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Qual a sua verba para o erro?

Qual a sua verba para o erro?

"Novas trilhas inevitavelmente levarão a erros de rotas. Quem faz trilhas sabe bem disso e, nem por isso desiste de percorrer caminhos não pavimentados"

O que nos impede de inovar, de tomar decisões mais arrojadas? O medo do erro talvez seja o principal motivo que nos paralisa diante da possibilidade de fazer diferente. A expressão “Em time que está ganhando não se mexe”, já incorporada na cultura popular, traduz o nosso medo de mudança diante da possibilidade de qualquer desvio ao curso normal esperado, após uma sequência de resultados minimamente satisfatórios. Essa frase representa a nossa aversão à perda, viés presente em nosso modelo mental de decisão e que nos freia diante do risco sempre presente em novas
ideias.

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Não apenas não gostamos de perder, como é assimétrica a nossa reação diante de perdas e ganhos. Em 1970, Daniel Kahneman e Amos Tversky descobriram, através de pesquisas experimentais, que “odiamos perder duas vezes mais do que adoramos ganhar.” Essa assimetria que valoriza perdas certamente foi fundamental para desconfiarmos de tudo o que poderia representar algum risco a nossa vida, permitindo que “evoluíssemos” a homo sapiens. No entanto, em matéria de inovação, desconfiar de tudo o que pode dar errado não é a melhor estratégia do mundo. Inovar requer investir em algo hoje com alguma possibilidade que dê certo no futuro, mas sem garantias de sucesso.

Talvez essa aversão tenha funcionado bem em uma época na qual as mudanças não eram tão imediatas. Hoje, com o mesmo time você pode ganhar o jogo sim, mas talvez não ganhe o campeonato. Um desafio reconhecido e assumido pelos líderes mais inovadores que entrevistei é a necessidade de pensar a longo prazo, fazendo ajustes rápidos de rota. Nas conversas que tive com esses executivos percebi algo em comum entre todos: o reconhecimento espontâneo do erro e o aprendizado que ele traz, mais bem resumida na frase “ou você ganha, ou aprende.” Pela experiência acumulada de erros e acertos sucessivos, entenderam que não basta repetir hoje o que deu certo ontem. Sabem a necessidade de se repensar continuamente o que se tem feito para abrir a possibilidade em se trilhar novos caminhos.

Novas trilhas inevitavelmente levarão a erros de rotas. Quem faz trilhas sabe bem disso e, nem por isso desiste de percorrer caminhos não pavimentados. Apenas se prepara para reconhecer o erro rápido o suficiente para voltar a tempo ao caminho que os leve aonde se pretende chegar. É o que aprendemos também com as startups. Ao projetarem negócios que não existem, entendem que erros acontecerão e, ao invés de evitá-los, permanecem de olhos e ouvidos abertos para detectá-los rapidamente e ajustar o caminho que as levem mais longe.

Criar o hábito de aprender com o erro é uma questão de estímulo e treino. Algumas empresas com abordagens mais inovadoras, como a Coca-Cola, utilizam um método bem interessante para incentivar o nascimento de ideias diferentes. Trata-se do setenta/vinte/dez, na qual 10% da verba é destinada àquelas ideias com chances reais de darem errado. Na Coca-Cola, 70% do seu investimento está voltado a programas estabelecidos e bem-sucedidos (Now), 20% é direcionado a tendências emergentes que estão começando a ganhar força (New) e 10% para as ideias que não foram
completamente testadas (Next).

Ao prever o erro, estimulamos o surgimento de ideias disruptivas sem as amarras, barreiras e os julgamentos que normalmente acontecem, dando chance para que um novo jeito de fazer as coisas surja – ao longo do qual novos aprendizados surgirão. Pode ser realmente que a ideia não funcione. Mas se isso acontecer, já estava previsto – erramos e aprendemos. Mas, e se funcionar? E se ela crescer a ponto de envolver as pessoas em novos aprendizados, trazidos dessa nova forma de pensar e agir?

Quando damos a chance de começar pequeno, diminuímos a barreira de entrada que tende a evitar tudo o que pode dar errado. Ao investir pouco em uma aposta, temos duas possibilidades: ou podemos perder pouco e aprender algo, ou ganhamos algo e aprendemos muito.

Graziela di Giorgi

“O bom de arriscar é que quando você acerta, você se beneficia e quando você erra você também se beneficia porque você aprende. Então você sempre ganha arriscando. Ao entender isso começamos a criar uma cultura que assume riscos.” Gian Martinez, diretor criativo na Coca-Cola, um dos líderes inovadores que entrevistei para O Efeito Iguana.

Sei que em tempos de crise resulta delicada qualquer possibilidade de perda. No entanto, podemos também pensar que para manter o mesmo resultado do ano anterior, as empresas normalmente percorrem dois caminhos: o de reduzir custos para sobreviver (visão de curto prazo) ou o de criar valor percebido para surpreender (visão de longo prazo). As empresas mais inovadoras não abrem mão do segundo caminho. Quando estamos, portanto, mais preocupados em criar valor do que em reduzir custos, sempre vemos vantagens em dar chance a uma nova ideia, com a visão de preparar a empresa para o que está por vir, trazendo o futuro para o presente.

E então, qual a sua verba para o erro? (ou, se a sua aversão à perda não tolerar essa frase, leia: qual a sua verba para o risco¹?)“O estudo sério do risco começou no Renascimento, quando as pessoas se libertaram das restrições do passado e desafiaram abertamente as crenças consagradas. Foi uma época em que grande parte do mundo seria descoberto e seus recursos explorados. Uma época de turbulência religiosa, de capitalismo nascente e de uma abordagem vigorosa da ciência e do futuro.” (extraído do livro Desafio aos Deuses. A Fascinante História de Risco).

*Sócia da Opt-Inn, diretora Brasil da SCOPEN, escritora do livro O Efeito Iguana e mentora do Programa InovAtiva Brasil

¹ A palavra “risco” deriva do italiano riscare, que significa “ousar”. Neste sentido, o risco é uma opção, e não um destino. É das ações que ousamos tomar, que dependem o nosso grau de liberdade de opção (extraído do livro Desafio aos Deuses. A Fascinante História de Risco).

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