O cheque especial é um recurso quase automático: se você tem direito a ele, pode muito bem acabar usando, afinal, ninguém te faz perguntas antes de sua conta “entrar no negativo”. Ao lado do cartão de crédito, essa é uma das modalidades de crédito mais conhecidas e utilizadas pelos brasileiros. A autorização para utilizar é muito simples, também: a partir da análise da vida financeira e do perfil de renda do cliente, os bancos estipulam um limite de crédito, que fica à disposição na conta corrente.
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O que pouca gente sabe, porém, é que essa modalidade de crédito oferece altas taxas de juros. O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) fizeram uma busca sobre isso e descobriram que 26% dos consumidores possuem cheque especial disponível para uso no banco, mas 51% destes não sabem os juros cobrados.
Recursos além do cheque especial
O levantamento mostra ainda que 32% buscaram alternativas de crédito antes de recorrer ao cheque especial, mas não conseguiram. “Com taxas que ultrapassam 300% ao ano, as dívidas no cheque especial crescem muito rapidamente. O consumidor só deve utilizar em caso de emergência e por um curto período, com a consciência de que, quanto mais tempo ficar no negativo, maior será o custo financeiro”, analisa a economista-chefe do SPC Brasil. “Caso se depare com alguma emergência, o consumidor deve analisar se há outras soluções de crédito com taxas menores, como o empréstimos pessoais e o consignado”, afirma.
Por que contrair dívidas?
Imprevistos como doenças e medicamentos são, de fato, os principais motivos para quem utiliza o cheque especial. De acordo com a pesquisa, 31% desses entrevistados usaram por esse motivo. Já 20% utilizaram para cobrir imprevistos com a manutenção de automóveis e 20% devido a um descontrole no pagamento de contas.
Entre os que possuem cheque especial disponível para uso, a maior parte (37%) nunca o utilizou e 30% o utilizam frequentemente, a cada três meses – a média geral de utilização entre os entrevistados que possuem é de seis vezes ao ano. Para Kawauti, o cheque especial pode, de certa forma, iludir o consumidor, que acaba pagando caro pela facilidade, praticidade e disponibilidade do recurso: “O consumidor tem de ter clareza de que aquele recurso incorporado ao seu saldo bancário não é seu. Se usar, terá de devolver, e pagando juros altíssimos, afinal, se trata de um empréstimo”.