há apenas três anos já tem penetração representativa.
Decisão
E quando Whitney percebeu que o Bumble seria um sucesso? “Eu queria fazer algo que respondesse às frustrações das mulheres, que melhorasse sua autoestima na forma pela qual se relacionavam. Eu tinha 24 anos, ouvia que as mulheres queriam se sentir mais respeitadas, queriam conversar de forma diferente, queriam ter a iniciativa”. Ao perceber que o Bumble respondia à essas necessidades, Whitney viu que tinha um grande negócio, que rapidamente pode adotar um modelo baseado em assinaturas. Joanna acredita que muitas empresas pagariam para fazer parte dessa conversação. Com o modelo de assinaturas, Whitney acredita que mulheres possam manter a qualidade da conversa, com maior credibilidade e mesmo maior engajamento, pois sabem que seus dados não serão usados indevidamente. “Eu faço tudo para dormir à noite”, diz a empreendedora. A ideia por trás da plataforma alinha-se com uma nova organização social, na qual os diferentes gêneros e tribos, nichos e grupos, procuram demonstrar sua identidade e estabelecer regras mais confiáveis de convivência. A autoridade baseada no modelo masculino parece cada vez menos aderente, por mais que haja reações de outros grupos que se consideram rejeitados ou menos importantes por esse processo de mudança. O Bumble quer ser um espaço seguro para as mulheres, livre de abusos, livre de assédios, onde os encontros marcados acontecem com pessoas confiáveis nos diversos países onde a plataforma já está presente (já está atuando no Brasil).
Bandeira
A maioria das mulheres não tolera mais a romantização do abuso e do assédio, da abordagem nos escritórios, segundo a criadora da rede social. Essa indignação foi canalizada por Whitney como energia empreendedora. Ela criou uma nova forma de conexões entre as pessoas, e fez do Bumble uma plataforma de respeito entre as pessoas. “São seis fotos e informações verdadeiras que ajudam a construir uma plataforma que funciona como um ecossistema seguro”, diz. Com os problemas registrados pelo Facebook em sua atividade francamente contrária à privacidade, o Bumble se posiciona como uma rede social do bem, que respeita os gêneros e os dados de cada usuário. Quando o escândalo da Cambridge Analytics explodiu, a plataforma registrou um aumento de 40% sobre a média de inscrições. “Não temos opção. Você precisa tomar decisões o tempo todo, tem de ter coragem para tomar decisões corretas, que façam o bem para as pessoas”, concluiu Whitney. “Não consigo oferecer 100% de confiança, mas procuramos fazer o nosso melhor o tempo todo e convidamos as pessoas a serem responsáveis umas com as outras”, diz a CEO, em postura mais consciente do que a indiferença do Facebook sobre o que seus membros fazem no interior da plataforma. O exemplo do Bumble representa uma inovação no desgastado modelo de rede sociais que se desenvolveram para vender usuários a partir de seus dados.