Nos últimos meses muitas pessoas começam a ter dificuldade com a produtividade e a criatividade em seus trabalhos. Apesar de parecer comportamentos naturais – considerando o cenário de pandemia e incertezas – esses fatores podem estar relacionados ao presenteísmo.
Mas você conhece esse conceito? O nome se refere ao estado de presença física de um profissional no ambiente de trabalho, mas sem estar totalmente envolvido ao mesmo. É como se seu corpo estivesse em um lugar e sua mente focada em outras coisas, muitas vezes, sem você perceber.
Helen Limões, psicóloga da clínica AmorSaúde, parceira do Cartão de TODOS, explica sobre o comportamento.
“O presenteísmo se refere ao estado de pessoas que, mesmo presentes fisicamente em seu trabalho, tem seus pensamentos longe das tarefas a serem desempenhadas. O profissional que sofre com o presenteísmo está no trabalho todos os dias, mas não consegue se vincular emocionalmente com suas obrigações”, afirma ela.
Para Sérgio David, psicólogo e consultor em desenvolvimento humano, nesta época de quarentena os “sintomas“ estão mais fortes e afetando gradualmente as pessoas.
“Todo novo evento de estresse ligado ao trabalho pode contribuir para o aumento desse quadro. A pressão de ter de se manter focado e produtivo num cenário de incerteza ou dentro de um modelo de home office, podem sim ocasionar o surgimento ou agravamento de um quadro de presenteísmo. É preciso estar atento, pois é comum que algumas empresas e gestores tratam a questão como ‘corpo mole’, preguiça e falta de comprometimento e a questão pode estar além do controle do funcionário”, ressalta o especialista.
COMO IDENTIFICAR?
Um dos primeiros sinais para identificar o presenteísmo são os erros básicos no dia a dia, coisas que antes eram feitas com mais facilidade e passaram a se tornar mais desafiadoras. Outra forma de identificar é a queda brusca de produtividade.
“Se o funcionário começa a errar tarefas simples que antes ele concluía perfeitamente, isso pode apontar para um baixo engajamento. Essa falta de engajamento pode ser percebida também nas relações interpessoais. Se um funcionário extrovertido passa a se calar com maior frequência, não dando opiniões e aceitando tudo”, ressalta Helen Limões.
Há alguns fatores que podem intensificar as causas do presenteísmo, entre elas estão: o funcionário pode estar passando por uma doença grave que pode atingir diretamente ou indiretamente sua produtividade; alta demanda, o que pode causar um pico elevado de estresse que afeta diretamente seu psicológico; e problemas pessoais com relacionamentos familiares, que podem afetar seu cotidiano e resultar em procrastinação.
Além do contexto pessoal, as expectativas referentes a realidade do ambiente de trabalho também podem aprofundar os sintomas.
“A insatisfação com o cargo, onde os desafios e responsabilidades não se adéquam ao que esperava no momento da contratação; e o clima organizacional, onde o funcionário se sente sozinho dentro da empresa ou acredita que seu setor não merece a atenção devida, colaboram” afirma Limões.
DICAS PARA EVITAR O CASO
Uma vez que o presenteísmo afeta diretamente o psicológico do colaborador, é importante que para a prevenção dos sintomas, as empresas estimulem seus funcionários com reconhecimento, planos de carreira e capacitação.
De acordo com Sérgio David, a companhia precisa estar atenta ao ritmo de trabalho imposto por sua cultura organizacional e entender o limite de cada um. “Não é saudável que o clima seja de estresse constante. Cabe cuidarem para não criar um clima de tensão e/ou competição dentro de suas equipes. As pessoas trabalham melhor quando o clima é acolhedor e de desenvolvimento”, orienta.
Já os afetados, precisam pensam em práticas além do expediente de trabalho, como exercícios físicos, consultas ao psicólogo, meditação e tentar descarregar as energias em momentos mais leves. ” Os profissionais precisam encontrar espaços de descanso (10 minutos de café, por exemplo) algumas vezes ao dia durante a jornada, para se afastarem do estresse e voltarem mais produtivos. Também podem eleger atividades prazerosas fora do trabalho para aliviar a tensão e vivenciar momentos de prazer”, conclui David.
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