A população brasileira está envelhecendo em um ritmo cada vez mais rápido. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto, em 1960, o país tinha pouco mais de três milhões de idosos, em 2010, chegamos a quase 20 milhões. Fora isso, estimativas da Organização Mundial da Saúde apontam que o Brasil deve dobrar sua população de idosos em um período de apenas 25 anos (para se ter uma ideia, na França esse crescimento levou 145 anos para acontecer). Enquanto esse movimento acontece, um tema fica cada vez mais delicado: a aposentadoria. E um recente levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que os brasileiros não estão se preparando para se aposentar.
O estudo “O Preparo para Aposentadoria no Brasil” indica que oito em cada dez brasileiros (78%) admitem que não estão preparando sua aposentadoria. A estimativa é que 104,7 milhões de adultos acima de 18 anos não se preparam para chegar a esta fase da vida com tranquilidade.
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A principal razão apontada pelos entrevistados para não se organizar financeiramente para aposentadoria é o fato de não sobrar dinheiro do orçamento atual (indicado por 47%). Além disso, 22% estão desempregados e outros 19% já começaram a guardar dinheiro com esse objetivo, mas não conseguiram continuar devido a problemas financeiros. Uma parcela de 15% também indicou ter outros planos e prioridades.
Preparo
A parcela de brasileiros que se prepara para ser aposentado é de 19%. Este percentual cresce para 25% entre os homens, 26% entre os mais velhos e 30% nas classes A e B. O que leva essa parcela a se organizar é o hábito de planejar a vida a longo prazo (35%).
Um dado interessante é que esta parcela dos entrevistados também escolhe se organizar por já ter visto o exemplo de pessoas que não se prepararam e por isso tiveram problemas financeiros após a aposentadoria (29%).
A meta de guardar dinheiro para a aposentadoria faz parte do planejamento de 77% dos brasileiros. A ideia é reservar um valor médio de R$ 371. Os meios mais comuns de reserva é a aplicação em poupança (39%), INSS pago pela empresa (30%) e INSS pago por conta própria (23%). Sobre o INSS, Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, ressalta que depender apenas dele não é recomendado. “Estamos vivendo um período de transição, e mesmo com a Reforma da Previdência parada no Congresso no momento, é muito provável que as regras sejam alteradas num futuro próximo”, lembra. “O ideal é pensar em uma combinação entre a previdência pública, que é vitalícia, e uma preparação por conta própria, que comece cedo e seja constante ao longo dos anos”.
Organização
O estudo mostra que 91% dos entrevistados que se organizam para guardar dinheiro conseguem fazer isso todo mês. Fora isso, 18% o faz a cada dois ou três meses e 5% aproximadamente três vezes ao ano – já 6% não têm frequência certa.
Nesse sentido, o educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, destaca que a regularidade é um fator fundamental na formação da reserva para a aposentadoria. “Independente do valor que a pessoa pode guardar, o efeito dessa ação será notado no longo prazo, e somente a constância permitirá que a pessoa consiga juntar um valor significativo”, aponta.
O ideal é que a reserva financeira seja planejada e se torne um hábito mensal. “O importante é definir um valor, fazer as contas e ver se a quantia economizada será suficiente para atingir o valor da aposentadoria pretendido pela pessoa no futuro”, explica. Cerca de 28% dos entrevistados dizem saber qual o valor que terão disponível ao se aposentar e 33% acreditam que o valor será suficiente para a aposentadoria no futuro.