Depois de meses consecutivos de crescimento, o Brasil teve uma nova queda no índice de inadimplência. A informação é da Serasa. A desaceleração corresponde a uma diminuição de 884 mil no número de consumidores com dívidas. Assim, esse número foi de -1,20% em relação ao mês anterior. Hoje, 72,54 milhões de brasileiros encontram-se em situação de inadimplência.
Segundo a Serasa, os brasileiros com idades entre 41 e 60 anos ocupam a maior fatia da população com nome restrito, com 35,2%. Na sequência, estão as faixas etárias de 26 a 40 anos (34,2%). Em terceiro lugar, vem as pessoas acima de 60 anos (18,9%). E, por último, os jovens entre 18 e 25 anos (11,8%).
Os problemas da inadimplência, para os consumidores, são vários. Eles incluem a dificuldade de acesso ao crédito, o aumento das taxas de juros e o impacto negativo na economia como um todo. Ademais, a inadimplência afeta diretamente as instituições financeiras, que precisam ajustar suas políticas de crédito e, muitas vezes, aumentar os encargos para os consumidores adimplentes.
Consequências da inadimplência
Ademais, o crescimento do número de inadimplentes pode resultar em uma diminuição do consumo, afetando as empresas e levando a uma desaceleração econômica. As empresas, por sua vez, podem enfrentar dificuldades em receber pagamentos. Por consequência, isso pode levar a cortes de investimentos e demissões.
Para mitigar esses problemas, é essencial promover a educação financeira, capacitando os indivíduos a gerirem melhor suas finanças pessoais e a entenderem as implicações do crédito. A conscientização sobre o uso responsável do crédito é fundamental para prevenir a inadimplência. Programas de renegociação de dívidas também podem ser uma solução viável, permitindo que os devedores encontrem alternativas para regularizar suas situações financeiras sem comprometer ainda mais suas economias. Além disso, é crucial que políticas públicas sejam implementadas para apoiar os cidadãos em dificuldades e estimular a recuperação econômica.
Crédito e dívidas
Em entrevista ao Portal Consumidor Moderno, Roberto Jabali, diretor executivo de Crédito e Cobrança do banco BV, analisando o cenário do país, comenta as estratégias da instituição.
Vale destacar que o banco BV registrou um lucro líquido de R$ 321 milhões no primeiro trimestre, representando um crescimento de 14,1% em comparação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado pela redução da inadimplência e pelo aumento da carteira de crédito ao varejo. A carteira de crédito alcançou 88 bilhões de reais, um incremento de 4,3% em relação ao ano passado. Já o portfólio de varejo cresceu 9,3%, atingindo 61,9 bilhões de reais, com ênfase no financiamento de veículos.
Acompanhe a entrevista na íntegra:
CM: Sobre a questão da inadimplência, quais as estratégias do banco BV para ajudar seus consumidores no que tange à inadimplência?
Primeiramente, é preciso enfatizar que é sempre oportuno trabalhar esse tema, do ponto de vista da quantidade de devedores do mercado; e também as estratégias do banco no mercado de crédito. O BV tem, historicamente, uma trajetória grande nesse mercado, com mais de 30 anos de atuação. Nós temos uma carteira bastante relevante nesse mercado, principalmente quando falamos de pessoa física, que é onde temos quase R$ 60 bilhões, grande parte desse montante voltado para o financiamento de veículos.
CM: Quantos clientes o banco BV tem hoje?
Hoje nós temos mais de 5 milhões de clientes em carteira, e essa é uma história de longa data, principalmente no diz respeito a abordar, ou seja, financiar. A meu, ver, essa é uma agenda muito positiva do crédito, em termos de construção de patrimônio e viabilização de sonhos.
CM: Qual é o foco do apoio do banco BV?
O BV tem atuado através da concessão de financiamento, e esse é o nosso “carro-chefe” para pessoa física. Aliado a isso, o banco tem desenvolvido uma estratégia de diversificação do seu portfólio, até para que tenhamos oportunidade de construir outros canais de crescimento. Então, o banco hoje é líder no financiamento de painéis solares, produto totalmente ligado ao conceito verde e sustentável. E isso não só ajuda o meio ambiente, mas também diminui os custos de energia das famílias. Tem também outra linha de empréstimo, que nós chamamos de EGV, que é o Empréstimo com Garantia de Veículo, o qual atua no sentido de “crédito consciente”.
