A Serasa lançou uma nova ferramenta para avaliar boas práticas de ESG de produtores rurais – pessoa física – com o objetivo de auxiliar a tomada de decisão de concedentes de crédito, fornecedores e até consumidores. Assim, entidades financeiras terão mais condições de fazer uma análise de risco combinando fatores de crédito, que a Serasa já tradicionalmente trabalha, com o monitoramento do cumprimento de boas práticas de governança ambiental, social e corporativa.
Inicialmente o Score ESG só estará disponível para pequenos produtores rurais. Grandes bancos já começaram a testar a ferramenta, que também pode ser útil para distribuidoras que compram desses produtores tenham mais conhecimento sobre sua cadeia de valor, assim como consumidores atentos a opções responsáveis de consumo.
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“Além da análise da capacidade de pagamento do produtor rural, se tornou importante focar em um risco que é principalmente ligado à imagem, à reputação e, consequentemente, a poder ou não negociar produtos de crédito”, explica Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa.
É a primeira vez que a Serasa tem um estudo robusto que quantifica a percepção de boas práticas. O Score ESG busca dar mais transparência às cadeias produtivas do agronegócio com os relatórios de conformidade sobre as práticas socioambientais de produtores rurais e, em paralelo a isso, é uma reafirmação do compromisso da própria Serasa.
“Quando avaliamos risco, é preciso considerar também essa dimensão. Más práticas de ESG podem ser graves e ameaçar a viabilidade da produção rural. Conseguimos quantificar esse conceito para identificar como se comporta a população de produtores brasileiros do ponto de vista do ESG”, explica Pimenta.
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Como funciona o Score ESG
O Score ESG é uma pontuação de zero a 1000, em que é classificado o risco dos produtores rurais a parir de suas práticas de governança. A escala, assim como o score de crédito já consolidado da Serasa, abaixo de 400 considera os produtores de alto risco. Entre 400 e 600 pontos, risco intermediário. Isso significa que, dependendo da política de crédito do credor o comprador pode ou não aceitar uma produção com esse tipo de apontamento.
Os que têm um score acima de 600 pontos são considerados produtores seguros, com quem se pode fazer negócios, porque do ponto de vista socioambiental ele cumpre completamente a legislação.
O risco médio pode incluir dívidas trabalhistas, infrações ambientais notificadas pelo Ibama, enquanto situações de risco mais grave podem incluir invasão de terras indígenas ou quilombolas, trabalho análogo à escravidão e infrações ambientais muito graves que colocam a produção em risco alto de ser recusada por compradores nacionais e internacionais.
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Alto risco atinge apenas 1% dos produtores rurais
A Serasa fez um amplo levantamento com 5 milhões de produtores rurais. Destes 1,6 milhão solicitaram crédito formal e a análise foi feita com uma amostra de 10% deste universo. Os dados revelaram que 1% dos produtores rurais concentram as infrações socioambientais graves, como embargos ambientais e trabalho escravo, que somam R$ 90 bilhões em multas – o que pode inclusive colocar credores e seguradoras em uma situação de vulnerabilidade.
“A grande notícia é que 99% são aderentes às práticas ESG, mas tem aquele 1%. E quando a gente estratifica esse 1%, vemos resultados chocantes, o que os torna um score de alto risco”, revela o head de agronegócio da Serasa.
Esse 1% de score ESG de alto e médio risco responde por 100% de todos os problemas relacionados a embargo, todos os problemas relacionados a trabalho análogo à escravidão, 35% de todas as infrações ambientais registradas pelo Ibama no país, e a 14,5% de todos os processos judiciais.
Pimenta ainda aponta uma contradição que o Score ESG pode ajudar a equilibrar. Esse 1% tem um score de crédito alto, acima de 800, e muito provavelmente estão nos portifólios dos maiores credores do Brasil.
“O crédito privado está ganhando espaço na cadeia do valor do agro. Instituições privadas estão investindo mais em financiamento de operações e precisam automatizar. Utilizar recursos como esse, de nota de crédito com nota de ESG para aumentar as garantias”, destaca finaliza head de agronegócio da Serasa, Marcelo Pimenta.
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