O Trademate, plataforma de negociação de renda fixa da B3 lançado no final de julho de 2023, ultrapassou a marca de R$ 1 trilhão em volume de títulos públicos federais no mercado secundário negociados. O número representa uma média diária de R$ 9,5 bilhões em volume negociado, um crescimento de 26% na comparação com o mesmo período – julho a dezembro – do ano anterior.
Foram realizadas 41 mil operações no mercado secundário – no qual ativos são negociados entre investidores, ou seja, sem títulos inéditos –, um aumento de 54% em relação ao mesmo intervalo de 2022. O market share da B3 no modelo de negociação secundária já representa 11% do mercado de títulos públicos brasileiro.
“Nos últimos meses, observamos dias de negociação em que o volume do mercado secundário de títulos públicos federais no ambiente eletrônico da B3 chegou a 40%, se aproximando dos padrões médios observados no mercado norte-americano, onde aproximadamente 60% do volume negociado diariamente ocorre em ambiente eletrônico”, aponta Afonso Rossatto, Head de Produtos de Renda Fixa na B3.
Negociações nas nuvens
A nova ferramenta foi um dos resultados da parceria da B3 com a Microsoft e com a Oracle. Anunciada em 2022, a estratégia que tem como objetivo migrar os sistemas da Bolsa de Valores brasileira para a nuvem em dez anos. A primeira fase, com previsão de cinco anos, tem como objetivo realizar a migração de sistemas com maior adaptabilidade, como o Banco B3, e serviços como seguros e balcão. Em seguida, serão desenvolvidas novas tecnologias para a migração de sistemas que ainda não possuem soluções, além de mudar a forma como a B3 cria novos sistemas, priorizando modelo de cloud.
Dessa forma, o Trademate foi desenvolvido inteiramente em nuvem de forma a automatizar as negociações de ativos. A plataforma substituiu a solução Trader, que operava ainda com a necessidade de troca de arquivos entre players e, como consequência, impactava no volume de negociações durante o dia.
Lançado em julho de 2023, os primeiros produtos negociados na plataforma foram os títulos públicos federais indexados Notas do Tesouro Nacional Série B (NTNB), Letra Financeira do Tesouro (LFT) e Nota do Tesouro Nacional Série C (NTNC). Em agosto, foi escolhido pelo Tesouro Nacional como a plataforma oficial para a negociação de títulos públicos federais pela 18ª vez consecutiva – dando sequência ao trabalho do Trader.
Atualizações em 2024
Além da infraestrutura em nuvem, o Trademate possui uma série de vantagens em relação ao seu antecessor, o Trader. São possibilidades como: a integração com sistemas de pós negociação da B3 e de terceiros, conectividade com outros sistemas de negociação eletrônica da organização, processamento de altos volumes de mensagens por meio do uso de uma infraestrutura mínima, envio em tempo real de ofertas do mercado na plataforma da B3, além da integração com a Calculadora de Renda Fixa da B3.
Ao longo do ano, o Trademate receberá novas atualizações como a migração de Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), Cotas de Fundos Fechados (CFF), Debêntures e Crédito de Descarbonização (CBIO) – produtos hoje presentes na plataforma Trader. Além disso, a B3 prevê lançar uma versão web da ferramenta.
Segundo Afonso Rossatto, a modernização da plataforma permite a oferta de uma infraestrutura cada vez melhor para acomodar o crescimento do mercado secundário de renda fixa. “Após a conclusão da primeira fase da construção do Trademate, em 2024 nosso foco estará no desenvolvimento do mercado eletrônico de Títulos Privados e continuaremos trabalhando para mudar a realidade do mercado, que hoje negocia apenas 0,3% do seu volume diário em ambiente eletrônico”, afirma o executivo.