CM: Como o EGV funciona? Existe algum outro programa do banco BV que merece destaque?
Através da disponibilização de uma garantia, que no caso é o veículo, o BV consegue disponibilizar para seus clientes empréstimos com taxas muito mais rentáveis e atraentes. A ideia é, portanto, oferecer condições de pagamentos reduzidas. Além disso, vale destacar que, há alguns anos, o banco vem desenvolvendo o chamado “Banco Relacional”, que possui a estratégia de estabelecer relacionamentos perenes, seja através da conta corrente ou da disponibilização de um seguro, seja através de um cartão de crédito, por exemplo. Enfim, o BV é uma casa de crédito, uma instituição que sempre prezou em apoiar os clientes na constituição desses sonhos, e a partir disso nós estamos construindo a nossa história, sem deixar de olhar os novos horizontes que estão por vir.
CM: A palestra que você ministrará no CCX – Credit and Collection Experience será focada na análise preditiva para concessão de crédito. Quais são as estratégias do BV para essa frente?
Nossa ideia é explicar a utilização de algoritmos avançados para prever comportamentos futuros com base em dados históricos. No setor de crédito, isso significa menos riscos e mais oportunidades para os credores e tomadores de empréstimos. Essa é uma ferramenta de impulsão, sem dúvida, para o desenvolvimento do país, e do mercado de crédito como um todo. Vale ressaltar ainda que a análise preditiva é uma ferramenta de valor para o cliente. Isso permite que o banco ofereça crédito de forma mais assertiva, ampliando oportunidades e reduzindo riscos. Para os consumidores, isso significa acesso a melhores taxas e condições de crédito. Com um histórico bem analisado, é possível conseguir empréstimos com menores custos, tornando o financiamento mais acessível.
O BV tem uma estratégia de forma genuína a escutar o cliente. Em outras palavras, aquilo que o cliente entende como sendo relevante é ouvido com atenção, e a ideia é verificar com atenção as dores e as necessidades dos clientes no desenvolvimento e alavancagem de ferramentas. Quando falamos sobre crédito, nós pensamos na análise preditiva como um “impulsionador” desse valor para o cliente. Quando nós trazemos inteligência para um processo de concessão de crédito, mesmo um processo de gestão de carteira, você consegue, em primeiro lugar, gerar personalização, chamada por muitos de hiper personalização, conseguimos disponibilizar para o cliente ofertas muito mais contextualizadas e aderentes. Através de automação dos processos, nós conseguimos disponibilizar uma concessão de crédito muito mais rápida. Mais de 95% das nossas decisões de crédito estão disponibilizadas de forma instantânea, então isso é relevante, é uma resposta imediata aos consumidores.
Isso sem contar que, essa concessão de crédito, aliada a ferramentas de segurança e prevenção à fraudes, é algo que, para nós e para nossos clientes, é muito relevante.
CM: Sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), quais são os desafios e o que está sendo feito para sanar esses obstáculos?
Esse é outro ponto bem relevante. Confiabilidade e proteção de dados são assuntos que o banco tem dedicado muita atenção, assim como toda a indústria, principalmente quando falamos de crédito e cobrança. Afinal, estamos falando de áreas que devemos ter um nível de atenção bastante elevado em relação aos dados. O ideal é sempre ter o olhar de “o cliente como dono dos seus dados”, com a capacidade de trabalhar essas informações e pedir informações sempre que necessário.
Dentro da regulação, nós temos essa iniciativa, que é disponibilizar os canais adequados para que os clientes tenham essa possibilidade, de baixar os seus relatórios de dados, por exemplo. Então, tanto do ponto de vista de LGPD quanto do ponto de vista de segurança da informação, o banco BV tem feito uma alocação de recursos, seja em termos de tempo, pessoas, dinheiro. Até quando nos comparamos com outras referências da indústria, nós estamos no chamado “top tear”, ou camada superior. Em outras palavras, nós figuramos entre os que mais investem, em termos de recursos financeiros, em segurança da informação e, por consequência, privacidade dos dados.
