A semana começou com agito no meio varejista. O Walmart confirmou nesta segunda-feira a venda de quase toda sua operação no Brasil para o fundo de private equity Advent. A maior empresa de comércio varejista do mundo terá 20% do controle, enquanto a operadora majoritária terá significativos 80% do Walmart brasileiro e de todas as outras redes adquiridas pelo grupo.
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A decisão vem de uma análise cuidadosa e deliberada do portfólio internacional do Walmart. Como resultado da transação, a empresa espera registrar um prejuízo líquido de aproximadamente US$ 4,5 bilhões no segundo trimestre. O prejuízo deve-se ao reconhecimento de perdas acumuladas de conversão de moeda estrangeira e a perda final pode flutuar significativamente devido a alterações nas taxas de câmbio até a data do fechamento. A transação deve ser concluída no final deste ano.
“Estamos comprometidos em construir negócios fortes e resilientes que se adaptem continuamente às necessidades dos clientes locais em um mundo que está em rápida mudança”, disse o CEO do Walmart para o Reino Unido, América Latina e África, Enrique Ostale, EVP e CEO do Walmart UK, América Latina e África.
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O fundo Advent, com escritório em São Paulo desde 1997 e com grandes investimentos no Brasil, também se pronunciou sobre o acordo. “Estamos no Brasil há mais de 20 anos e estamos entusiasmados com essa parceria com um dos principais varejistas do país”, disse Patrice Etlin, sócio-gerente da Advent International no Brasil.
“Acreditamos que com o nosso conhecimento do mercado local e experiência de varejo, podemos posicionar a empresa para gerar resultados significativos e alcançar novos níveis de sucesso no Brasil. Segundo Etlin, o investimento no Walmart é justamente uma demanda da varejista para criar “uma empresa mais ágil e moderna para acelerar seu desenvolvimento e melhorar a experiência do cliente”. O Walmart foi assessorado na negociação pelo Goldman Sachs e a Advent International, pelo Credit Suisse e Euro Latina Finance.
Walmart em crise no Brasil
No primeiro trimestre de 2018, o Walmart teve 30% a menos no lucro líquido na comparação anual e, na divulgação de seus resultados, culpou as leis brasileiras por puxarem para baixo os ganhos da rede em seu mercado internacional.
“As leis federais, estaduais e municipais brasileiras são complexas e sujeitas a diferentes interpretações. As subsidiárias da companhia no Brasil são parte de um grande número de reclamações trabalhistas e de imposto de renda”, diz o Walmart em relatório global para seus investidores. Segundo a companhia, essas questões judiciais acabam influenciando no desempenho financeiro do grupo. Contatada pela reportagem, a rede varejista norte-americana diz que não comenta os resultados das operações no Brasil.
Em entrevista à NOVAREJO, na última edição da revista, o sócio da consultoria Enéas Pestana & Associados, Sergio Noia, afirmou que o Walmart está no pior dos mundos. “Não tem atacarejo estruturado e não tem lojas de vizinhança. O foco ainda são os hipermercados e os seus supermercados, que não estão bem resolvidos. É preciso, primeiro, entender o lugar e o consumidor de onde você se instala”, opina o especialista, que é ex-diretor do GPA, Carrefour e do próprio Walmart.
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