Sustentabilidade, inteligência artificial adaptável, metaverso, todos esses são fatores que devem impactar fortemente o mundo dos negócios e da tecnologia em 2023 e, como consequência, os aplicativos de celular e o que o usuário final espera deles. Estas e outras tendências foram apontadas como relevantes e decisivas no relatório “10 Top Strategic Technology Trends 2023” da empresa de consultoria americana Gartner.

Além disso, o Brasil ainda apresenta hoje algumas particularidades neste universo tecnológico, como a chegada do 5G no país em 2022 e algumas vocações diferenciadas e já bem consolidadas no atendimento ao cliente no ambiente virtual.

Levando em consideração esta realidade e suas prospecções, o Consumidor Moderno traz aqui o que podemos esperar no próximo ano da experiência do cliente e da jornada virtual com os apps que mais estão presentes no dia a dia dos brasileiros. Para isso, também ouvimos Mauro Duarte, especialista em Design e Programação e Marketing Digital, professor do Senac EAD, que comenta as tendências que não devem passar despercebidas.

Os impactos do 5G

Enquanto em países como Estados Unidos e Coreia do Sul o 5G já funciona desde pelo menos 2019, no Brasil a tecnologia começa a ser implementada agora. Assim, seus impactos maiores no mundo tecnológico ainda devem começar a ser sentidos a partir do ano que vem.

Pequenas mudanças já poderão ser percebidas pelo usuário final dos aplicativos, transformando sua experiência nos mais diversos aspectos, desde em seu consumo diário de vídeos a sua jornada de compra. Um exemplo simples é que o download de um vídeo de 1gb no 4G demoraria muito e acabaria com os dados móveis do celular; já no 5G ele poderia ser baixado em poucos minutos consumindo dados mínimos.

“Essas facilidades vão alavancar tecnologias que estão dependendo disto como robótica, Internet das Coisas, inteligência artificial, realidade aumentada, realidade virtual e machine learning. Por exemplo, um óculos de realidade aumentada, associado a algum app ou não, precisa de conexão estável, rápida e full time de baixa latência, para ser realmente útil no dia a dia”, explica o professor Mauro Duarte.

Além desses casos, com o 5G serviços comuns oferecidos por aplicativos, como planilhas, editores de texto, lojas virtuais, entre outros, poderão ser utilizados na nuvem com mais facilidade e agilidade.

Superaplicativos

Superaplicativos são apps que agregam em um só lugar diversos serviços e funcionalidades, fornecendo também uma plataforma que torne possível a terceiros desenvolverem e publicarem, dentro deles, seus próprios miniaplicativos. Segundo o relatório da Gartner, 50% da população mundial será usuária ativa de vários superaplicativos até 2027.

Para o professor Mauro Duarte, esta é uma tendência que tem tudo para se popularizar, afinal, ninguém quer instalar diversos apps para diversas funções se um só pode dar conta da maioria delas. “É uma ideia que cada dia mais vai se tornar padrão, principalmente quando pensamos que alguns apps já dominam certas áreas e dificultam a entrada de novas alternativas”, fala.

Um caso que estaria dando os primeiros passos neste sentido é o app da 99. Além da função principal, voltada ao transporte individual de passageiros, ele ainda funciona para pedir comida, é banco digital e está tentando se firmar como uma rede social.

Outro movimento para se ficar atento é com as mudanças que devem ocorrer no Twitter após sua compra pelo bilionário Elon Musk. “Alguns analistas veem que ele pretende transformar o Twitter no Aplicativo X, uma ideia antiga do empresário de concentrar em um único appp diversas funções: rede social, plataforma de vídeos, messenger, banco digital, pedir carro, pedir comida, mapa e tudo mais”, alerta o especialista.

Sustentabilidade

Não há área de negócio que não será atingida pela nova demanda por sustentabilidade. De acordo com dados da Gartner, ela já é a terceira prioridade dos CEOs, atrás apenas de lucro e receita. Por isso, deve também ser considerada na cadeia produtiva por trás dos apps, desde o uso de energia e tecnologias renováveis a soluções que ajudem os consumidores a se sentirem mais imersos e cumprirem suas metas voltadas à preservação do meio ambiente.

O professor Mauro Duarte ainda comenta que tanto sustentabilidade como outros pilares de ESG estão em alta e devem permanecer assim, o que faz com que as empresas precisem urgentemente considerá-los em seus negócios.

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Experiência do cliente e Inteligência Artificial

A Inteligência Artificial (IA) já é há alguns anos e deve continuar sendo um fator de melhoria de performance dos aplicativos. Para 2023, a Gartner aponta como tendência a IA adaptável, ou seja, que tem como objetivo o treinamento e aprendizado continuado dos modelos já desenvolvidos, para que seja possível se adaptar rapidamente às mudanças. Isso traz uma maior dinamicidade e otimização dos apps.

Já na experiência e atendimento ao cliente, o desafio é utilizar a inteligência artificial para humanizar cada vez mais o atendimento automatizado. “O que percebemos hoje é que nada ainda conseguiu substituir completamente o atendimento humano”, diz Mauro Duarte.

O professor e especialista aponta, neste caso, as particularidades do Brasil, que tem um movimento forte de humanização no atendimento com o uso de mascotes ou influencers digitais. São destaques a Lu da Magalu e o CB, das Casas Bahia, que inclusive foi modernizado ao substituir o antigo Baianinho.

O que esperar: metaverso e criptomoedas

Enquanto o metaverso, como anunciado por Mark Zuckerberg, parecia ser a maior inovação tecnológica dos últimos tempos, hoje a expectativa em relação a ele colocou um pé no freio.

O relatório da Gartner afirma que, em um futuro próximo, podemos esperar que ele proporcione experiências virtuais imersivas, tenha uma economia virtual própria, não seja de propriedade de um único fornecedor e seja adotado, principalmente e a princípio, pelas grandes organizações. Assim, sua relação com os aplicativos ainda fica um pouco distante.

Mauro Duarte explica que, pelo menos para a Meta, o Metaverso entrou nos planos de longo prazo, enquanto a empresa prioriza outros projetos que estão dando mais retorno financeiro, como a monetização do WhatsApp e do Messenger. Assim, devemos esperar uma adoção muito mais lenta do que o imaginado.

Já as criptomoedas – que estão, inclusive, na base da economia virtual de um futuro metaverso mais consolidado – passam por um momento de baixa. Ainda por cima, a desvalorização que ocorreu recentemente acaba influenciando todo o cluster de apps que gira em torno do item.

“Alguns analistas enxergam este momento como o início do apocalipse das criptomoedas, já outros acreditam que é uma oportunidade de ouro para entrar em um momento de baixa. Como elas não têm um patrimônio real, somente a crença define seu valor, precisamos aguardar com cautela para ver até onde isso vai”, fala o professor.

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Setores que merecem atenção

Por fim, segundo o site State of Mobile, os setores mais populares no mercado de aplicativo são finanças, streaming, games, social e varejo. Sem perspectiva de alterações drásticas, vale a pena então ficar atento a qualquer mudança nestes mercados já consolidados.

O setor de finanças, por exemplo, tem sido alavancado pelas fintechs já há um tempo. O setor de varejo também vem de uma tendência forte, uma vez que ainda colhe frutos das compras online propiciadas pelo isolamento durante a pandemia.

“Mas é sempre bom ficar de olho. O nicho do varejo acabou sofrendo um pouco ao redor do mundo com a saída da Shopee de diversos países, com governos tomando decisões para dificultar o uso da plataforma. Um exemplo é a Argentina, onde o uso de cartões de crédito e as compras no exterior foram limitadas”, finaliza o professor.

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