Esse mês, participei de um encontro muito especial do Comitê de Diversidade da Mondelez Brasil na vertical Mulheres na Liderança; uma incrível oportunidade de abertura de diálogo da companhia e um momento único de reflexão profissional, pois me permitiu olhar para minha história e entender o que eu poderia trazer para uma roda de conversa sobre lideranças inspiradoras que pudesse agregar aquelas 170 pessoas que ali estavam conectadas.
Na busca de encontrar o sentido, percebi que não me via em uma história de conquistas, e o que me conectava a mim mesma num sentido pleno de orgulho não era sobre o “quê”, mas sim sobre o “como” fui construindo a minha trajetória profissional. Ao me ouvir e ouvir as histórias das mulheres daquele grupo compreendi que algo em comum se fazia presente: o nosso compartilhamento foi sobre manter a nossa essência e ter coragem e liberdade para fazer escolhas.
Esse encontro me impulsionou a escrever sobre o que me atrai nesse cenário que se desenha em torno das lideranças femininas.
Tomada de decisões
O exercício do ouvir, por meio de uma escuta empática, nos faz refletir sobre os caminhos e a história de cada uma e, do compartilhamento, percebemos o quanto nossas escolhas devem ser valorizadas e respeitadas, sem julgamentos sobre uma atitude tomada. Não há o certo ou o errado, o que importa é a realização que se constrói sobre o caminho escolhido.
Essa legitimação do direito de escolha de forma natural traduzido por equidade, se faz então presente quando compreendemos as necessidades dos papéis e espaços de cada um, observando sempre os impactos desse respeito ao coletivo. Quando nós mulheres conseguimos perceber a representatividade das nossas escolhas, conseguimos protagonizar e vivenciar caminhos mais abertos.
O diálogo sobre equidade já está em evidência, em diversas esferas sociais, tanto na política, no âmbito religioso, no mercado de trabalho, quanto na ciência. É um caminho de unicidade social, um viés que atua em camadas diferentes, mas com o mesmo fim: o de fazer com que nós, mulheres, possamos compreender a importância de seguir nosso caminho e valorizar nossas escolhas.
Mulheres na liderança
No mercado, as marcas se movem para o conceito de valorização da escolha profissional feminina, abrindo um viés de que podemos chegar onde estivermos dispostas a chegar. A Mattel, uma das maiores fabricantes de brinquedos do mundo, por exemplo, criou uma coleção para o Time de Campanha 2020 da Barbie que inclui candidata negra à presidência dos EUA, coordenadoras de campanha além de uma eleitora. O fato de permear nesse sentido possui uma articulação muito mais profunda, que enfatiza o poder da diversidade sobre as esferas sociais.
Entidades sociais importantes também despontam para essa visão. Pela primeira vez na história, o Papa Francisco nomeou seis mulheres para o Conselho de Economia do Vaticano. O Pontífice prometeu maior equilíbrio de gênero nas funções administrativas da cidade-Estado, e agora as mulheres são a maioria entre os integrantes não-religiosos do organismo internacional que fiscaliza as finanças da Santa Fé.
Dias atrás tivemos outro movimento disruptivo em relação ao papel das mulheres nas lideranças. A Bayer, multinacional alemã, anunciou mudanças no quadro de gestão da divisão agrícola no Brasil. A executiva Malu Nachreiner assumiu o cargo de Líder da Divisão Crop Science. E assim, a Bayer se torna a primeira multinacional do setor a ter uma mulher no comando no País.
O mundo nos abre oportunidades, quando estamos preparadas a vivenciá-las. Essa preparação requer comprometimento e atenção com nossas ações.
No campo da ciência, uma médica de atitude protagonista e vanguardista se desponta. Dra. Marise Samama, Médica Ginecologista e referência em Reprodução Humana dentro e fora do Brasil, promove diálogos libertadores através do Grupo de Mulheres na Ciência da Unifesp desmistificando o conhecimento sobre Reprodução Assistida e trazendo à consciência caminhos esclarecedores sobre a maternidade. Dra. Marise também incentiva a mulheres a doarem seus óvulos proporcionando assim outra mulher a realizar o sonho de ser mãe. Uma corrente do bem se inicia!
Existe sempre a opção de ajudar alguém, doe, ajude a outra pessoa que não teve a mesma possibilidade que você. Essa é uma atitude altruísta que pouco a gente vê! (Dra. Marise Samama)
E finalizo apontando uma grande inspiração: Malala Yousafzai, a mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz, símbolo da luta pelo direito à educação das meninas, sobrevivente da violência extremista do Talibã.
“Um dia vamos acordar e ver todas as meninas, no Brasil e no mundo, na escola. Sem medo de estudar, com educação de qualidade, sem sofrer discriminação, sem ser obrigada a casar ou enfrentar trabalho infantil. E podendo sonhar com o que quiser – ser médica, policial ou qualquer outra coisa”.
E essa reflexão nos faz compreender o poder de estarmos preparadas para fazer as nossas escolhas e o quanto esse poder define nossos caminhos.
Muito obrigada mais uma vez ao Comitê de Diversidade da Mondelez, pela oportunidade de refletir, compartilhar e juntos progredir!
*Tatiana Gracia é referência em comportamento de consumo. Atua há mais de 20 anos em empresas multinacionais, liderando projetos desafiadores que buscam direcionar marcas e inovações a partir da compreensão do comportamento humano. É Professora da disciplina Comportamento do Consumidor no MBA de Marketing da Fundação Getúlio Vargas, mentora de startups e atualmente ocupa posição de liderança na Mondelez Brasil como Diretora de Excelência de Marketing.