As incertezas do ano eleitoral começam a ser dissipadas e as perspectivas para o varejo, em 2019, são positivas. Em evento realizado na semana passada pela Credz, bandeira e administradora de cartões de crédito, especialistas do setor financeiro apresentaram suas projeções para o ano que entrará e analisaram quais medidas devem ser adotadas com urgência pelo futuro governo para o avanço consolidado do consumo entre as famílias brasileiras.
Em sua análise, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega creditou o cenário para positivo para o varejo a um conjunto de fatores: aumento do consumo das famílias, que deve ficar entre 3,5% e 4% na comparação com este ano, geração de novos postos de trabalho e elevação da massa salarial. Para o economista, o mercado também registrará um avanço do volume de crédito para pessoas físicas e jurídicas, saindo da estagnação do atual período. “Há um clima de confiança tanto no empresariado quanto nos consumidores”, disse Nóbrega.
Esse quadro positivo para o varejo também é pintado por Marcelo Ferraz, executivo da XP Investimentos. Para Ferraz, os empresários devem se preparar para a retomada econômica e, consequentemente, da competitividade no setor. “A concorrência não ficará restrita ao mercado interno. Temos que lembrar do processo de globalização do varejo. Hoje, o varejista tem um vizinho concorrente. Amanhã será o chinês”.
O executivo avalia que os varejistas devem adotar o seguinte caminho para estruturar os negócios no próximo ano: investir em multicanais, ampliar e planejar os montantes destinados para experiências com equipes de vendas e analisar as possibilidades de parcerias (redes). “Em um cenário de retomada do consumo, o varejo precisará conhecer cada vez mais seu cliente e estar preparado para acompanhar as tendências do mercado.”
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Tanto Nóbrega quanto Ferraz concordam que essas previsões dependem da capacidade do novo governo de colocar em andamento as medidas necessárias para destravar a economia e tornar o país atrativo para investimentos internos e externos. Nessa listra, o principal item é a reforma da previdência. Na avaliação do ex-ministro, as mudanças nas regras do sistema previdenciário são fundamentais para impedir a insolvência dos estados. “Hoje, quatro estados (Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Norte) já enfrentam esse quadro. A reforma na previdência é a base para evitarmos a insolvência de outras unidades da federação”.
Nóbrega afirma que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, terá seis meses para mostrar quais são suas intenções e se de fato ele buscará colocar em prática as reformas exigidas. “Esse período será o de lua de mel com o mercado e o Congresso. Ele precisará utilizar esse prazo.”
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