Enfim, chegou o final de semana. Momento de curtir com a família e os amigos. No início do sábado, o simpático porteiro do prédio entrega as revistas que assino, três de negócios e duas de variedades. Além delas, de brinde, uma edição de um importante jornal de circulação nacional. Ao ligar o celular, os sinais de alerta soam ensandecidos. Na caixa de entrada do e-mail corporativo, 85 mensagens não lidas. Na conta pessoal, 31. Nos grupos do WhatsApp, mais de mil posts virgens.
É inquestionável que o volume de informações cresceu exponencialmente nos últimos tempos. Os números falam por si. Mais de mil novos títulos de livros são editados por dia em todo o mundo; uma única edição do jornal The New York Times gera mais conteúdo que uma pessoa recebia durante toda a vida há 300 anos; o número de páginas disponíveis na internet ultrapassa três bilhões; revistas científicas em circulação passam de cem mil.
Lidar com o excesso de informação talvez seja uma das principais preocupações da atualidade. A enxurrada de dados disponíveis dificulta a conversão em informação útil e conhecimento aplicado. Em suma, muito dado, pouca análise! Para complicar, não raro lidamos com informações conflitantes. Notícias pessimistas mostram, por exemplo, que mais de 70% dos brasileiros pretendem gastar menos em 2015, que a inflação chegará a 6,3%, que o PIB crescerá apenas 1% (se der tudo certo!) e a taxa de juros será ainda mais elevada que em 2014. Por outro lado, setores da economia anunciam planos ambiciosos de crescimento.
Especialmente no que se refere ao varejo, os indicadores mostram que os brasileiros já procuram diminuir o endividamento e, consequentemente, o ritmo de consumo ? justamente o motor da economia nos últimos anos. Com o esgotamento da capacidade de contratação de crédito pela população, os varejistas precisam encontrar novos meios de crescer. De que forma?
Fazer mais com menos deve ser o mantra para o varejo em 2015. Aumentar as vendas por metro quadrado, incrementar o faturamento por colaborador, reduzir a cobertura de estoque, melhorar a taxa de conversão de clientes, olhar atentamente a estrutura de gastos e reduzir markdown são exemplos de ações imprescindíveis para ?arrumar a casa? e gerar reflexo positivo nos indicadores comerciais e financeiros, reduzindo o grau de dependência do desempenho macroeconômico.
O imobilismo diante da perspectiva de um ano difícil pode proporcionar à concorrência avanços indesejados. Mais importante que buscar novas informações, o momento sugere análise, reflexão e, sobretudo, ação. Porque é possível chegar ao final de 2015 com muitas histórias (e lucros) bacanas para contar.
* Carlos Caparelli, economista, consultor de gestão e finanças, é sócio-diretor da Posiciona Gestão para Resultados