Nos últimos anos, o setor de saúde tem enfrentado desafios sem precedentes, acelerados pela pandemia de Covid-19. A Tuinda Care, por exemplo, uma startup brasileira de saúde digital que tem como objetivo aumentar acesso à saúde de qualidade no Brasil por meio da telemedicina, trouxe para o país o TytoCare. O dispositivo de tecnologia israelense realiza a conexão médico-paciente. Através dele, é possível realizar até oito exames físicos à distância, sem limite de localização, com armazenamento digital do histórico de todos os pacientes cadastrados (nuvem) em ambiente seguro, garantindo excelência médica a cada atendimento e diagnóstico.
De acordo com Daniel S. Morel, diretor médico da Tuinda Care, através do equipamento é possível fazer a ausculta cardíaca e pulmonar do paciente, exame de ouvido ou de garganta. Ou seja, o exame físico que, em outros momentos era realizado apenas de forma presencial, passou a ser possível também de forma virtual com o uso dos equipamentos. O médico reforça que esse modelo de atendimento proporciona segurança para a teleconsulta, uma vez que o paciente é de fato examinado e o médico consegue formular um diagnóstico mais exato.
“Nós empoderamos o médico permitindo com que o exame físico seja realizado, e levamos segurança para o paciente porque ele sabe que está sendo, de fato, examinado”, explica. “Dentro desse cenário, abordamos a principal limitação da teleconsulta, da impossibilidade do exame físico. Agora, o equipamento permite com que você realize oito exames durante a consulta: frequência cardíaca, temperatura corporal, ausculta cardíaca, ausculta pulmonar, ausculta abdominal, o exame do ouvido e o exame da garganta. Além disso, a própria câmera que ele tem ele permite com que você faça o exame da pele também”.
Mudanças na telemedicina após a pandemia
A pandemia de Covid-19 trouxe uma necessidade que não era tão presente na rotina da medicina. Além disso, havia uma resistência inicial da classe médica à telemedicina, que tem sido superada gradualmente, à medida que os benefícios de incorporar novas tecnologias se tornam evidentes. Além disso, houve algumas demonstrações de limitações e a necessidade da humanização do atendimento, essencial para a relação médico-paciente, é mantida mesmo à distância, com a confiança e a empatia sendo elementos-chave.
“É nesse cenário hoje que a Tuinda Care atua”, pontua Morel. “Queremos trazer uma disrupção ao atendimento da teleconsulta e, ao mesmo tempo, trazer uma segurança ainda maior, tanto para o paciente quanto para o médico. O médico, de forma geral, é resistente sim a incorporação de novas tecnologias, porque acha que isso vai atrapalhar seu modelo de atendimento. É uma jornada de absorção muito maior do que, por exemplo, de outros profissionais ou pessoas de áreas que têm a tecnologia dentro do seu dia a dia. Mas o que faz uma consulta ser humanizada é justamente uma relação estabelecida entre um médico e seu paciente”.
Desafios da experiência
Ao mesmo tempo, para garantir que seja positiva a experiência entre médico e paciente, existem alguns desafios. O primeiro deles, como já citado, é a resistência da classe médica com a telemedicina. Já a segunda barreira é cultural, uma vez que o contato humano é mais valorizado em uma relação entre médico e paciente. Enquanto isso, o terceiro desafio é desmistificar a desconfiança sobre a segurança do atendimento virtual.
“Tendo um equipamento que permite usar fazer exame físico, é possível ter segurança”, frisa. “Em relação à questão da qualidade do profissional, hoje, para ser contratado por uma plataforma de telemedicina, o médico precisa ser minimamente certificado. O paciente pode ser atendido com qualidade, por um bom profissional e com segurança. Tentamos ao máximo educar a sociedade. Como profissional de saúde, temos que mostrar que a tecnologia está aí e pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal”.
“A relação entre médico e paciente se estabelece, primeiro, através da confiança e, depois, como o profissional conduz a consulta”, conclui. “É isso o que vai trazer a humanização. O que é na verdade a humanização? É saber escutar e ter uma demonstração de compaixão. Humanização é ter o hábito da escuta”.
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