/
/
A revolução será em 3D: menos bits, mais átomos

A revolução será em 3D: menos bits, mais átomos

Já existem armas produzidas em material plástico capazes de disparar munição tradicional

Eu confesso que não encarava com seriedade, talvez pela falta de conhecimento do assunto, a revolução que a impressão 3D está causando no mundo, e como essa poderia afetar o mundo do varejo num futuro muito próximo.

A oportunidade de conhecer durante uma das visitas técnicas da delegação BTR NOVAREJO uma das lojas da MakerBot em Nova York aguçou minha curiosidade pelo assunto, que até então eu encarava como um brinquedo ou produto capaz de fazer outros produtos, talvez muito mais interessante para geeks, artistas e designers do que para o público em geral.

A discussão sobre o tema nos EUA pode ser vista no excelente documentário produzido pela Netflix chamado ?Print the Legend?, que apresenta as principais empresas do segmento e seus posicionamentos de mercado, através de uma breve história desse mercado.

O breve documentário, que começa em uma disputa entre grandes empresas e pequenos e sonhadores desenvolvedores, com seus posicionamentos e sonhos, cobre em um pequeno espaço de tempo as profundas transformações que essas empresas estão também passando internamente.

Voltando à discussão do tema, se pensarmos em objetos comuns, e na replicação desses em impressoras 3D mais simples, voltadas ao consumidor normal (pois também existe a verdadeira produção industrial, voltada a segmentos como a indústria aérea e automobilística), a maioria dos produtos impressos finais hoje é confeccionada em plástico ou resina (como gnomos, peças de xadrez, e outros pequenos objetos) e sua velocidade de produção atual deixa a desejar se comparada à produção em escala de qualquer produto plástico, por exemplo, injetado.

Para efeito de comparação, um globo terrestre com cerca de 50cm de diâmetro leva cerca de 50 horas para ser produzido, algo que talvez desanime os mais ansiosos em criar uma coleção própria de peças de montar (como Lego) em casa para brincar.

Porém se pensarmos nas possibilidades de produção de objetos customizados ou 100% anatomicamente modelados ou adaptados ao seu comprador, é de fato uma ideia interessante, como para a produção de próteses, móveis e até mesmo roupas e acessórios.

Imagine de fato criar um par de óculos que se encaixe 100% em seu rosto. Um bom exemplo disso é o trabalho que o pessoal da Normal tem desenvolvido, produzindo headphones moldados ao recorte da orelha do usuário, com encaixe e isolamento sonoro perfeitos.

Assim como a solução atual já é de grande valia para a produção de mocapes de produtos, como maquetes e estudos de arquitetura, que se transformam de projetos renderizados no computador para o trabalho impecável e de melhor custo de uma impressão 3D (e possivelmente com velocidade de produção até melhor, nesse caso específico).

É fato que a impressão 3D vem crescendo e se desenvolvendo numa velocidade espantosa. A partir de cerca de US$ 1.000,00, qualquer pessoa pode produzir praticamente tudo o que possa imaginar, o que inclusive vem criando discussões sérias sobre o tema, principalmente sobre dois aspectos: a produção de peças com copyright e o a produção de armas.

Há hoje, inclusive, armas que hoje são produzidas 100% em material plástico e capazes de disparar munição tradicional, o que seria um risco para a segurança de qualquer cidadão e uma oportunidade na mão de terroristas e pessoas mal intencionadas, uma vez que se trata de um material de fácil desmonte e de difícil identificação.

Voltando ao tema do copyright, como empresas poderão no futuro se defender da ameaça de produção caseira? No caso da Lego, sua maior virtude (a simplicidade de se construir praticamente tudo através de peças de plástico) poderá também ser uma de suas maiores fraquezas no futuro?

É sempre um risco um palpite como esse, mas em termos de comparação acredito que estamos nesse momento vivendo algo parecido com o que foi a Internet para os consumidores em meados da década de 90, ainda que de contato possível na época para alguns poucos curiosos, restrito a grandes empresas e experts da área, e que vislumbravam, mas de fato não tinham a mínima ideia do que ainda viria pela frente ou que a Internet faria parte de nosso cotidiano de maneira tão sinérgica à maioria de nossas atividades.

Do mesmo modo, podemos dizer que estamos no início de algo revolucionário, e que com certeza irá ainda passar por sérias transformações, mas que veio para ficar e fazer parte do nosso cotidiano nos próximos anos, de maneira cada vez mais acessível.

Será que teremos algum player como a Amazon ou a Apple entrando nesse mercado? Eu imagino a seguinte situação, e a partir disso, começo a pensar sobre como o varejo poderá ser afetado.

