A Farmstead tem aprofundado a mudança nos processos de delivery nos Estados Unidos com um pressuposto que parece óbvio, mas pouco respeitado pelas empresas que atuam com esse sistema: a maioria das pessoas pede as mesmas coisas toda vez que faz compras.
Segundo Pradeep Elankumaran, fundador e CEO da Farmstead, essa percepção traz ganhos operacionais consideráveis ao seu negócio. “No caso da Farmstead, isso nos ajuda a prever a demanda, reduzindo nossos custos e melhorando a eficiência. Em vista disso, conseguimos reduzir nossos preços em certos produtos básicos e, ao mesmo tempo, tornar o negócio lucrativo”, afirmou em comunicado publicado pelo portal Retail Wire.
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A empresa de venda de alimentos e delivery, criada em São Francisco (EUA) em 2016, oferece entrega semanal gratuita para pedidos acima de 30 dólares em uma janela específica de tempo, quando consegue otimizar entregas para um mesmo local. Compras acima de 35 dólares têm frete grátis e entrega para o mesmo dia em qualquer horário.
Segundo dados da própria empresa, setenta por cento de seus clientes recebem entrega gratuita. Os ganhos estão, portanto, nos 30% restantes de pagadores de frete e nos contratos com a indústria. A operação da Farmstead continua limitada às redondezas da Baía de São Francisco, mas a empresa pretende expandir seu negócio para outros mercados ainda em 2019.
Para oferecer uma porcentagem tão alta de entregas sem custo de frete, a empresa lançou o programa Refill & Save, para otimizar a logística de pedidos recorrentes. A Farmstead enfileira automaticamente os pedidos semanais dos clientes como uma espécie de clube de assinaturas. Os clientes podem adicionar ou excluir quaisquer itens da semana ou cancelar um pedido semanal até uma hora antes da janela de entrega.
A empresa também oferece condições especiais para colocar dentro do programa famílias que já estão na rota de entrega da empresa e que não gerariam um custo extra importante de deslocamento.
Inteligência artificial e machine learning
Para reduzir ainda mais os custos de última milha (um verdadeiro desafio para varejistas e startups) a empresa usa inteligência artificial para escolher rotas com uma espécie de Waze próprio que incorpora informações de trânsito em tempo real para economizar tempo e combustível.
Os modelos preditivos de machine learning da empresa combinam dados históricos de vendas e de tendências, que surgem a partir de recomendações do consumidor. O sistema também inclui informações relacionadas a feriados (que possuem uma lógica própria de perfil de pedido).
Os dados armazenados pela Farmstead relacionados à validade dos produtos são essenciais para evitar quebra ou overstocks. A empresa afirma que seu desperdício de comida perecível está abaixo de 10%, enquanto os sistemas tradicionais de controle de estoque (à base de papel e caneta ou planilhas de excel) permitem quebras na indústria de 35% a 40% de todos os alimentos perecíveis, o que impacta diretamente a redução da margem de lucro.
Carros autônomos. Impossível?
Segundo o portal The Spoon, especializado na indústria e no comércio de alimentos nos Estados Unidos, a Farmstead está apostando também em projetos pilotos com veículos autônomos que são controlados por códigos. Os veículos não só devem fazer a entrega, mas também criar um sistema de aperfeiçoamento de rotas para os demais veículos da rede.
A ideia de carros autônomos ainda pode parecer distante, mas já há projetos em operação nos Estados Unidos. Em São Francisco, onde opera a Farmstead, a AutoX (empresa de tecnologia especializada em carros autônomos) está testando seu programa de entrega de compras sem piloto. No Arizona, a Kroger está experimentando a entrega autônoma em parceria com a Nuro, outra empresa de tecnologia especializada em robôs autônomos.