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Uma agenda para todos

Uma agenda para todos

Entidades do varejo se reúnem no BR Week, reconhecem a falta de diálogo, mas mostram a força do setor

A sala do Hotel Transamérica, em São Paulo, ficou pequena para esses gigantes. Na manhã desta terça (28), cinco associações representativas do varejo se reuniram para debater as reinvindicações e os caminhos para a construção de uma agenda construtiva para que o setor continue crescendo e participando ativamente da economia do País. Moderado pelo jornalista Ricardo Boechat, o painel ?Uma agenda construtiva para o varejo brasileiro?, realizado no BR Week, congresso de varejo, abordou as principais reivindicações do setor e indicou que o varejo ainda precisa se organizar para conseguir refletir para o mercado e para o Governo o tamanho e a importância que tem. ?Como 4,5 milhões de trabalhadores sem terra conseguem se articular e fazer caminhar com certa celeridade algumas reivindicações? É de surpreender que um setor desse tamanho não tenha um peso político na decisão?, disse Boechat, questionando-se o motivo da falta de movimento político do varejo.

?Nosso setor, até dez anos, é tradicionalmente disperso e não tão unido quanto outros setores, principalmente a indústria. Mas esse modelo tem mudado, muito em função dos diferentes canais de distribuição que existem no nosso varejo?, disse, em resposta, Fabíola Xavier, diretora-executiva do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo). ?Temos nossas diferenças, mas elas são operacionais e não estratégicas?, enfatiza. O grande número de associações e essa dispersão entre elas é parte da própria essência do setor, que nasceu, em linhas gerais, do feeling de empreendedores, atenta Honório Pinheiro, presidente da CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas). ?Existem muitas vozes que defendem o setor e ao mesmo tempo a gente tem uma certa dificuldade de fazer com que as coisas aconteçam?, afirma. ?O varejista é mais ou menos como um comunista na época da revolução, que só se une na cadeia, porque ele acha que sabe de tudo sozinho, por isso, estamos sempre no vazio?, diz.

Essa cultura do ?eu sei mais do que você? impede que o setor seja visto pelo mercado e pelo Governo. ?Falta um pouco de consciência de comunidade?, afirma Nelson Kheirallah, vice-presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo). ?As pessoas sempre pensam que o outro resolve, mas precisamos pensar que Brasil queremos. Aquele do jeitinho, do quebra-galho? Ou o correto, ético??, diz. Para ele, é preciso haver uma comunhão entre as associações para que os interesses em comum sejam colocados em pauta, algo, segundo afirmou, que já está acontecendo. ?A coisa mudou exatamente há um ano, neste Congresso, neste painel, quando decidimos formar um grupo de entidades para realizar um trabalho conjunto e, desde então, temos ido a Brasília e apresentado nossas reivindicações?, afirmou.

No BR Week de 2014, entidades representativas do setor decidiram de fato formar um grupo para, juntas, analisar a pauta comum de todo o setor. Um grupo de 15 entidades foi recebido pelo vice-presidente da República, Michael Temer, e colocou o setor na agenda do Poder Público. ?A união dessas entidades tem ajudado o Governo a entender que não somos coadjuvantes da economia, mas a locomotiva dela?, avalia Kheirallah. Uma mostra de como os poderes têm acordado para a representatividade do varejo foi a presença de Marcelo Maia, secretário de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, no painel, ao lado das associações. Vindo do varejo, da Lojas Maia, o secretário tem sido uma ponte acessível entre as entidades representativas e os poderes. ?O Ministério tem uma característica ainda muito industrial. E dos dez anos de existência da Secretaria, sou o primeiro que realmente vem desse setor?, conta.

O primeiro desafio, diz, foi unir as entidades para elencar os principais temas de trabalho. Como resultado, o varejo entrou na Política Desenvolvimento Produtivo, ou chamado de Política Industrial, que abarca desde a porta da indústria até o consumidor final. ?Essa política contempla toda cadeia de valor e isso é tudo muito novo no Ministério. Temos feito seminários internos para falar de varejo, porque ele não fazia parte das políticas de Governo?, afirma Maia. ?Agora estamos bem organizados e já conseguimos fazer o Governo entender o setor e vamos ter um novo cenário pela frente?, afirma.

Para Gustavo Schifino, diretor de ética da ABF (Associação Brasileira de Franchising), é preciso olhar o setor com lupa. ?A gente precisa colocar uma lupa e ver as ações práticas que fazem o setor crescer. As boas marcas se destacam da maioria, mas se o Governo tocar uma agenda positiva, a gente vai conseguir superar esses momentos?, afirma.

Vamos conversar
Colocar o varejo na pauta do Governo é importante, mas, para Glauco Humai, presidente da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), o mais importante e o que deve estar em primeiro lugar na cabeça das entidades é a conversa entre cada uma delas. ?Um dos pontos que nos faz reunir com o Governo é esse tipo de painel e esse tipo de discussão e não acho que o número de entidades é um impeditivo para a conversa, mas não cabe a gente responsabilizar o Governo se a gente não conversa entre a gente?, afirma. ?Temos de conversar, ter uma agenda comum, porque o varejo é muito mais complexo do que a indústria e se a gente não sentar e conversar, não vamos conseguir mostrar o tamanho do setor?, diz.

Ele enfatiza que cada entidade tem sua própria fortaleza, mas as demandas comuns devem ser compartilhadas. ?Já começamos a conversar e vimos que temos pontos em comum, que passam por desburocratização, por crédito, pela manutenção do trabalho, qualificação. Temos evoluído nesse sentido?, afirma Glauco, que enfatiza: ?que esse diálogo seja constante e não apenas em momentos de crise, porque se a gente só se reúne nesses momentos a gente não consegue mostrar nossa robustez?, reforça. As entidades reconhecem que além da conversa, que ainda é falha, há uma dificuldade de reunir números que mostrem o tamanho do setor. ?Tem de ter nomenclatura e dados oficiais ? esse é o primeiro passo. O segundo é criar agenda mínima comum, resolver questões mínimas, mas temos de sentar e alinhar. Não adianta criticar o Governo, temos de fazer um mea culpa?, afirma Humai, da Abrasce.

Para Honório Pinheiro, da CNDL, os médios varejistas são os que mais sofrem com a falta de conversa entre as entidades e das entidades com o poder público. ?Os pequenos estão protegidos pelo Simples, de certa forma, embora ainda precisem de crédito. Os grandes não precisam de proteção e conseguem se proteger por si só, mas os médios pagam caro: eles têm toda uma carga de burocracia, recolhimento, nível de exigência, mas não têm interlocução?, afirma. ?Agora, estamos trabalhando em cima do tripé do varejo: emprego, crédito e renda. Encontramos esse tripé e construindo uma pauta comum em cima disso?, afirma Fabíola, do IDV. Com a agenda fechada, agora é ir ao trabalho, mas não é fácil, avalia Maia. ?Nada a gente consegue fazer sem estar alinhados com outros órgãos?, lembra. ?Com o tempo e maturidade vamos conseguir uma convergência de temas e fazer as entregas. A gente não vai resolver tudo, mas fazer pequenas e boas entregas ao longo do tempo?, diz.

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