A partir dos conceitos apresentados nas matérias anteriores – a inovação como disciplina, como processo, que se replica, que se aprende, que se ensina e que depende de liderança – resolvemos descobrir onde está a inovação no cenário corporativo brasileiro. Investigamos empresas de todos os segmentos, de todos os tamanhos, dos mais diversos modelos de negócio. A inovação sem privilégios, na indústria, na tecnologia, nos processos ou nos propósitos pautou a produção de uma lista de cem empresas de perfil inovador. Ao contrário do que se imagina e do que o momento atual de adversidade econômica sugere, o Brasil é pródigo na produção de empresas inovadoras.
De modo pragmático, Clemente Nóbrega, sócio-diretor da Innovatrix, soterra qualquer indício de complexo de vira-lata que possa acometer os nossos executivos: ?A grande empresa brasileira é uma empresa tão boa quanto uma de qualquer lugar… Não existe gestão à brasileira, o fato de ser brasileiro não altera nada. Como as leis de Newton, valem aqui, valem na Coreia, na China. É fácil perceber como o Brasil pode ser inovador. Como nenhum outro país do mundo, o país quebrou a correia inflacionária que consumiu a economia na década de 1980 por meio do engenhoso processo de criação da nova moeda, o famoso Plano Real. O sistema bancário brasileiro é incrivelmente inovador, oferecendo serviços de multicanalidade plena e transmissão de valores em tempo real (as TEDs). E como não reconhecer a notável criatividade da nossa nova classe média, que conseguiu acesso a bens e serviços de alta renda com uma renda… média?!
Roberto Meir, especialista internacional em relações de consumo e presidente do Grupo Padrão, questionador contumaz, defende que essa capacidade de olhar as coisas por diversos ângulos e não aceitar verdades preestabelecidas é o que produz inovação. Fiel ao estilo provocador, Meir exclama: “pobre do país que tem na indústria seu polo de inovação”. Isso porque na economia do conhecimento, a inovação baseada em produto não pode ser a única viável e visível. Ainda mais em um país carente de soluções como o Brasil. Um país que, segundo ele, precisa produzir “seus Googles, Facebooks e iPhones” sem medo. As condições para isso, em linha com a ideia geral defendida por Clemente, já existem.
Por isso, algumas das empresas que o leitor verá nas próximas páginas (ou links) podem surpreender pelo inusitado, o que é também o propósito dessa reportagem. E o leitor verá uma reportagem que olha diretamente para os núcleos de inovação dessas empresas. Da Beenoculus e seus óculos de realidade virtual para os incríveis picolés e crostattas da Diletto; da diversidade criativa da agência David – filha da lendária Ogilvy até a concepção super-relaxante da Beleza Natural para domar os cachos dos cabelos da mulher brasileira; do check-up financeiro e do managed portfólio do Banco Itaú até o Luiza Labs do Magazine Luiza, a inovação está, sim, muito viva em nossas empresas.
Adiante, você verá um painel amplo, diversificado e curioso da inovação que está presente em nosso mercado. A inovação que traz ideias e que é aceita pelo mercado. A inovação que inspira e gera novos negócios, dinheiro novo e valor. A inovação que sai da caixa e que representa uma onda de frescor revigorante e outros caminhos a serem explorados. A inovação que traz respostas enfim, para que o Brasil possa ser cada vez melhor.