A Covid-19 foi responsável por uma série de mudanças no hábito do consumidor. Para além das compras no ambiente digital — o setor de e-commerce teve um crescimento histórico durante o período de pandemia —, as mudanças comportamentais também geraram alterações na forma de pagar pelos produtos: as compras parceladas no cartão de crédito aumentaram consideravelmente.
É o que mostra uma pesquisa realizada recentemente pelo Datafolha a pedido da Associação Brasileira de Internet (Abranet): durante a pandemia, o número de usuários de cartão de crédito que criaram o costume de efetuar compras parceladas cresceu 75% em comparação aos anos anteriores.
O novo hábito está intimamente relacionado à situação de isolamento social. Com medo da contaminação, os consumidores evitaram sair de casa e, para economizar nos fretes de entrega, concentraram as compras. Em outras palavras, a frequência de gastos foi reduzida e houve um aumento do gasto médio das transações de 6,9%, segundo report do Itaú. O cenário levou a um parcelamento maior para o pagamento das compras.
Compras mais espaçadas e mais custosas
Dentro da tendência de parcelamento apresentada pela pesquisa do Datafolha, nota-se que esse novo hábito de parcelar o pagamento — que na verdade não é novo, mas se tornou mais popular durante a pandemia — está ligado a compras maiores e menos frequentes. Um investimento grande para a compra de itens de maior valor agregado para a casa ou até mesmo uma única aquisição mensal no supermercado, por exemplo, foram observadas pelo estudo como hábitos comportamentais atrelados à pandemia.
Esse fator é uma tendência que pode ser permanente para o mercado. Afinal, ao conseguir organizar as finanças por um período conturbado utilizando o recurso de parcelamento, não há motivos para voltar ao comportamento de compra anterior.
De acordo com a pesquisa da Datafolha, quem tem feito mais compras parceladas são as mulheres, que representam 78% do público que passou a utilizar com mais frequência a opção de pagamento.
Bens duráveis costumam atrair mais compras parceladas
O estudo também observou que o uso recorrente do parcelamento costuma vir da aquisição de bens duráveis, tais como veículos automotivos, móveis e eletrodomésticos — os dois últimos obtiveram um aumento expressivo no número de compras e vendas em 2020 pela maior permanência dos consumidores dentro de casa, graças ao home-office.
No quesito de produtos de longa duração, há preferência por qualidade e alto investimento, o que dificulta a compra à vista. Sendo assim, em especial para as classes econômicas mais baixas, o pagamento em parcelas se encaixa como uma opção viável para se obter o produto desejado sem que haja maior dano na rentabilidade mensal.
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