Em 2020, a McKinsey apontava que a computação em nuvem (cloud computing) teria o potencial de gerar um adicional para negócios de todos os setores, mundo afora, de até US$ 1 trilhão em EBITDA (em português, “lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”), um dos indicadores utilizados para fazer a medição dos resultados das empresas.
Só que esse valor agora triplicou de tamanho. Segundo o mais recente estudo da McKinsey a tecnologia em nuvem pode gerar US$ 3 trilhões com redução e otimização de custos, ganhos na produtividade e, principalmente, na geração de novos modelos de negócios até 2030. Mesmo com essa perspectiva, a Mckinsey avalia que a computação em nuvem permanece um desafio para a grande maioria das empresas.
De acordo com a consultoria, uma em cada dez empresas obtém sucesso e consegue tirar valor em escala da nuvem e cinco estão começando a colher os resultados. A McKinsey conversou com lideranças seniores de grandes empresas e constatou que metade delas migrou uma pequena parcela de seus aplicativos para a nuvem. Na média, o percentual de migração é de 15 a 20%, mas dois terços das empresas esperam migrar até 80% de seus sistemas para a nuvem até o fim desta década.
Para os analistas, Alessandro Rosa, sócio sênior da McKinsey em São Paulo e líder de Tecnologia na América Latina e Rafael Siqueira, sócio da McKinsey em São Paulo e líder de Build by McKinsey na América Latina, uma das razões para a desconexão atual entre ambição e realidade é que muitos negócios buscam uma migração muito gradual, utilizando modelos pouco eficientes ou limitando os seus orçamentos de TI. Uma estratégia eficaz para a nuvem, mas ainda tímida.
IA Generativa mudando o jogo
Nesse cenário, os especialistas alertam que não se trata apenas de trocar os servidores, mas refinar e, às vezes, reinventar o modo como a tecnologia é desenvolvida e gerenciada. Diferentes arquiteturas, serviços de infraestrutura e parceiros são necessários. Mais do que a tecnologia por si só, é preciso empreender uma mudança radical na forma de operar e se organizar. Tudo isso exige tempo e investimento. Na verdade, muitas empresas não estão convencidas de que podem pagar pela nuvem, ou de que o retorno financeiro será suficiente. Por isso estão indo devagar.
Contudo, inteligências artificiais generativas (GenAI), tem agora o potencial de acelerar o ritmo de migração, aumentando a produtividade do desenvolvedor e reduzindo os custos de migração e modernização para nuvem. Grande parte das lideranças ouvidas e dos especialistas consultados pela McKinsey acredita nisso. O impacto no ROI pode chegar a 110 pontos percentuais, afirma a consultoria.
Segundo Alessandro Rosa e Rafael Siqueira, da McKinsey, há dois caminhos: O primeiro é usar a nuvem para viabilizar usos de GenAI. Com uma enorme demanda por computação, armazenamento e rede, a GenAI precisa de plataformas de nuvem para escalar; pilotos e iniciativas desconectados executados por equipes que não atuam em sinergia não funcionam. Elas têm de pensar em criar fluxos de trabalho habilitados para a GenAI, o que irá incentivar as empresas a acelerar a migração para a nuvem.
O segundo caminho é o inverso: utilizar a GenAI para acelerar o uso da computação em nuvem. Por exemplo, corrigir um aplicativo para que ele funcione de maneira eficiente na nuvem é caro e demorado, mas a GenAI potencializa os esforços humanos. Ela pode ajudar a analisar milhões de linhas de códigos desatualizados, gerar novos códigos e criar scripts de testes para controle de qualidade. Resultados preliminares demonstraram que é possível reduzir em cerca de 40% o tempo e o custo necessários para essas tarefas, segundo a McKinsey. Para os especilaitas, uma tecnologia não exime a outra. Pelo contrário é necessário investir em ambas para aproveitar essas tecnologias ao máximo.
3 pilares para se concentrar na nuvem do futuro
Dos US$ 3 trilhões de ganhos estimados, apontados pelo estudo da McKinsey, uma parte pequena virá da redução e otimização de custos com TI. O maior percentual — até US$ 2,5 trilhões do total — resultará da maior capacidade de inovação dos negócios.
A consultoria aponta três pilares nos quais as empresas devem se concentrar para a adoção e impulsionamento da nuvem em seus negócios daqui para frente:
1 – Dedicação a casos de uso de alto valor, com ativação via negócio e não apenas via otimização de TI;
2 – Construção de uma arquitetura robusta de nuvem, com sourcing estratégico e roadmap integrado de migração;
3 – Gestão de transformação organizacional, focada num modelo operacional orientado para o produto, com talentos qualificados.
Vale ainda mencionar outra tendência que acelera esse cenário: o crescimento das plataformas de nuvem da indústria. O Gartner prevê que, até 2027, mais de 70% das empresas utilizarão plataformas industriais em nuvem para acelerar as suas iniciativas empresariais, contra menos de 15% em 2023.
Diante de tantos avanços no âmbito digital, a nuvem está se tornando uma necessidade para o sucesso de muito setores e empresas na era digital. Uma migração bem-sucedida pode significar o sucesso ou o fracasso desse modelo. Até 2030, muito coisa irá acontecer em termos de tecnologia, mas o importante é que as empresas e líderes entendam a importância da computação em nuvem como parte fundamental dessa evolução.