Quando as tratativas para a compra do Walmart no Brasil pelo fundo Advent finalizarem, o que deve acontecer até o final deste ano, o primeiro passo que o fundo deve dar é esvaziar as cadeiras do primeiro escalão da varejista no Brasil, segundo uma fonte envolvida na operação.
A varejista confirmou a venda de 80% da operação brasileira para o fundo de private equity na última segunda feira. Esta é a maior transação de fusão e aquisição do varejo brasileiro depois da transação do GPA pelo francês Casino.
A operação já era esperada pelo mercado, diante dos resultados cada vez piores da varejista no Brasil. A empresa espera registrar um prejuízo líquido de aproximadamente US$ 4,5 bilhões no segundo trimestre. A transação deve ser concluída até o final deste ano.
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No Brasil desde 1995, o Walmart sofreu para ajustar a operação. Em sua primeira fase, colocou americanos para gerir a operação brasileira. Não funcionou. A companhia, então, enviou mexicanos, por acreditar que a proximidade dos mercados ajudaria na gestão. De novo, não deu certo.
Agora, segundo a fonte, é possível que a gestão fique nas mãos de um brasileiro. O mais cotado para assumir a cadeira principal é Luiz Fazzio, que tem experiência em turnarounds de negócios no varejo, como deve ser o do Walmart.
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O que deve acontecer?
A fonte ouvida por NOVAREJO confirmou que a operação deve ser reestruturada do zero. “Tudo está uma bagunça. O backoffice tem sistemas antigos e vai ser preciso reestruturar da logística às lojas”, afirmou a fonte.
O Walmart deve seguir a receita das varejistas brasileiras: apostar em atacarejo e mercados de vizinhança. Para isso, vai rever o portfólio de lojas. Há muitas operações que não se encaixam em nenhum desses dois modelos.
Além disso, haverá reposicionamento de marca. O “preço baixo todo dia” deve morrer e a operação seguirá o modelo das varejistas brasileiras, baseado em promoções e ofertas.
Ainda não se sabe se a companhia enxugará o portfólio de marcas com as quais opera no País.
Mudanças positivas para o mercado
Para Sérgio Nóia, sócio da Enéas Pestana & Associados, a transação vai fazer bem ao mercado brasileiro. “Os futuros ajustes na terceira maior rede irá deixá-la mais forte para aumentar a sua competitividade com os maiores players e regionais, além de ganhar market share e conseguir assim brigar em formatos vencedores do varejo brasileiro com preços”, disse.
“Essa transação é o start para uma grande mudança, que será saudável, na dinâmica do Varejo brasileiro, tanto para indústria como para o consumidor”, complementou Rogério Soares, também sócio da consultoria. “O Varejo é um dos maiores empregadores do País e que contrata muitos serviços e com o fortalecimento da rede poderá haver efeitos positivos nas regiões onde as lojas estão localizadas”, afirma.
Para os sócios, o Advent foi muito corajoso ao realizar uma das maiores aquisições da última década e eles estão preparados para reposicionar a empresa a fim de gerar resultados significativos no país.