As eleições dos últimos cinco anos pelo mundo sinalizaram que a TV deixou de ser fator determinante como fonte de conhecimento dos candidatos. Nos escombros dos aplicativos de mensagens, uma engrenagem maior do que se poderia imaginar dá o tom na guerra das narrativas: as FakeNews. Seguindo a tendência de agências de fact checking, duas universidades paulistas, USP e UFSCar, criaram uma ferramenta que permite fazer a verificação de notícias suspeitas.
Ainda em fase de testes e aperfeiçoamento, a plataforma já pode ser acessada gratuitamente via web ou pelo aplicativo WhatsApp. Pesquisador do Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional (NILC), Thiago Pardo alerta que existem algumas maneiras de detectar a veracidade dos conteúdos.
“A gente sabe que, quando uma pessoa está mentindo, inconscientemente, isso afeta a produção do texto. Mudam as palavras que ela usa e as estruturas do texto. Além disso, a pessoa costuma ser mais assertiva e emotiva. Então, uma das formas de detectar textos enganosos é medir essas características”, explica.
Como funciona
Para acessar a ferramenta pelo aplicativo de mensagens, basta acessar o endereço https://otwoo.app/nilc-fakenews. Automaticamente uma janela de troca de mensagens com a mensagem “Nilc-FakeNews”. Após clicar em “enviar”, a plataforma inicia o diálogo para o envio da notícia suspeita. Após verificação, se forem mapeados alguns indícios de Fake News, o sistema deve emitir a mensagem: “Essa notícia pode ser falsa. Por favor, procure outras fontes confiáveis antes de divulgá-la”. O sistema é desativado após 20 minutos sem uso, de modo que é necessário reativar o sistema digitando a palavra “Fake” novamente.
IA para educar o computador
Identificar uma mentira é uma tarefa árdua até mesmo para seres humanos, então, como a plataforma reconhece indícios da falta de confiabilidade da notícia? Para isso, o sistema utiliza técnicas presentes na área de inteligência artificial que são capazes de reconhecer características de textos mentirosos e textos verdadeiros.
Ao longo de um ano e meio de vida, a iniciativa já atingiu resultados significativos. Thiago acrescenta que embora a tecnologia possa facilitar o reconhecimento de uma notícia mentirosa, é importante continuar perseguindo fontes confiáveis de informação. “Nenhum sistema será 100% eficiente. Cada vez que se cria algo para detectar um problema, alguém vai descobrir um jeito de burlar”, conclui.