Lives, webinar e WhatsApp são ferramentas que passaram a fazer parte da rotina de empresas de moda, calçadista e de alimentação durante a pandemia. Seu uso foi intensificado na última quinzena, com a reabertura do varejo.
Com fornecedores de produtos não essenciais parados por causa do isolamento social, tudo que os empresários não querem é correr o risco de não terem o que vender. As redes sociais, nesse sentido, foram um aliado importante.
De qualquer forma, a FecomercioSP descarta um choque de demanda. “Não há risco de desabastecimento. A retomada do consumo será gradual e lenta, no ritmo que fornecedores poderão atender”, afirma o assessor econômico Guilherme Dietze.
Ele explica que a cadeia de suprimentos não foi desestruturada, como parece que aconteceria no início das medidas de isolamento social. “As grandes empresas conseguiram crédito para manter a operação logo no início. E, o Promampe está ajudando as pequenas e médias”, afirma Dietze.
O Promampe é o programa do governo federal criado para auxiliar micro e pequenos empresários durante a crise econômica causada pelo novo coronavírus.
SETORES EM RISCO
Vestuário e calçados são os setores que poderão sofrer mais com a retomada. Coleções passadas em estoque e ausência de lançamentos podem inibir as vendas. Além do mais, com tanta gente ainda trabalhando em casa, ficar fashion não é prioridade.
“Enquanto vender sapato é um negócio para os empresários, para o consumidor é um ato de prazer. Poucos se arriscarão enquanto não houver uma vacina” opina o diretor da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac) Antoniel Marrachine Lordelo, diretor da rede Azul Calçados.
Ele conta que no primeiro mês de isolamento, a marca faturou apenas 1% do que vendia na média mensal. Em maio, após implementar o e-commerce, as vendas alcançaram 15% do faturamento médio e, em junho, chegaram a 50% da média.
“A partir de maio os funcionários puderam voltar para a loja e, mesmo de portas fechadas, implementamos as vendas por meio de redes sociais”, diz.
A empresa criou um catálogo eletrônico para o Instagran e os clientes faziam o pedido via WhatsApp Business. “Com isso conseguimos zerar o estoque que tínhamos. Nas últimas semanas recomeçamos, aos poucos, negociar com os fabricantes”, explica Lordelo.
GESTÃO DE ESTOQUE
Gerente sênior de riscos e performance da ICTS Protiviti, Pedro Barra acredita que fazer o controle do estoque é a maneira mais assertiva de reduzir perdas, não importa o setor de atuação. A consultoria de gestão de riscos é especializada em prevenção a perdas.
“A volta da operação em horário reduzido pode tornar a operação mais custosa, e com menos receita. Portanto, gerenciar o estoque é fundamental para ajustar as contas”, explica.
A dica de especialista é que os empreendedores realizem as compras na medida em que as vendas forem aumentando. “Vale uma conversa para saber se o fornecedor conseguirá atender quando a demanda subir”, afirma.
Reduzir sortimentos e direcionar os itens certos para as lojas específicas também podem ajudar a atender a demanda sem gerar perdas, diz Barra.
TEM LANÇAMENTO TAMBÉM
A Polenghi é o exemplo de empresa que segue à risca essa recomendação. De acordo com Tatiane Brandão, diretora de marketing da marca, a empresa faz monitoramento constante dos estoques e uma revisão contínua das projeções de demandas para atender o setor alimentício da melhor maneira. “Focamos nos itens prioritários e estamos preparados para a retomada da atividade”, afirma.
A empresa, inclusive, lançou um produto em plena pandemia: o Fondue Cheddar. Ela explica que o lançamento já estava programado para 2020, prevendo que itens sazonais, como o fondue, são vendidos especialmente no período de maio a agosto.
“Como o projeto já estava planejado para 2020, lançamos na data prevista e o item acabou sendo impulsionado pela quarentena. As pessoas estão passando mais tempo dentro de casa, estão buscando itens indulgentes e variedade no cardápio. Isso ajudou”, diz Tatiane.
Por conta da tecnologia da produção, o founde não precisa de refrigeração. “Isso permite fazer exposições de grande visibilidade nas lojas, em locais de alto fluxo”, finaliza a executiva.