As plataformas digitais de comunicação estão redimensionando a experiência de dirigir e, consequentemente, modificando o relacionamento dos consumidores com os carros.
O Grupo Padrão reuniu grandes executivos para o 112º Fórum Consumidor Moderno, um encontro especial para discutir tendências, melhores práticas, novos conceitos e as estratégias de relacionamento com clientes. O tema deste ano foi O Carro do Futuro: Um Novo Olhar Sobre Segurança, Interatividade e Tecnologia Embarcada. ?É preciso uma nova proposta de valor para os automóveis?, afirma Jacques Meir, diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo do Grupo Padrão. ?Diante de um consumidor em constante mutação, o produto passa a ser serviço. O carro será mais um elemento do universo digital.?
Descubra a seguir cinco verdades que permeiam a chegada dos carros conectados no Brasil ? e entenda quais sãos as barreiras que nos impedem de avançar ainda mais rápido nesta direção.
O carro é um meio de transporte de pessoas e dados
Por ser um meio de transporte, no século XX o automóvel foi consagrado como emblema da liberdade e acesso à mobilidade. Mas agora ele se transformou em meio para transferência de dados e informações, permitindo o pagamento de pedágios, estacionamento, compra de combustível e até produtos em lojas de conveniência através de plataformas como ConectCar e Sem Parar. ?Hoje o carro é um computador?, garante Elder Evangelista, Volkswagen.
A segurança vem sempre à frente da conectividade
?Estamos numa época de transição e transformação cultural em que deve haver a troca de informações com o usuário. As mensagens não podem ser mais tão massificadas?, alerta Fabíola Fernandes da Silva, superintendente técnica da Sulamérica. De acordo com Fabíola, quando o consumidor compreende quais são os benefícios de usar um rastreador, por exemplo, ele passa a adotar a solução. ?Segurança ainda é a grande preocupação que impõe barreiras sobre a conexão do carro com a internet?, admite Evangelista. ?Há muita sujeita na rede.?
Assistir TV ao volante é um perigo real
?O carro virou uma extensão da nossa cada, e passamos boa parte do dia em trânsito dentro de um veículo?, afirma Herica da Paz, supervisora de atendimento da Hyundai. E se em casa a geração moderna e móvel vem assistindo TV com cada vez mais dispositivos em volta, dentro do carro os ?upgrades? devem levar em conta, antes de mais nada, a segurança. Segundo um estudo feito pelo departamento de Trânsito dos Estados Unidos em 2014, o uso de dispositivos móveis ao volante aumenta em até 400% o risco de acidentes. Não é por acaso que, atualmente, a lei permite que os carros tenham tocadores de mídia, desde que as telas não sejam visíveis aos passageiros da frente, motorista e carona.
Infraestrutura deficiente prejudica evolução do automóvel
Fabiano Souto, analista de pós-vendas da Fiat, explica que oferecer o básico é o ?desafio funcional? da indústria. ?E isso atende ao mínimo de expectativa do consumidor, para não haver frustração logo no primeiro contato?, conta o executivo. Para Souto, a grande dificuldade é ?disponibilizar tanta tecnologia a um custo viável para o consumidor.?
Enquanto Jacques Meir atribui a alta expectativa do consumidor à experiência anterior que ele experimenta em outras plataformas digitais, Alexandre Oka, gerente de serviços da Honda, é pragmático: ?As soluções tecnológicas não vão pra frente no Brasil devido à carência de infraestrutura e a burocracia vigente no país.?
Carlos Pereira, gestor de marketing e vendas da Bosch, concorda, mas sugere que as indústrias nacionais comecem a explorar outros meios de conectividade. ?Um dispositivo pode se conectar com outro que tenha conectividade, utilizando um terceiro como hub de conexão. Isso é algo viável e factível?, esclarece Pereira. Para o executivo, os dispositivos devem ser vistos ?cada vez mais como parte de uma rede, e não pontos individuais de conectividade.?
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