CM: Do ponto de vista da inovação, o que o banco tem proporcionado aos clientes?
O banco tem construído uma história de inovação muito importante, tanto do ponto de vista dos clientes quanto do crédito. Certamente, esse é um tema que eu vou querer abordar dentro do CCX, juntamente com a inovação ligada ao Open Finance. Como referência, nós incorporamos algumas referências do Open Finance nas nossas jornadas de crédito e hoje isso é muito interessante. Isso porque estamos falando de uma ferramenta que não existia no passado e hoje mais da metade dos clientes que consentem dados têm um incremento nos níveis de renda. Em outras palavras, isso significa melhor oferta de crédito. Mais de 1/3 desses clientes têm aumento nesses limites de crédito, baseado em inovação.
Em suma, o Open Finance traz diversas vantagens que são essenciais para a transformação do setor financeiro. Primeiramente, a transparência na troca de informações propicia uma avaliação mais precisa do risco de crédito. Com acesso a dados financeiros de diferentes instituições, os credores podem ter uma visão mais holística do perfil do consumidor, permitindo decisões mais informadas e rápidas. Só para exemplificar, nós temos uma ferramenta que quando o crédito é negado, nós conseguimos analisar novamente o perfil do consumidor, levando em consideração outros fatores que podem ter sido subestimados na análise inicial. Isso inclui aspectos como histórico de pagamentos, renda provada e o comportamento financeiro ao longo do tempo.
CM: Qual é o benefício dessa repescagem?
A repescagem é uma oportunidade valiosa tanto para os consumidores quanto para as instituições financeiras, pois possibilita que aqueles que inicialmente não se qualifiquem, possam ter acesso ao crédito. Essa abordagem não só aumenta as chances de concessão de crédito, mas também promove uma inclusão financeira mais ampla.
Um dos principais benefícios do Open Finance em relação à inadimplência é a capacidade de promover uma maior inclusão financeira. Ao permitir o acesso a dados de diferentes fontes, os consumidores podem ter um histórico de crédito mais completo, o que facilita a análise de seu perfil. Isso pode resultar em taxas de juros mais baixas e melhores condições de crédito para aqueles que, de outra forma, seriam considerados de alto risco devido à falta de informações.
CM: Qual é a relação do NPS com o ciclo de crédito e a redução da inadimplência?
Essa é outra inovação do banco. Nós colocamos leitura do NPS (Net Promoter Score) ao redor do ciclo de créditos. Durante muito tempo, nós desenvolvemos em nossos operadores de cobrança a inteligência emocional. Isso pra que eles pudessem prover o melhor atendimento para os nossos clientes. Isso está pautado em ferramentas como treinamento em escuta ativa e linguagem neutra. Então, quando fazemos a releitura do NPS em uma etapa tão intensa, quanto é a de cobrança, nós tivemos uma melhoria do índice, que teve uma elevação de 34 pontos, saltando de 45 pontos em dezembro de 2019 para 78 em dezembro de 2023, um aumento de 40%! E a ideia é que nós tenhamos mais desenvolvimento nessa área pela frente, porque estamos trazendo a Inteligência Artificial (IA) para codificarmos as ligações que temos.
CM: Por fim, atender o cliente, para o BV, é sinônimo de…
Valor.
No dia 6 de agosto, Roberto Jábali estará presente no Credit and Collection Experience (CCX), que reunirá especialistas, lideranças e empresários para propor soluções para os desafios da jornada dos consumidores brasileiros no acesso ao crédito e na resolução de dívidas, principalmente nesse momento, em vias da regulamentação da reforma tributária.
Diante de transformações no setor, motivadas por tecnologias recentes como a Inteligência Artificial generativa, Big Data e Machine Learning, chega o momento de aprofundar conhecimentos para construir a sustentabilidade financeira e econômica do país.
Venha transformar o crédito e cobrança no CCX! Confira a programação do evento clicando aqui.