Levantamento do Sebrae e da Endeavor, realizado pelo Instituto Data Popular, revela que a universidade é uma das fontes menos procuradas pelos jovens brasileiros na hora de se capacitar para empreender. O resultado da quarta edição da pesquisa Empreendedorismo nas Universidades Brasileiras vai na contramão de outros países, principalmente daqueles que se destacam em inovação, onde a universidade é vista como o lugar mais propício para testar e validar ideias.
A pesquisa aponta que as universidades não estão satisfazendo as necessidades dos alunos sobre empreendedorismo. Cerca de 65% dos professores estão satisfeitos com iniciativas de empreendedorismo dentro da universidade. Entre os alunos, porém, a média é de apenas 36%. As Instituições de Ensino Superior (IES) não possuem uma estrutura que aprofunde conteúdos de empreendedorismo. Quase um quinto das universidades (17,9%) não possui qualquer entidade interna que institucionaliza as ações ligadas ao empreendedorismo.
Em geral, as IES só têm disciplinas que inspiram os alunos a darem o primeiro passo. Programas que proporcionam maior visão empreendedora, como criação e gestão de novos negócios, franquias e inovação e tecnologia, estão presentes em somente 6,2% das instituições. Em média, 56% dos alunos empreendedores acreditam que iniciativas de empreendedorismo como disciplinas, incubadoras e eventos são essenciais ao prepará-los para empreender, mas somente 38,78% das universidades, em média, oferecem essas oportunidades.
Como consequência, a universidade não é vista como ponto de apoio do aluno empreendedor. Do total de empreendedores universitários entrevistados, mais da metade (51,6%) não conversa com seus professores sobre negócios. “Reforçar o conteúdo de empreendedorismo nas universidades é estratégico para o desenvolvimento da economia. Um em cada quatro universitários tem ou quer ter um negócio próprio, mas eles precisam de mais estímulo no ambiente que frequentam em uma fase muito importante da vida, de pensar o início da carreira profissional”, afirma o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.
“É importante garantir o acesso ao ensino de empreendedorismo para uma cartela mais variada de cursos e níveis, e torná-lo mais transversal, a fim de estimular a troca entre os diferentes perfis. E por fim, fortalecer a conexão dos educadores com o mercado, seja trazendo mais empreendedores para a sala de aula, seja aproximando os alunos de redes de alumni”, ressalta o diretor-geral da Endeavor, Juliano Seabra.
Foram entrevistados 2.230 alunos e 680 professores de mais de 70 IES, em todas as regiões do país, entre 29 de abril e 13 de maio de 2016. O objetivo foi mostrar como essas instituições estão lidando com o empreendedorismo, por entender que elas têm um papel fundamental para formar a futura geração dos brasileiros que irão criar inovação e empregos para o país.