É evidente: existe um mundo novo fervilhando entre empresas e mentes que, longe de caminhos tradicionais, procuram transformar o espaço e o sistema em que vivemos. Essas empresas e mentes são responsáveis por novos tipos de negócios que visam mais do que retorno financeiro. Ao contrário disso, têm como objetivo um sucesso que beneficia não apenas os fundadores, investidores ou colaboradores, mas traz soluções para populações que, até então, estavam esquecidas.
?Há um novo modo de pensamento nascendo. Isso dá força aos negócios com impactos sociais, que tem como ponto de partida a pobreza?, explica Maure Pessanha, diretora executiva da Artemísia. Assim, ela explica que a pobreza, nesse caso, precisa ser vista como um alto nível de vulnerabilidade em que uma população é colocada. Assim, não está necessariamente ligada à uma renda. ?Para nós, negócios de impacto social são empresas que têm a intenção de resolver problemas sociais de baixa renda?, diz.
Nesse sentido, Tales Gomes, CEO e co-fundador da Plataforma Saúde conta que o negócio ao qual ele deu origem tem como objetivo justamente colaborar com pessoas em situação de maior vulnerabilidade. ?Como aplicar conhecimentos e realidades para melhorar a vida das pessoas? Quero construir uma coisa que afete a todos?, diz. E ele tem conseguido, pois construiu um negócio que presta cuidados de saúde em comunidades carentes.
Nesse sentido, a Vox Capital nasceu com a motivação de tentar transformar o mundo num lugar mais justo, feliz e igualitário. ?Fazemos isso em forma de investimentos. Isso não é um negocio existencial, não é filantropia. É um novo mindset?, conta Gilberto Ribeiro, sócio.
A atuação de tais empresas é um exemplo do que afirma Julia Maggion, diretora executiva da Sistema B Brasil: ?No século XX, vimos empresas feitas para os acionistas. Criaram-se bons produtos e serviços. Mas, nos próximos 20 anos, vamos procurar boas empresas?.
Foram essas empresas e mentes focadas em inovação em prol do bem comum que formaram o painel ?Negócios de impacto ? como canalizar forças para fins inclusivos e sustentáveis?, realizado no Congresso de Excelência em Gestão.
Alcance
Questionados sobre a forma como esse novo modo de pensamento tem sido adotado pelas empresas, os participantes do painel concordaram que existe cada vez mais espaços para os negócios sociais. Para Julia, entretanto, o ambiente empreendedor relacionado à questão socioambiental não é maioria. ?Empreendedores mais jovens têm mais um olhar para esse tipo de solução, mas estamos em um cenário emergente?, diz.
Gomes, por sua vez, destaca que há pessoas que se envolvem com as causas e que, em eventos, são feitas cada vez mais descobertas de pessoas interessadas em se envolver em questões sociais.
Como executar?
Recursos, parcerias e investimentos são temas e palavras recorrentes em discussões sobre negócios sociais. Maure explica que há uma tentativa que visa afastar os negócios do governo, pois qualquer apoio público demanda muito esforço e muito tempo.
Esse é um ponto fundamental relacionado aos esforços para executar o negócio. Para Gomes, entretanto, a realização de um sonho ligado a um negócio social depende muito de ?coragem para seguir a missão proposta, estar aberto para negociar, ter competência para colocar em prática?.
Júlia, por sua vez, explica que encontrar um caminho é um processo que envolve quebras de paradigma. ?O modelo capitalista tem coisas boas. A ideia não é fazer uma guerra contra o lucro. A quebra de paradigma está no modelo de negocio. É necessário olhar para a cadeira de valor e para as mudanças que podem ser feitas nela?, conclui.