Imagine você em sua sala de estar assistindo um programa de compras na televisão, ou talvez navegando em algum e-commerce, e ao gostar de um produto, com um simples toque (se isso ainda for necessário no futuro ? talvez só a força do pensamento já seja suficiente), você compra o produto.

Ao invés de ele precisar ser produzido, embalado, despachado e entregue, ele somente seria produzido, renderizado, ou impresso em sua casa. É possível que talvez a briga seria quem teria a melhor relação de custo x benefício de equipamento, ou talvez a melhor qualidade de acabamento ou velocidade de produção. Ou o melhor custo x benefício de matéria-prima utilizada.

Para que então serviria a loja física? Seria apenas uma questão de experiência de compra? Será que serviriam apenas como showroom de experiências e talvez de cadastro de seus consumidores, lendo e gravando todas as suas características físicas?
O futuro e a revolução estão aí. Já impressos.

*Caio Camargo é blogueiro especializado em varejo

Leia mais:

2015. E aí?

O que o varejo físico pode aprender com o e-commerce

PDV não! Ponto de contato!

Compartilhe essa notícia:

WhatsApp
X
LinkedIn
Facebook
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Recomendadas

MAIS MATÉRIAS

SUMÁRIO – Edição 291

A evolução do consumidor traz uma série de desafios inéditos, inclusive para os modelos de gestão corporativa. A Consumidor Moderno tornou-se especialista em entender essas mutações e identificar tendências. Como um ecossistema de conteúdo multiplataforma, temos o inabalável compromisso de traduzir essa expertise para o mundo empresarial assimilar a importância da inserção do consumidor no centro de suas decisões e estratégias.

A busca incansável da excelência e a inovação como essência fomentam nosso espírito questionador, movido pela adrenalina de desafiar e superar limites – sempre com integridade.

Esses são os valores que nos impulsionam a explorar continuamente as melhores práticas para o desenho de uma experiência do cliente fluida e memorável, no Brasil e no mundo.

A IA chega para acelerar e exponencializar os negócios e seus processos. Mas o CX é para sempre, e fará a diferença nas relações com os clientes.

CAPA: Camila Nascimento
IMAGEM: IA Generativa / Adobe Firefly


Publisher
Roberto Meir

Diretor-Executivo de Conhecimento
Jacques Meir
[email protected]

Diretora-Executiva
Lucimara Fiorin
[email protected]

COMERCIAL E PUBLICIDADE
Gerentes-Comerciais
Angela Souto
[email protected] 

Daniela Calvo
[email protected]

Elisabete Almeida
[email protected]

Érica Issa
[email protected]

Natalia Gouveia
[email protected]

NÚCLEO DE CONTEÚDO
Head de Conteúdo
Larissa Sant’Ana
[email protected]

Editor-assistente
Thiago Calil
[email protected]

Editora do Portal 
Júlia Fregonese
[email protected]

Produtores de Conteúdo
Bianca Alvarenga
Danielle Ruas 
Jéssica Chalegra
Marcelo Brandão
Nayara de Deus

Head de Arte
Camila Nascimento
[email protected]

Revisão
Elani Cardoso

COMUNICAÇÃO
Gerente de Comunicação e Cultura
Simone Gurgel

MARKETING
Gerente de Marketing
Ivan Junqueira

Coordenadora
Bárbara Cipriano

TECNOLOGIA
Gerente

Ricardo Domingues


CONSUMIDOR MODERNO
é uma publicação da Padrão Editorial Ltda.
www.gpadrao.com.br
Rua Ceará, 62 – Higienópolis
Brasil – São Paulo – SP – 01234-010
Telefone: +55 (11) 3125-2244
A editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos ou nas matérias assinadas. A reprodução do conteúdo editorial desta revista só será permitida com autorização da Editora ou com citação da fonte.
Todos os direitos reservados e protegidos pelas leis do copyright,
sendo vedada a reprodução no todo ou em parte dos textos
publicados nesta revista, salvo expresso
consentimento dos seus editores.
Padrão Editorial Ltda.
Consumidor Moderno ISSN 1413-1226

NA INTERNET
Acesse diariamente o portal
www.consumidormoderno.com.br
e tenha acesso a um conteúdo multiformato
sempre original, instigante e provocador
sobre todos os assuntos relativos ao
comportamento do consumidor e à inteligência
relacional, incluindo tendências, experiência,
jornada do cliente, tecnologias, defesa do
consumidor, nova consciência, gestão e inovação.

PUBLICIDADE
Anuncie na Consumidor Moderno e tenha
o melhor retorno de leitores qualificados
e informados do Brasil.

PARA INFORMAÇÕES SOBRE ORÇAMENTOS:
[email protected]