Muita coisa mudou nos últimos 30 anos e com o surgimento da internet, novas gerações e novos hábitos, as pessoas também estão mudando suas mentalidades. Agora, preocupações com a sustentabilidade, impactos no ecossistema e consumo consciente tomam conta da população.
É diante deste contexto que os nativos ecológicos (termo colocado pela Peclers Paris, agência de previsão de tendências), surgem. Compostos por parte da Geração Z e millennials, eles estão inseridos no grupo dos nativos digitais, que cresceram em um contato direto com a tecnologia e tiveram acesso à informações preocupantes sobre o planeta como o efeito estufa, desmatamento e extinção de espécies animais, ainda na infância.
“Eles já cresceram com medo do que pode vir a acontecer com a natureza em volta de nós, por isso estão tomando ações mais radicais e levando essas responsabilidades para dentro de casa. Inclusive, eles estão ensinando os próprios pais a se comportarem diante de uma mudança de paradigma, que passa de uma preocupação puramente financeira que tínhamos, para uma forma de economizar recursos“, afirma Iza Dezon, sócia da Dezon Consultoria Estratégica, representante oficial da Peclers Paris no Brasil.
Donos de uma vida baseada em transparência e autenticidade, os nativos buscam repensar o consumismo e reforçar a conexão com o ambiente, além de estarem sempre questionando o comportamento da população. Eles também se preocupam com as estruturas de alimentação. Muitos não consomem mais produtos de origem animal e procuram ingerir somente alimentos orgânicos. “É uma geração que vive em comunidade, que acredita que todo ato é político e que todo ato tem um impacto no coletivo. Estão sempre tomando responsabilidades, buscando provocar nossa consciência e desafiar a nossa forma de pensar“, relata Iza.
As tendências por trás dos nativos ecológicos
Há especialmente três movimentos que influenciam o comportamento dos nativos ecológicos e identificam suas mudanças na sociedade: a hiperecologia, o verdadeiro materialismo e o manifesto lixo-zero.
No manifesto lixo-zero, a ideia principal é de que não devemos mais produzir resíduos e que precisamos nos responsabilizar por ele. “Eles desafiam muito o uso dos recursos e a forma com que tratamos o lixo. Essa nossa mania de dizer que vamos jogar alguma coisa fora é ilusão, sendo que não existe fora… Isso é concretizando na nossa abordagem que foi colocada pela economia circular“, explica a futuróloga.
Já a hiperecologia impõe questionamentos sobre como as indústrias estão se relacionando com o meio ambiente e tem como objetivo rever os sistemas estruturalmente. “Vai muito além de questões sobre reciclagens básicas. São práticas mais profundas e sistemáticas. É necessário que as empresas mudem seus posicionamentos sobre qualquer resíduo. Isso vai de encontro com a tendência de hiperecologia“, relata Iza Dezon.
Por fim, o verdadeiro materialismo é uma mudança de paradigma que propõe a valorização dos materiais acima de qualquer outro fator. Buscando evitar um consumismo desenfreado, questões como “quem fez?“, “da de onde veio?“, “como chegou até a aqui?“, “qual o impacto por trás disto?“ e “quais matérias foram utilizados?“, são critérios na hora de escolher um produto.
“Os símbolos de status sempre vai existir, o que está mudando na sociedade é o que a gente realmente considera luxo. Antes o luxo era ligado somente aos bens materiais e marcas, hoje a gente começa a passar esse valor para o intangível. Agora, as escolhas mais ecológicas viram valores e uma marca que é luxo é aquela que está consciente pelo planeta e está preocupada com o coletivo mundial. Isso realmente mostra para nós que no amanhã, dentro deste caos que estamos vivendo, o luxo vai ser tempo, carinho, afeto e estará ligado a natureza. Porque vivemos em cidades que cada vez mais se tem prédios e menos verde.“, completa a futuróloga.
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