Dubai (Emirados Árabes) Enlatados, embalados, artesanais, saudáveis, frescos e industrializados. O varejo que vende alimentos foi quase destroçado pelas lideranças do setor. Mas a tecnologia ajudou a virar esse jogo. O World Retail Congress 2017 trouxe um painel sobre essa reinvenção: “‘A evolução do varejo alimentar – do básico até a tecnologia – como este segmento está se modificando para prosperar?”.
O painel trouxe como debatedores Mohamed Althaf, diretora do Lulu Group International; Pascal Billaud, CEO da divisão Alimentar da Central Group; Andrew Higginson, Chairman da Morrisons, e mais Amitabh Mall, sócia e diretora do Boston Consulting Group. Afinal, o varejo de alimentos é um negócio mais resistente do que se imaginava?
A revista NOVAREJO digital está com conteúdo novo. Acesse agora!
Para Amitabh Mall, todas as operações de varejo hoje passam por dificuldades. A ascensão do varejo de proximidade e das redes de desconto é uma ameaça profunda às redes voltadas para mercearia. O Amazon Go, com sua enorme eficiência, também representa um competidor formidável para varejistas, principalmente aqueles que se diferenciam pelo fornecimento de produtos frescos.
Outra grande ameaça à fraqueza das marcas tradicionais: produtos mais baratos, muito mais baratos que aqueles originalmente concebidos por marcas tradicionais obtêm, dos consumidores, a mesma avaliação. A venda recorrente de marcas de combate reduz margens.
A resposta do varejo
Há muitas formas de resposta dos varejistas para esta situação. Melhorar a experiência das lojas, oferecendo comida pronta para comer é um exemplo óbvio.
Para Andrew Higginson, todo o movimento em torno dos varejistas de descontos ajudou o varejo como um todo, pois condicionou o mercado a negociar preços sempre menores. “Após a crise de 2008, registramos uma erosão dos preços. Muitas empresas de supermercados e mercearias enfrentam um grande desafio de preservar rentabilidade diante desse cenário. Todo o varejo foi beneficiado com essa onda de descontos”.
Mall diz que a grande questão do varejo diz respeito à escolha. “Como explorar a escolha dos consumidores em favor dos preços e das margens?”, questiona.
Pascoal Billaud, por sua vez, defende que o varejo de alimentos precisa ser resiliente e criativo. Em reuniões com os gerentes, o executivo sempre pergunta sobre os clientes, o que buscam, quando buscam, onde compram. A experiência do cliente vai prevalecer ou é necessário ser agressivo nos preços, pergunta Mall. Pascoal defende que o preço não é mais fundamental. “Se o consumidor quer produtos de origem, entregamos e, dessa forma, não ficamos dependentes de políticas agressivas de preço”.
Para Althaf, a indústria precisa preencher uma lacuna entre as expectativas dos consumidores e a oferta do varejo. Glúten free, dairy Free (sem leite), vegetarianismo são tendências crescentes que mais e mais atraem consumidores. A indústria reage muito lentamente a essas mudanças, levando o varejo de alimentos a buscar produtos alternativos.
Apostas?
Nesse sentido, varejistas especialistas ganham vantagens importantes. Nos próximos cinco anos, se houvesse uma aposta, qual seria? Higginson, da Morissons, diz claramente que a aposta é conveniência. Estruturar a operação no sentido de oferecer maior conveniência faz todo sentido para qualquer operação. E se a conveniência é diferencial, de que modo um varejista de desconto sobreviverá? Eles oferecem essa conveniência. A resposta é que ela deriva da localização, ajusta-se à comunidade.
E o e-commerce? Qual a previsão de crescimento? Os dados mostram que este canal irá atingir 10% do varejo alimentar em no máximo 10 anos. Athalf diz que não se deve pensar em e-commerce, mas sim em canais. É a maneira correta de avaliar a rentabilidade da operação.
Mall diz que realmente a chave para enfrentar os desafios do futuro é a conveniência. Mas como definir conveniência? E como conciliar essa ideia de conveniência alinhando as expectativas do varejo e dos consumidores? O setor busca respostas.